Covid-19: Brasil chora 250 mil mortos. Mundo tem queda de casos e óbitos

Um ano após chegada da pandemia no país, negligência de Bolsonaro deixa um saldo de mortos que equivale a cinco vezes as vítimas da Guerra do Paraguai. “Tínhamos tudo para ter enfrentado de frente a pandemia e salvado vidas. Hoje temos 250 mil mortos e uma política genocida que nos coloca em um dos últimos lugares no combate mundial à pandemia”, lamenta o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). “Todo o mundo vai testemunhar a devastação épica que o SARS-CoV-2 pode causar quando nada é feito de verdade para contê-lo”, adverte o neurocientista Miguel Nicolelis

Site do PT

Um ano após o registro do primeiro caso de Covid-19 no país, a população vive uma tragédia sem precedentes na história recente, com a perda de mais de 250 mil vidas brasileiras. A negligência de Jair Bolsonaro deixa um doloroso saldo que equivale a cinco vezes as vítimas da Guerra do Paraguai. O conflito durou seis anos. Nesta quarta-feira (24), o Brasil registrou 250.036 óbitos. Em um dia, o país perdeu 1.390 vidas e registrou a terceira maior média móvel desde o surgimento da doença.

“Tínhamos tudo para ter enfrentado de frente a pandemia e salvado vidas. Hoje temos 250 mil mortos e uma política genocida que nos coloca em um dos últimos lugares no combate mundial à pandemia”, disse o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), em inflamado discurso na Câmara, na noite desta quarta-feira (24). “Bolsonaro deve ser responsabilizado”, reagiu Padilha.

O deputado e ex-ministro da Saúde criticou duramente a lentidão das vacinações enquanto o país perde mais de mil vidas todos os dias. “É irresponsabilidade de Bolsonaro e Pazuello o número de apenas 6 milhões de vacinados, uma vez que o Ministério da Saúde rejeitou a oferta de 70 milhões de doses de Pfizer”, acusou Padilha. “Poderíamos ter os profissionais da Saúde e da educação vacinados neste momento. Bolsonaro é culpado”, sentenciou.

Segundo o consórcio de veículos de imprensa, das dez maiores médias móveis de óbitos em toda a pandemia, seis foram registradas em 2021. Com a vacinação engatinhando e o aparecimento de novas cepas do vírus em várias regiões, o quadro deve piorar, avaliam especialistas. “Neste momento, o Brasil é o maior laboratório a céu aberto onde se pode observar a dinâmica natural do coronavírus sem qualquer medida eficaz de contenção”, observa o neurocientista Miguel Nicolelis.

A análise dos números  de fato revela um quadro desolador: somente em 2021, portanto, em menos de dois meses, o Amazonas ultrapassou o total de mortes do ano passado no estado. Foram 5.288 óbitos neste ano e 5.285 em 2020. UTIs da rede pública e privada de várias capitais e cidades menores entraram em colapso.

Devastação épica

“Todo o mundo vai testemunhar a devastação épica que o SARS-CoV-2 pode causar quando nada é feito de verdade para contê-lo”, advertiu Nicolelis, recentemente, pelo Twitter.

“Além de os dados já apontarem para uma piora com relação ao momento mais crítico de 2020, a tendência é de aumento dos índices epidemiológicos”, alerta o matemático da Unesp, Wallace Casaca. “Existe o temor da circulação de novas cepas, mais agressivas e que com maior capacidade de disseminação”, declarou Casaca, em depoimento ao ‘Estado de S. Paulo’. Wallace é um dos responsáveis pela plataforma SP Covid-19 Info Tracker. 

Mesmo em quadro de estabilidade, o número de mortes segue alto por aqui, com uma variação de 4%. A expansão desenfreada da Covid-19 coloca o Brasil na direção contrária ao resto do mundo, inclusive de países que há poucos meses eram epicentros da pandemia, caso dos EUA.

Contaminações mundiais caem pela 6ª semana

Com o avanço das vacinações, a pandemia do novo coronavírus começa a dar sinais de um pequeno arrefecimento no planeta. Boletim das Nações Unidas informa, nesta quarta-feira (24), que o número de contaminações mundiais caiu pela sexta semana seguida. Também houve queda do número de óbitos pela segunda semana. Desde janeiro, a queda chegou a 11% em relação a novos casos.

De acordo com a agência ONU News as Américas lideraram a queda nos registros, com quase 19%, seguidos pelo Pacífico Ocidental (9%), Europa (8%) e África (2,4%).  Já no Mediterrâneo Oriental e no Sudeste Asiático houve crescimento de de 6% e 2% respectivamente.  

Entidades defendem vacinas como bem público

Diante da gritante desigualdade das vacinações entre países ricos e pobres, a luta pelo acesso universal aos imunizantes contra a Covid-19 tem sido intensificada por entidades e organizações não governamentais. Depois da Cruz Vermelha, o Comitê Internacional de Bioética da Unesco e a Comissão Mundial sobre a Ética do Conhecimento Científico e Tecnologia reivindicam que a vacina seja considerada um bem público. 

Após reunião com o diretor- geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Ghebreyesus, nesta quarta-feira (24), representantes das entidades pediram “uma mudança de direção nas atuais estratégias de imunização”.

De acordo com documento conjunto redigido pela Unesco e a Comissão, as indústrias farmacêuticas têm a responsabilidade de compartilhar a propriedade intelectual, com o apoio dos governos, para possibilitar uma democratização no acesso às vacinas.

Além disso, argumentam as entidades, devem ser levados em conta “a igualdade, a equidade, a proteção contra vulnerabilidade, a reciprocidade e o melhor interesse das crianças”.

Nesta quarta, Gana recebeu as primeiras vacinas do consórcio Covax, iniciativa da OMS para garantir acesso rápido e equitativo a imunizantes. Cerca de 600 mil doses da vacina AstraZeneca foram entregues ao governo local, tornando o país africano o primeiro a receber doses do consórcio.

Da Redação, com ‘Estado de S. Paulo’ e ‘ONU News’

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