Crise é criada e mascarada pela mídia, afirmam especialistas

Segundo presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, já são cerca de 50 mil profissionais da área fora do mercado

Barão de Itararé

Debate no Barão de Itararé

A atuação da mídia tradicional brasileira em relação à crise do país foi debatida por especialistas, nesta sexta-feira (31), no Centro de Mídias Alternativas Barão de Itararé.

A economista e professora da USP Leda Paulani, reforçou quem “antes de se falar da crise que hoje não está nos jornais, tem que se falar primeiro da crise que estava nos jornais e não existia”. Ela explicou que, a partir de resultados negativos da economia em 2014, começou-se a construir um panorama muito pior do que aquele que realmente existia.

“Houve resultado negativo das contas em 2014 porque a economia sofria impactos da terceira onda de problemas da crise internacional, que foi a redução dos preços das commodities”, explica ela. De acordo com a economista, ocorreu uma combinação de fatores com o esgotamento de modelo econômico baseado no consumo, mas a mídia abordou o tema de maneira apocalíptica.

“A relação dívida sobre PIB ficou em 62%, mas a média de países como os Estados Unidos e a Europa é 100%, no Japão é 200%”, explica a economista. Para ela, foi feito um terrorismo midiático para Aécio Neves (PSDB) ganhar as eleições. Ela lembrou que isso não foi totalmente eficiente, “mas funcionou a ponto de Dilma chamar Joaquim Levy para a Fazenda, o que ajudou a afundar a economia”. Ela avalia que “a mídia teve papel fundamental” neste processo.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) também esteve presente no debate e afirmou que “o liberalismo está falindo o mundo e não podemos desanimar”. Para ele, o projeto “Ponte para o Futuro”, do PMDB, é uma tentativa neoliberal de acabar com o estado de bem estar social, além de ser “dependentista”.

De acordo com Requião, o capital financeiro precisa de um tripé para se sustentar: precarização do estado, dominação do processo eleitoral, “como vemos na Lava Jato” e precarização do trabalho, que se coloca nas reformas de Temer.

Ele defende que “o povo está mobilizado pela consciência do peso do risco da perda de carreira”. “Estamos no limiar do fim do processo. Estamos para encerrar este ciclo e a retomada do desenvolvimento é facílima”, disse.

Com uma visão menos otimista, o presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), Murilo Pinheiro, retratou um pouco do atual desmonte das grandes empresas de engenharia nacionais.

Segundo Pinheiro, já há aproximadamente 50 mil profissionais qualificados da engenharia fora do mercado. “Depois da Lava Jato, da discussão da Petrobras, as empresas de engenharia que exportavam tecnologia, trabalhavam em muitos países, praticamente acabaram. A corrupção tem que ser punida, não as empresas”, defendeu ele. De acordo com o presidente de SEESP, para cada empresa grande, há cerca de 50 a 100 empresas menores que são afetadas pela crise.

“A terceirização é o princípio do fim da reforma trabalhista. A partir aí está feito”. Pinheiro conta que, em resposta, está se criando um movimento de categoria chamado “engenharia unida”. “Entendemos que precisamos nos unir e discutir essas questões para brigar, lutar”.

Confira a íntegra do debate:

A crise que não sai nos jornais

Um dos principais argumentos dos setores conservadores e do oligopólio midiático para a destituição da presidenta Dilma Rousseff foi a urgência de buscar uma saída para a crise econômica. Seis meses depois, as promessas do governo liderado por Michel Temer e o otimismo apregoado pelos grandes meios de comunicação parecem ter fracassado: a crise só agrava. Discutir este cenário é a proposta do debate A crise que não sai nos jornais, marcado para o dia 31 de março, às 19h, no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Rua Rego Freitas, 454, conjunto

Publicado por Fundação Perseu Abramo em Sexta, 31 de março de 2017

 

Por Pedro Sibahi, da Agência PT de Notícias

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