Crise não é desculpa para cancelar metrô em SP, afirma deputado Luiz Turco

Linha que ligaria a capital à segunda maior cidade do Estado tem obra suspensa por pelo menos um ano

Foto: duAmorim/A2 Fotografia

Quem mora ou trabalha em Guarulhos começou 2016 com uma notícia ruim: o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou o início das obras que ligariam São Paulo (Linha 2-Verde) até o município vizinho. A suspensão terá duração de pelo menos doze meses. Alckmin alega incertezas da economia. Para o deputado estadual Luiz Turco (PT-SP), nenhuma adversidade econômica deve ser justificativa, pois o projeto de extensão da Linha 2-Verde foi apresentado há 11 anos pelo governo com a promessa de estar pronto até 2020. Com essa medida, já são quatro as linhas de transporte adiadas pelo governo do estado de São Paulo desde 2014.

“A crise econômica acaba servindo de desculpa para qualquer coisa. Mas há quantos anos o PSDB está no governo?”, critica. Ele revela também que a bancada do PT tentou apresentar alternativas quando se discutiu a lei orçamentária, mas foram bloqueadas pela bancada governista. A suspensão foi publicada no Diário Oficial em 31 de dezembro.

Segundo dados do Metrô, com a linha completa em operação, de Vila Madalena até Guarulhos, a previsão é de 1,7 milhão de passageiros transportados diariamente. Ou, melhor, seria. Guarulhos é, depois da capital, a cidade mais populosa do Estado de São Paulo, com 1,2 milhão de habitantes.

As outras suspensões aconteceram nos monotrilhos da Linha 15-Prata (zona leste de São Paulo), que ligaria São Mateus à Cidade Tiradentes, da Linha 17-Ouro (zona sul), do Morumbi até Jabaquara e a Linha 18-Bronze, de São Paulo ao ABC. “É evidente que temos uma má gestão do transporte público no estado de São Paulo”, diz Luiz Turco.

Em 1997, dados oficiais estimavam que São Paulo deveria ter uma rede metroviária de 163 quilômetros de extensão em quatro anos para atender à demanda dos cidadãos. Quase duas décadas depois, a rede possui 68,5 quilômetros. Para 2014, havia a promessa de entrega de quatro estações que estão em obra ainda: Higienópolis-Mackenzie, São Paulo-Morumbi, Oscar Freire, Vila Sônia.

O metrô da Cidade do México, por exemplo, foi inaugurado em 1969 – um ano depois de São Paulo – e realizou expansões e possui 225 quilômetros de extensão, com 195 estações.

O deputado Teonílio Barba (PT-SP) lamenta que a administração estadual tenha realizado cortes de orçamento, que estão prejudicando setores fundamentais, como educação e transporte público. “Eles vêm adiando a questão do metrô, que era para 2008, depois passou para 2014, agora mudou para 2017 ou 2018. É o método tucano de governar. Realizaram só 37 quilômetros de metrô em vinte anos de governo. É muito pouco”, disse.

Já Luiz Turco acredita que, se o governo do estado continuar neste ritmo, não conseguirá chegar a 100 quilômetros tão cedo. “Se falar isto fora do Brasil, ninguém vai acreditar”, diz.

Barba e Turco criticaram também a medida de Alckmin de impor sigilo por 25 anos a dados da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e do Metrô. A repercussão negativa fez com que o governo tucano retrocedesse. Mas, no caso da Sabesp e da Segurança Pública, foi mantido o sigilo. “Querem nos proibir de pedir informações. Mas todo cidadão tem direito de saber o que está acontecendo”, afirma Turco.

Integrante da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável, Turco avalia como preocupante a omissão de dados da rede de água e esgoto no estado, principalmente por conta da falta de água.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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