Dirigente petroleira defende investimentos estratégicos na Petrobras

Sindicalista reforça as críticas ao pagamento de super-dividendos a acionistas, concentração da produção e venda de petróleo cru e o abandono da transição energética pela empresa

Míriam Cabrera, presidenta do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul - Foto: Reprodução

Em entrevista nesta terça-feira (14) ao Jornal PT Brasil, a presidenta do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul, Miriam Cabreira, reforçou as críticas aos altos dividendos pagos pela companhia aos seus acionistas. Durante o governo Bolsonaro, os acionistas da Petrobras receberam quase seis vezes mais dividendos do que a média registrada nos quatro últimos governos.

“Na verdade, não tem nem sentido empresarial fazer o que a Petrobras fez, porque se comparar a empresa com outras que atuam no setor de petróleo e gás do mesmo porte não existe nenhuma que tenha feito uma distribuição de dividendos tão alta”, afirma a presidenta do sindicato.

Segundo Miriam, as empresas de petróleo e gás se preocupam em manter reservas, em reinvestir, porque é um setor que tem certa demora no retorno dos investimentos.

“A gestão anterior fez tudo o que não se faz, como focar somente na exploração e venda de petróleo cru, ao invés de diversificar sua atuação dentro ramo petroquímico, ou até para além do ramo, como por exemplo na transição energética como várias empresas no mundo festão fazendo”, diz Miriam.

De acordo com ela, do ponto de vista estatal, de uma empresa que foi criada para suprir as necessidades do povo brasileiro, com o objetivo de abastecer um país de proporções continentais com um preço justo, nem isso a Petrobras fez. Pelo contrário, a empresa andou por caminhos bem diferentes.

A sindicalista denuncia ainda a tentativa do governo passado de destruir a empresa. “Na verdade, o que foi feito foi uma tentativa de destruição da Petrobras, na medida em que eles venderam tudo que puderam vender, sob a alegação de que tinham que pagar dívidas enormes, mas na realidade o que fizeram foi lançar isso como lucro e pagaram altos dividendos aos acionistas”.

Também, segundo ela não foi reservado dinheiro para que a Petrobras pudesse continuar sendo uma empresa de energia e atuasse dentro da transição energética. Para se ter ideia do baixo investimento realizado pela gestão anterior da Petrobras, em 2022 a empresa investiu apenas 9,8 bilhões de dólares, apesar de ter obtido um dos maiores lucros do mundo, que foi de 34,4 bilhões de dólares.

“Este investimento tão baixo gera consequências graves para a empresa e para o país. A Petrobras parou de investir em outros setores, como o refino de petróleo, produção de fertilizantes e na transição energética” – ao contrário dos governos do PT.

A dirigente dos petroleiros lembra que o lema da empresa durante os governos petistas era “o desafio é a nossa energia”, mas a partir do governo Temer isso mudou”.  “Eles partiram da ideia de que deveria investir na exploração do pré-sal porque era o artigo de maior rentabilidade e então tiram o petróleo do fundo do mar e o vendem cru”, destacou Miriam na entrevista.

“Essa foi a estratégia desenvolvida por Temer e Bolsonaro, mas nem nisso eles investiram a contento porque deveriam ter feito maiores investimentos, mas reservaram valores inferiores ao necessário para tal”, denuncia a sindicalista.

“Então o que foi feito nos últimos anos foi algo de extremo curto prazo, que era gerar altos rendimentos e distribuir isso como dividendos. Não foi pensado algo de sustentável no longo prazo”.

Para concluir, diz, “não investiram nem mesmo para tornar a Petrobras como uma produtora de petróleo e muito menos como uma empresa de energia, como têm se tornado as demais do setor no mundo. Muito pior, a Petrobras perdeu vários ativos”.

Expectativas com a nova gestão

Míriam Cabreira abordou também as expectativas da categoria dos petroleiros para com a nova gestão da Petrobras no Governo Lula, agora presidida por Jean-Paul Prates.

“Imediatamente, o que precisa ser feito é mudar a atual política de preços dos combustíveis e principalmente do gás de cozinha, que é o mais social que existe, já que as famílias dependem dele. Baixar o preço do gás de cozinha não traz tanto impacto no caixa da Petrobras como outros combustíveis. Isso nós já vimos defendendo desde antes do novo governo. Felizmente, o novo presidente já manifestou que irá conduzir uma nova forma de preços”, lembrou.

Míriam também enfatizou que a Petrobras precisa reinvestir em setores estratégicos como o refino, retomar a produção dos fertilizantes nitrogenados – que o governo Bolsonaro abandonou e nos tornou totalmente dependentes da importação – e investir na transição energética, segura, justa, com tecnologia que desenvolva o conhecimento em nosso país, sendo que o presidente Jean Paul Prates já anunciou que irá criar um departamento para cuidar da questão. “A Petrobras tem todas as condições de ser uma liderança mundial na questão da transição energética”, complementou.

“A categoria dos petroleiros irá cobrar que a Petrobras tenha esse papel estratégico, de desenvolvimento social e econômico e de servir ao povo brasileiro. Para isso vão manter a mobilização nacional sempre em defesa”, finalizou a presidenta do Sindpetro do Rio Grande do Sul.

Da Redação

 

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