É preciso “desmilitarizar” as forças policiais brasileiras

Para Gleisi Hoffman, o Estado é responsável pela atual situação de conflitos no país ao orientar as forças policiais “para a guerra” contra “inimigos internos”. A incorporação das regras militares “faz com que os policiais atuem sob a figura da eliminação, não do diálogo”, adverte Pedro Paulo Chaves, um dos coordenadores do Movimento Nacional dos Policiais Antifascistas.

Albari Rosa

Deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT

A defesa de uma polícia cidadã, contrária a uma polícia de guerra, sintetizou o debate realizado domingo entre a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffman (PR), e Pedro Paulo Chaves (Pedro Che), um dos membros da Movimento Nacional dos Policiais Antifascistas. No debate, Gleisi afirmou que a sociedade tem que ter respeito pelos policiais, que são trabalhadores, mas que é preciso superar a militarização da segurança pública. Para Pedro Paulo, quando se fala em “fim da polícia militar” não significa acabar com os empregos, ou de uma polícia desarmada, mas de uma polícia fora do regramento militar. Para os dois, o país precisa de uma polícia que seja respeitada e não temida.

Para Gleisi, o Estado é responsável pela atual situação de conflitos no país ao orientar as forças policiais “para a guerra” contra “inimigos internos”. No que concorda o coordenador do movimento de policiais antifascistas. “O militarismo tem conteúdos próprios úteis, como defesa da soberania, das fronteiras, contra inimigo externo”, destaca. O que, no entanto, “não serve para o relacionamento interno no âmbito democrático”, segundo ele. A incorporação das regras militares “faz com que os policiais atuem sob a figura da eliminação, não do diálogo”, adverte. “Ou seja, contra o inimigo interno, que hoje  são as manifestações, os estudantes, os trabalhadores, as minorias”, conclui.

Pedro Paulo Chaves (Pedro Che), um dos coordenadores do Movimento Nacional Antifascista. Foto: Divulgação

Superar lógica de guerra social

Para Gleisi e Pedro Paulo, é preciso construir outra maneira de tratar o tema da segurança pública na sociedade brasileira. Segundo eles, uma segurança que seja resultado de um amplo debate com a sociedade, que afirme uma política pública, de proteção das pessoas, e interrompa a lógica da guerra social, da eliminação. De acordo com Gleisi, a segurança pública é um dos temas fundamentais para a reconstrução do Brasil, que o PT está realizando para apresentar à sociedade. Citando a PEC 51, de autoria do ex-senador Lindberg Farias, Pedro Paulo reafirmou propostas importantes como a desmilitarização, carreiras únicas, ciclo completo das investigações e mudança na política de encarceramento, entre outras.

“A sociedade tem que ter respeito pelos policiais, que são homens e mulheres, trabalhadores, do povo, que ganham um salário muito aquém, colocando sua vida em risco”, destacou Gleisi.  No entanto, é preciso promover profundas mudanças para alterar o quadro atual, em que são apurados apenas entre 6 e 8 casos de homicídios, enquanto o Chile, como exemplo, o percentual é 87% dos casos. Ou, mais grave ainda, a realidade que faz do Brasil um dos países mais violentos do mundo, com 1 em cada 10 homicídios registrados no planeta. Para avançar, de acordo com os debatedores, é preciso superar a visão de guerra, estimulada pelo governo Bolsonaro.

Da Redação

Leia o manifesto dos Policiais Antifascistas

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