Efeito Lula: CNI prevê superávit comercial recorde do Brasil em 2023

Saldo positivo deve ficar em US$ 73,7 bilhões, segundo a entidade, que prevê também 3,3% de crescimento do PIB

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Segundo a CNI, o comércio exterior brasileiro vem apresentando uma dinâmica favorável, que contribuirá positivamente para o crescimento do PIB em 2023

O ano de 2023 chega na reta final com um acumulado de boas notícias para a economia brasileira. Uma das mais recentes vem do Informe Conjuntural do 3º trimestre, divulgado, nesta quarta-feira (11), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade projeta que o país deve registrar neste ano o seu maior superávit comercial da história, com a previsão de que as exportações cheguem a US$ 331 bilhões, e as importações, a US$ 257,3 bilhões, totalizando um saldo positivo de US$ 73,7 bilhões.

Segundo a CNI, o comércio exterior brasileiro vem apresentando uma dinâmica favorável, que contribuirá positivamente para o crescimento do PIB em 2023.

O informe destaca que, no acumulado do ano até setembro, as exportações ficaram estáveis, com queda de 0,1% em relação ao mesmo período de 2022. Ainda assim, atingiram US$ 253,0 bilhões, segundo maior valor exportado para os primeiros nove meses do ano, considerando a série histórica, que tem início em 1997.

A CNI registra ainda que a ampliação do volume exportado (+8,9%) tem desempenhado um papel fundamental para sustentar esse cenário positivo, em especial as quantidades embarcadas de soja, milho, petróleo e minério de ferro. Em sentido oposto, os preços das exportações vêm registrando uma diminuição de 8,0%, na comparação de janeiro a setembro de 2023 com o mesmo período de 2022.

Segundo a entidade, apesar das exportações encontrarem-se em patamar elevado pelo segundo ano consecutivo, os valores exportados em 2022 foram impulsionados pelos preços internacionais de commodities elevados, enquanto, em 2023, os valores exportados têm sido puxados pelos aumentos nos volumes embarcados.

Já as importações estão apresentando um desempenho mais fraco ao longo de 2023, totalizando US$ 181,7 bilhões de janeiro a setembro, queda de 11,7%, na comparação com o acumulado até setembro de 2022. Segundo a CNI, isso ocorre tanto pela queda nos volumes (-2,5%) como nos preços importados (-9,0%) e reflete o desempenho modesto da demanda interna.

“Com a estabilidade das exportações em patamar elevado e a queda das importações, houve aumento de 50,3% do superávit da balança comercial, que alcançou US$ 71,3 bilhões no período de janeiro a setembro de 2023, contra o mesmo período de 2022”, detalha o informe.

PIB acima das expectativas

O informe da CNI destaca também que o PIB brasileiro “cresce mais que o previsto”, com uma expectativa de expansão de 3,3% neste ano. “Trata-se de nova revisão positiva: no primeiro trimestre do ano, a expectativa era de alta de 1,2%, percentual que já havia sido revisado para 2,1% em julho”, diz o documento.

Para a CNI, o bom desempenho da economia ocorre apesar da “política monetária restritiva” praticada pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, que insiste em manter a taxa básica de juros (Selic) em patamares extorsivos – atualmente, está 12,75% ao ano. “Observa-se, contudo, desempenhos muito distintos entre os diferentes setores da economia”, diz o informe.

Segundo a CNI, esse desempenho heterogêneo na economia se deve a diversos fatores. “Por um lado, há os efeitos da política monetária restritiva, com as taxas de juros elevadas afetando setores mais sensíveis ao crédito. Por outro lado, há forte expansão fiscal em 2023, um mercado de trabalho que segue em expansão e o crescimento dos setores primários (agropecuária e extrativa mineral)”, afirma a entidade.

Renda das famílias

O estudo avalia também que o aumento do gasto público e programas sociais como o Bolsa Família têm ajudado a sustentar setores mais sensíveis à renda, como os serviços prestados às famílias e o volume de vendas em supermercados. “A dinâmica favorável dos mercados de commodities vem afetando positivamente setores como a agropecuária e a indústria extrativa”, afirma a CNI.

Outro destaque é para o mercado de trabalho, que segue aquecido, com “sustentação do crescimento tanto do número de pessoas ocupadas como da massa de rendimento real, além da manutenção da taxa de desemprego em níveis historicamente baixos”. Segundo a CNI, “esse desempenho ajuda a sustentar o consumo de atividades sensíveis à renda das famílias. Esperamos que a massa de rendimento real cresça 6,3% em 2023, ante 2022, permitindo a sustentação do consumo, sobretudo das atividades mais sensíveis à renda das famílias”.

Inflação

O informe da CNI traz ainda as projeções para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A expectativa é que o IPCA feche o ano em 4,9%.

A avaliação é de que “o cenário seguirá com desaceleração da inflação corrente e expectativas de inflação próximas da meta, sinalizando um processo de convergência em 2024 e, sobretudo, em 2025”.

Já para a taxa Selic, a expectativa da CNI é de que ela encerre 2023 em 11,75% ao ano, contra o índice atual de 12,75%. A entidade espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) faça mais dois cortes de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões que restam em 2023, levando a taxa básica de juros para 11,75% ao ano.

Da Redação

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