Efeito perverso: Bolsonaro aniquila poder de compra de 90% das profissões

“A inflação gera um processo corrosivo nos nossos salários”, aponta o chefe do levantamento da CNC. “O povo sofre com inflação alta e salário menor e Bolsonaro aumenta o próprio salário”, diz Humberto Costa

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A inflação de Guedes e Bolsonaro arrasou o poder de compra dos salários

No caos de seu desgoverno, Jair Bolsonaro cristalizou-se como um fenômeno de geração de inflação, desemprego e queda na renda, uma espécie de tripé dos horrores que virou o principal instrumento do aumento da desigualdade no país. Um levantamento da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que a queda do poder de compra que já virou marca da dupla Bolsonaro-Guedes atingiu 90% das profissões entre março de 2021 e março deste ano.

A inflação desenfreada do banqueiro da Economia Guedes durante esse período, de cerca de 11,7%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve efeito devastador para os trabalhadores. Em apenas 12 meses, o poder de compra despencou 8,1%. A CNC considerou 140 profissões que cobrem 72% dos trabalhadores que atuam no mercado hoje.

Como um bom patrocinador do aumento da pobreza,  Bolsonaro mira nos trabalhadores de menor escolaridade. De acordo com o estudo, a profissão mais afetada pela desvalorização dos salários foi a de faxineiro, que viu aniquilado 16% do seu poder de compra. Motoristas de ônibus também foram afetados, com quase 4% de erosão nos salários.

“Com Bolsonaro, o salário mínimo perdeu poder de compra”, acusa o senador Humberto Costa (PT-PE). “Mas enquanto o povo sofre com inflação alta e salário menor, Bolsonaro decidiu aumentar o próprio salário e dos seus comparsas”, denuncia. “Jair gasta, o Brasil paga”.

Ainda de acordo com o levantamento, poucas profissões obtiveram êxito em melhorar o poder de compra, com ganhos acima da inflação, como a de profissionais de tecnologia da informação e os médicos. Por causa da pandemia, por exemplo, os profissionais de saúde passaram a ser mais requisitados e, com isso, os salários foram valorizados em 16%.

“A inflação gera um processo corrosivo nos nossos salários”, reconheceu o coordenador da pesquisa, Fábio Bentes, em declaração à CNN. “Não podemos avaliar somente o quanto os vencimentos cresceram, mas quanto eles subiram considerando a inflação”, explicou Bentes.

“Para você ter um aumento real de renda, o salário precisa romper a barreira da inflação. Na prática, atualmente, podemos dizer que somente uma em cada dez profissões no Brasil consegue vencer a inflação”, apontou.

Achatar salários é política levada à sério por Bolsonaro

Bolsonaro leva tão à sério sua política de achatamento do salário mínimo que conseguiu a “proeza” de ser o único presidente, desde a implantação do Plano Real, em 1994, a fechar o mandato com o salário mínimo valendo menos do que na posse, em 2019.

Assim, o quadro analisado pelo pesquisador difere radicalmente do Brasil na época das gestões de Lula e Dilma, que valorizaram um aumento real do salário mínimo.

De 2004, quando o valor do salário mínimo era de R$ 260,00, a 2016, a política de valorização do salário mínimo adotada pelos governos do pT promoveu um aumento real de 74,33% nos rendimentos. Se nesse período tivesse sido aplicada a política nefasta de Bolsonaro e Guedes, o piso nacional em janeiro de 2020 teria sido de R$ 599.

A política foi resultado de negociação entre as centrais sindicais e o governo Lula a partir das Marchas a Brasília, realizadas anualmente até 2009. As duas primeiras, em 2004 e 2005, conquistaram reajustes expressivos para o salário mínimo nos anos seguintes. Estabeleceu-se um longo processo de valorização que de 2004 a 2019 significou reajuste acumulado de 283,85%, enquanto a inflação (INPC-IBGE) foi de 120,27%.

Em 2004, o salário mínimo foi reajustado em 8,33%, enquanto o INPC atingiu 7,06%. Em 2005, a correção foi de 15,38%, contra inflação de 6,61%. Em 2006, a inflação correspondeu a 3,21% e o reajuste alcançou 16,67% – aumento real de 13,04%.

Da Redação, com CNN

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