Em 13 dias, 67 casos de feminicídio foram registrados no Brasil

Entre crimes consumados e tentativas, a média é de mais de cinco casos por dia, e isso só nos 13 primeiros dias do ano de 2019

Agência Brasil

67 casos foram registrados nos 13 primeiros dias de 2019

Nos 13 primeiros dias do ano de 2019 foram registrados em média mais de cinco casos de feminicídio por dia, entre consumados e tentativas, com um total de 67 registros. Os dados são de um levantamento feito pelo pesquisador e doutor em Direito Internacional pela USP, Jefferson Nascimento, que teve como base os noticiários.

No mesmo período no ano de 2017, uma pesquisa semelhante indicou que o índice era de 2,59 casos por dia, segundo o jornal O Globo.

O número de feminicídios vêm crescendo significativamente ano após ano. Em 2017 o Ligue 180 recebeu 229 denúncias mensais de tentativa de homicídios. No ano de 2018 foram 586 registros.

Para a Secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Karolyne, o momento político com o novo governo e os discursos de Bolsonaro só irão piorar o que o golpe já começou. Ela explica que bandeiras defendidas por ele, como a flexibilização da posse de armas é um ataque direto a vida das mulheres. “A nossa preocupação é que se os homens sem armas já matam as mulheres em casa, imagina com a facilidade de ter a arma ali? Isso é legalizar o feminicídio”.

O fato de Bolsonaro estar em uma posição de poder faz com que seus discursos tenham maior repercussão, e suas falas sobre as mulheres, como exemplo a declaração em que diz que mulheres devem ganhar menos porque engravidam, reforçam padrões machistas e patriarcais, o mesmo que embasa a ideia de que homens são superiores ao sexo feminino, o que pode acarretar em justificativa de violência.

“Antes e durante as eleições já havia um clima de ódio e intolerância que culminaram em diversas manifestações femininas contra as falas machistas de Bolsonaro. Desde o começo ele estimulou o ódio contra as mulheres, inclusive no caso da sua agressão contra a Maria do Rosário, e a misoginia fica clara na forma que ele fala”, finaliza Anne.

Casos de intolerância durante a campanha eleitoral

Em São Paulo, os dados de crimes relacionados a intolerância cresceram mais que o triplo dos registrados no primeiro semestre de 2018. Em média, foram 16 casos por dia, no primeiro semestre o índice era de 4,7 registros diários. Os dados foram obtidos pela Folha de S. Paulo através de boletins de ocorrência de crimes de intolerância, como racismo, transfobia homofobia, preconceito com religião, etnia e etc.

Em outubro, mês em que ocorreu o primeiro e o segundo turno das eleições, foram 568 boletins de ocorrência, mais de 18 diários.  O total de casos registrados nesse mês é equivalente a 67% do total de fichados nos seis primeiros meses do ano. E é mais que o triplo em relação ao mesmo mês de 2017: 159 registros, uma média de 5 por dia.

Os registros que mais cresceram nos meses eleitorais, foram os de intolerância religiosa: 171%. Homofobia subiu 75%, intolerância por origem: 83% e relacionados a preconceito de cor ou raça subiram 15%.

O presidente da Aliança Nacional LGBT, Toni Reis, falou em entrevista à Folha que a situação é aterrorizante. “Começaram a pipocar muitas denúncias graves. Nós sabemos que o país tem essa cultura [homofóbica], aí quando vem o presidente [Bolsonaro] e abre a porteira, os demônios saem para passear”.

Jair Bolsonaro já chegou a afirmar que preferia ter um filho morto do que um filho gay.

Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT com informações do Globo e da Folha

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