Em agenda pré-COP30, Lula visita Aldeia Vista Alegre do Capixauã
Presidente participou de roda de conversa com o povo Kumaruara, ouviu demandas e se comprometeu com ampliação de acesso a programas federais
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No domingo (2), o presidente Lula visitou a Aldeia Vista Alegre do Capixauã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, onde participou de uma roda de conversa com caciques do povo Kumaruara. A comitiva contou com as ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), além da presidenta da Funai, Joenia Wapichana.
O encontro integrou a agenda de atividades preparatórias da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), cujo primeiro grande evento será a Cúpula de Chefes de Estado, nos dias 6 e 7 de novembro.
Lula reafirmou o compromisso de manter presença constante junto aos povos originários. “Sempre acho que a gente tem que ver com os próprios olhos e pegar na mão das pessoas para sentir como é que as crianças estudam, as condições, a alimentação que as crianças têm, o que produzem, para quem vendem, se tem mercado e como fazem para levar os produtos para vender em uma cidade”, disse o presidente aos Kumaruara.
Desde que Belém foi confirmada como sede da COP30, Lula tem destacado a importância de líderes mundiais conhecerem de perto a Amazônia e a realidade dos povos que a protegem.
Ontem visitamos a casa de farinha na aldeia Vista Alegre de Capixauã. Uma atividade que gera renda para a comunidade e mantém viva uma tradição importante do povo da região. 💚🌿
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— Lula (@LulaOficial) November 3, 2025
Mulheres no comando da aldeia
Criada em 6 de novembro de 1998, a Reserva Tapajós-Arapiuns foi a primeira do Pará. Localizada no oeste do estado, abrange os municípios de Santarém e Aveiro, com área de cerca de 690 mil hectares. Na Aldeia Vista Alegre vivem 27 famílias, sob a liderança da cacique Irenilce Kumaruara, de 43 anos.
“Sou a primeira mulher cacique e não é só isso. Tenho uma junta de mais quatro mulheres coordenando a aldeia”, contou Irenilce.
Elas também administram a pousada local, referência em economia sustentável. O território Kumaruara reúne dez aldeias e cerca de três mil habitantes. A região conta com energia solar e conexão via satélite, reforçando o protagonismo das mulheres na gestão e inovação.
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Saúde, universidade e segurança energética
Durante a visita, Lula ouviu as demandas da comunidade e firmou o compromisso de ampliar o acesso a serviços básicos. Entre as prioridades estão a construção de um centro de saúde equipado, a presença regular de profissionais, ambulância e transporte. “Temos no Brasil um programa chamado Agora Tem Especialistas, para levar tudo o que for necessário e atender todo mundo da forma mais rápida possível”, explicou.
Na área da educação, o presidente anunciou a construção e ampliação de escolas padrão MEC e a criação de uma universidade indígena, com sede em Brasília e polos nos estados. “Pode ter o curso principal lá, mas os estados vão fazer extensão para os jovens próximo de onde moram”, afirmou.
Lula também prometeu soluções para garantir energia e moradia digna. “Vamos colocar luz. Não vai demorar para o ministro de Minas e Energia vir conversar. Na habitação, é preciso um levantamento de quantas moradias são necessárias, porque temos condições de trazer o Minha Casa, Minha Vida.”
O presidente lembrou ainda do compromisso histórico com a demarcação de terras indígenas. “Tenho orgulho de que não existe ninguém que já tenha demarcado mais terra indígena e feito mais reserva do que nós, mas ainda é pouco, pela quantidade de anos que o povo foi esquecido.”
A ministra Sonia Guajajara reforçou que o governo federal seguirá acompanhando de perto as reivindicações. “O que couber a nós, vamos encaminhar, e o que couber a outros ministérios, vamos articular para que a gente possa atender o máximo que puder.”
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Preservação em área 100% regularizada
Durante a visita, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, destacou o papel do território indígena no processo de assegurar a preservação da biodiversidade aliada aos saberes ancestrais. “A demarcação é importante para a vida dos povos indígenas. Temos feito ações na linha de fortalecer a autonomia, a sustentabilidade, mas também a proteção territorial. Estamos juntos nessa luta e o nosso compromisso é coletivo.”
Já Marina Silva destacou a regularização total da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, resultado da parceria entre governo, indígenas e extrativistas. Ela afirmou que a área mantém 88% de preservação e exemplifica a convivência sustentável entre comunidades e natureza.
Segundo a ministra, o atual governo reduziu significativamente o desmatamento, com quedas de 31% nas unidades de conservação em relação ao ano passado e de 74% em comparação ao governo anterior. “Isso é muito trabalho no governo do presidente Lula”, ressaltou.
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Da Redação, com Gov.br
