Familiares e vítimas da repressão protestam contra Bolsonaro

Comitê Paulista pela Memória Verdade e Justiça divulgou moção de repúdio ao deputado do PSC por suas declarações de apoio ao torturador Brilhante Ustra

Comitê Paulista pela Memória Verdade e Justiça (CPMVJ) está divulgando uma moção de repúdio ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por suas declarações de apoio à ditadura civil-militar (1964-1988) e de defesa do repressor Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo.

Em 2008, o ex-coronel se tornou o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador da ditadura e um dos responsáveis pelos crimes praticados no DOI-Codi. O nome de Ustra também consta na lista de torturadores elaborada pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

No texto, o CPMVJ, composto por vítimas e familiares de vítimas da pressão, condenou a “apologia à tortura e ao extermínio de pessoas indefesas”. “Naquele local foram torturados milhares de militantes que se opuseram ao golpe de 1964. E sob as ordens de Ustra, entre 1970 e 1974, pelo menos cinquenta deles foram assassinados. Em 2010, o coronel foi declarado “torturador” pela 23ª Vara Cível de São Paulo, em decisão depois mantida pelo Tribunal de Justiça”.

Foto: Lula Marques/Agência PT

Bolsonaro: “Nunca me orgulhei tanto de citar Ustra como no domingo” (Foto: Lula Marques/Agência PT)

Leia abaixo a íntegra da moção de repúdio:

O CPMVJ manifesta seu mais veemente repúdio à conduta do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) que, no uso de funções institucionais, durante a sessão da Câmara dos Deputados de 17/4/16, fez apologia à tortura e ao extermínio de pessoas indefesas, ao invocar a memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que por quatro anos comandou o DOI-CODI de São Paulo, um centro clandestino de detenção e terrorismo de Estado, implantado pela Ditadura Militar.

Naquele local foram torturados milhares de militantes que se opuseram ao golpe de 1964. E sob as ordens de Ustra, entre 1970 e 1974, pelo menos cinquenta deles foram assassinados. Em 2010, o coronel foi declarado “torturador” pela 23ª Vara Cível de São Paulo, em decisão depois mantida pelo Tribunal de Justiça. Seu nome consta da relação oficial de torturadores elaborada pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ao realizar tão sórdida homenagem, Bolsonaro violou frontalmente o fundamento basilar do Estado Democrático de Direito, que é o princípio da dignidade da pessoa humana, princípio que não se compadece nem com a tortura, nem com as graves violações de direitos humanos praticadas não apenas sob o comando, mas diretamente
por Brilhante Ustra.

O deputado afrontou, também, a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condenou o Estado Brasileiro a promover o direito à memória, à verdade e à Justiça, relembrando as atrocidades, para que nunca mais se repitam.

A consciência democrática exige que essa conduta seja punida, assim como devem ser punidos todos aqueles que praticaram essas graves violações em nome da Ditadura Militar e do Estado Brasileiro!

O fascismo não passará!
A luta continua!
São Paulo, 19/4/16
CPMVJ

Da Redação da Agência PT de Notícias

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