Florisvaldo Souza: PT é partido da pluralidade e democracia

Secretário Nacional de Organização do PT explica como funcionam as etapas prévias às eleições e fala de resistência ao golpe contra Dilma Rousseff

Foto: Paulo Pinto/ Agência PT

A política brasileira passa por um momento decisivo: enquanto setores conservadores tentam tirar o mandato da presidenta eleita Dilma Rousseff, a população vai às ruas contra o golpe e fica clara a disputa entre projetos políticos do passado e do futuro.

“As pessoas dizem que temos que olhar para o século 21, o século da paz, da tranquilidade. Mas, hoje, temos uma força política que está voltada para o século 19, 20. O PT tem que olhar para frente”. Esta é a avaliação do Secretário Nacional de Organização do PT, Florisvaldo de Souza.

Em entrevista à Agência PT de Notícias, o secretário afirma que o partido está crescendo e se fortalecendo, mesmo com as tentativas da oposição de enfraquecê-lo. Isto se deve à representatividade que o PT assegura, explicou.

Florisvaldo

Souza contou também como estão os preparativos para as eleições estaduais e municipais. Abaixo, a entrevista completa:

As eleições vão acontecer em outubro de 2016. Mas, desde abril, acontecem as preparações para este processo. Quais mecanismos o PT oferece para que todos tenham direito de participação assegurado?
O processo de definição começou em 4 de abril e termina com a convenção oficial, em 5 de agosto. O momento é de realização de encontros e definição de candidaturas, tanto a prefeito, prefeita, como vereadores e vereadoras.

Neste período é que se dão as definições do processo eleitoral nos municípios. Nós temos um processo de preparação de canditaduras a prefeitos e a vereadores bastante democrático. O PT é um partido onde todos os filiados podem participar: é assegurado o direito de qualquer filiado ou filiada participar do processo eleitoral e colocar seu nome à diposição.

A decisão de quem vai assumir a candidatura à prefeito ou a vereadores se dá em encontros dos partido em processo democrático. Pessoas indicando e participando dos debates e votando nas escolhas. É assegurada a participação e a escolha, pelo voto, de todas as pessoas.

Estas regras funcionam dentro do PT. Por isso, o PT mantém esta característica plural, é um partido que tem uma pluralidade. Ela está garantida porque tem normas que permitem às pessoas participar em pé de igualdade. Se não for assim, o cacique do partido indica, e o PT não é um partido que tem cacique indicando de cima a baixo. Para ser indicado, precisa ter voto.

Como são os encontros e prévias usados para definir que caminhos seguir rumo ao processo eleitoral?
Existe um encontro de tática eleitoral, que é a maioria dos encontros que estão acontecendo hoje. Eles definem se o caminho é por aliança ou se é por candidatura própria. Se o partido indicar que é por candidatura própria, assegura o direito das pessoas disputar a condição de candidatura à prefeito, através de uma prévia. Passando este encontro, você tem que votar planos de governo, este encontro vai indicar o vice, aprovar as alianças e definir estratégias de campanha.

O que as disputas internas em torno de uma candidatura representam?
Do ponto de vista da política, o momento é para buscar o melhor entendimento possível. Para garantir a participação, tem as normas. Se não conseguimos chegar a um entendimento, usamos as normas para disputar. O candidato tem o direito de disputa. O processo da política é no sentido de buscar o melhor entendimento possível. Isto é da política. Não é que seja ruim a prévia para construir a candidatura. Ela é o caminho para quando não tem o melhor entendimento.

Em sua avaliação, o PT está se fortalecendo diante deste crise política que o país atravessa?
Contrariando aqueles que preconizam que o PT vai acabar, o PT está vivo, muito vivo e muito dinâmico. As pessoas estão animadas no debate de candidaturas, de planos de governo que está acontecendo. As pessoas estão dispostas a sair candidatas. O partido tem crescido neste processo.

A que isto se deve, em sua opinião?
Primeiro que a grande diferença do PT é ele ser uma importante marca na sociedade que expressa a superação da pobreza, a vontade de participação, a possibilidade de ter acesso à política. É muito mais do que um partido, como os que estão aí. O PT tem uma família, um grupo de pessoas que acredita no seu projeto, e que hoje vê uma situação de injustiça contra o partido.

As pessoas querem um partido que as represente e este partido continua sendo o PT. Ainda mais neste momento em que o fundamentalismo tomou conta da maior parte dos partidos políticos. A maioria dos partidos no Brasil é cartorial, tem dono.

A política brasileira enfrenta uma crise, pois a presidenta Dilma Rousseff foi afastada do cargo sem cometer crime de responsabilidade. Este contexto deve influenciar as campanhas?
O PT é vítima de um processo e está lutando contra o golpe. Estamos em um processo de eleições. Dia 2 de outubro, as urnas vão abrir às 8h da manhã.

Neste período, tem a votação do julgamento da presidenta Dilma no Senado. Estamos em um processo em que temos que combinar a luta contra o golpe e a disputa eleitoral. E estas duas coisas estão imbricadas.Vamos resistir fazendo campanha eleitoral, e vamos fazer campanha eleitoral resistindo.

Muitos têm dúvidas sobre como funcionam as alianças. Qual é o entendimento do partido?
O partido faz alianças programáticas, com que concorda com inclusão social, com políticas públicas mais voltadas para o social, que atenda à população mais pobre. O partido não fará alianças com quem votou com o golpe.

Tirando PSDB, PPS e DEM, não está vetado fazer alianças. Mas a aliança deve estar voltada a um projeto político para o município. O foco devem ser as políticas públicas para atender à população que precisa mais do Estado. Este é um momento delicado porque existe um movimento para isolar o PT.

Como deve se dar a campanha de resistência ao golpe junto da campanha que antecede as eleições de 2016?
Em nenhum momento devemos deixar de lutar contra o que aconteceu no país. Um golpe que envolve diversos setores das instituições públicas. Vamos combater este golpe. Toda legitimidade de um governo, de um projeto, tem que vir das urnas. Faremos um movimento intenso de combate ao que aconteceu. E este movimento vai ser no mesmo período de campanha eleitoral.

Ao mesmo tempo que levaremos pessoas para as ruas para se manifestar contra o golpe e organizar a resistência, será divulgado o que fazer nos municípios. As coisas vão acontecer juntas.

Qual é sua avaliação diante da resistência feita nas ruas contra o golpe?
A cada dia aumenta o número de pessoas que compreendeu que houve um golpe no país e que começa a despertar e a exigir que a democracia seja reestabelecida. De que foi um golpe ninguém duvida mais. A mídia vai tentar fazer com que as pessoas esqueçam. Esta será a tentativa deles.

É comum escutarmos que jovem não gosta de política porque, na verdade, a política afasta o jovem. Qual é sua opinião sobre esta afirmação?
O jovem sempre gosta de política. O horizonte dele é muito maior. Por isso é que a política precisa ter renovação sempre, os partidos precisam se renovar sempre. E o PT garante esta renovação.

Às vezes o jovem está avesso à política porque a própria política no momento não vislumbra o que está em seu horizonte. Ele passa a não gostar da forma como as coisas estão sendo conduzidas na política.

O que acontece neste momento é uma criminalização da política por criminosos e isto afasta as pessoas. Passam a entender a política como algo ruim, do mal, que prejudica.

Quais são as perspectivas do partido atualmente?
Devem ser olhar para frente, o futuro, nossos 20, 30 anos para frente. O que vamos construir, que tipo de ideias vamos colocar, quais ações acontecerão no futuro.

Acho que agora está acontecendo uma verdadeira briga entre o passado e o futuro. As pessoas dizem que temos que olhar para o século 21, o século da paz, da tranquilidade. Mas, hoje temos uma força política que está voltada para o século 19, 20. O PT tem que olhar para frente, o que ele vai colocar para a sociedade de ideias inovadoras, revolucionárias e que vão apontar para um futuro melhor para as pessoas, do século 21.

Isto é, um partido mais democrático internamente, mais representativo, com cada vez mais filiados participativos, com muito debate, com envolvimento real de movimento que estão na sociedade.

Por Daniella Cambaúva da Agência PT de Notícias

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