Governo Lula aposta na reindustrialização para reverter queda na exportação de manufaturados

Inércia do governo Bolsonaro no setor, de 2019 em diante, fez o Brasil cair ainda mais no ranking dos maiores exportadores de manufaturados no mundo

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Participação do Brasil no comércio global de manufaturados fica abaixo de 0,5% - Foto: Divulgação

Pela primeira vez, em pelo menos uma década, o Brasil ficou abaixo da taxa de 0,5% no total do comércio mundial de manufaturados. É o que aponta o estudo “O Brasil e as exportações de manufaturas em 2021”, divulgado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) ao jornal Valor nesta terça-feira (28).

Segundo o levantamento, elaborado tomando por base dados da Organização Mundial do Comércio (OMS), a participação do país nas exportações mundiais no setor de manufaturas saiu de 0.52% em 2019 para 0,43% em 2020 e subiu levemente para 0,47% em 2021. De acordo com o economista Rafael Cagnin, do Iedi, desde 2010, ano em que se iniciou o estudo do Iedi, o Brasil nunca tinha ficado com parcela inferior a 0,5%.

A queda verificada na última década, mantida abaixo de 0,5% pela inércia do governo Bolsonaro no setor, resultou na perda de seis posições pelo Brasil no ranking mundial dos maiores exportadores de manufaturados no mundo, tirando o país da 28ª posição de 2010 para a 34ª em 2021.

Ainda de acordo com o economista, um dos principais obstáculos à competitividade do Brasil no exterior nesse setor diz respeito à pouca integração da indústria brasileira no mercado externo. “Exportamos cada vez menos (manufaturados) em relação a outros países”, relatou Cagnin ao jornal.

Também a falta de infraestrutura e logística na indústria brasileira são alguns dos vários fatores apontados por especialistas com relação à queda da participação do país no mercado externo de manufaturados.

Reindustrialização é prioridade do Governo Lula

Um dos compromissos de campanha e uma das prioridades do Governo Lula, a reindustrialização é considerada uma medida econômica urgente, também para fazer com que os produtos brasileiros voltem a ter um melhor posicionamento no comércio externo, além de gerar emprego e renda para a classe trabalhadora do país.

A meta do governo é priorizar uma política industrial que se apoie na inovação e no conhecimento, através da transição digital, da cooperação entre o público e o privado e o do fortalecimento da ciência e da tecnologia, que promova a modernização da indústria brasileira.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, tem como um dos projetos resgatar o papel do Brasil no comércio exterior, através de um grande programa de reindustrialização nacional para uma maior integração do comércio exterior brasileiro ao mundo. No caso dos manufaturados, o setor, além de gerar mais empregos, também promove um maior valor à economia do país.

Também no BNDES, agora presidido pelo economista Aloizio Mercadante, uma das pautas fundamentais da nova diretoria é o apoio financeiro à reindustrialização para tornar o setor mais competitioa e eficiente e assim poder disputar o mercado externo, dentro do objetivo central de realizar a sua integração às cadeias globais.

E durante a sua participação na da VII Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em 24 de janeiro deste ano, o presidente Lula levou os seus planos de priorizar a reindustrialização para além das fronteiras do Brasil, através da integração dos países do continente também nesse setor.

“Temos de unir forças em prol de melhor infraestrutura física e digital, da criação de cadeias de valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação em nossa região”, destacou Lula em seu discurso na Cúpula.

Da Redação

 

 

 

 

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