Governo quer deixar plano de saúde dos idosos ainda mais caro

Base aliada de Bolsonaro discute ataque ao Estatuto do Idoso para mudar regra dos planos. Deputado Alexandre Padilha, do PT, denuncia manobra e pede audiência pública sobre o tema

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Ataque repetido: mesma medida foi tentada em 2017

Um sistema de saúde cada vez menos público e cada vez mais caro. É esse o projeto de Jair Bolsonaro para a área, como não poderia deixar de ser em um governo que tem total compromisso com os grandes empresários e nenhum com a população.

A insensibilidade do atual governo não poupa nem mesmo os idosos. Como denunciou recentemente a Folha de S. Paulo, a base de apoio bolsonarista no Congresso planeja alterar o Estatuto do Idoso para permitir um aumento hoje proibido nos planos de saúde.

A proposta (indecente) surgiu na comissão especial criada pela Câmara dos Deputados para estudar mudanças nas leis dos planos de saúde, que têm como relator o deputado do Centrão Hiran Gonçalves (PP-RR). De acordo com uma minuta que circula entre parlamentares, passaria a ser permitida a cobrança de valores diferenciados após os 60 anos.

Ouvidos pelo jornal, especialistas no assunto não pouparam críticas. “Estará sendo permitido, na prática, o aumento periódico dos preços dos planos para os mais velhos, o que hoje não é admitido. Se aprovada, será das leis mais cruéis que se pode ter no momento”, afirmou o professor Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP). “Estão vendendo um peixe podre muito bem embrulhado”, completou a professora Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

PT reage à proposta

Imediatamente após a divulgação desse plano de ataque aos idosos, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) apresentou requerimento para a realização de audiência pública conjunta para debater a importância da vedação de cobrança de valores diferenciados aos idosos. No encontro, o ex-ministro da Saúde espera ouvir Scheffer e Bahia, informou a Rede Brasil Atual.

“Se confirmada, a alteração proposta é uma afronta à Constituição Federal, que prevê em seu artigo 3º, inciso IV, que é objetivo fundamental da República promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, afirmou Padilha em seu requerimento.

Segundo Padilha, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 2003) estabelece que nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei, sendo dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.

Proposta foi derrotada em 2017

Com a proposta, os bolsonaristas tentam ressuscitar uma alteração que foi tentada em 2017. Na época, os defensores da ideia argumentavam que a medida favoreceria o consumidor, pois quem tem 60 anos pagaria menos do que clientes com 80 anos, por exemplo. 

Especialistas em saúde do idoso e entidades de defesa do consumidor, porém, mostraram que o argumento era falso. A medida não impediria que os planos realizassem o aumento da mensalidade após os 59 anos e ainda permitiria novos reajustes após os 60 anos, tornando os planos praticamente inviáveis para os mais velhos. 

Da Redação

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