Influenciador bolsonarista que participou de ataque à sede da PF é preso

Allan Frutuozzo foi detido por divulgar, incentivar e participar do ataque ao prédio da PF e de depredações em Brasília em 12 de dezembro de 2022. Prisão ocorre a uma semana do reinício da CPMI do Golpe

Sérgio Lima/ Site do PT

Allan Frutuozzo foi detido no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro quando tentava embarcar para a Argentina

O influenciador bolsonarista Allan Frutuozzo da Silva foi preso quarta-feira (26) por divulgar, incentivar e participar do ataque à sede da Polícia Federal (PF) e dos atos de depredação ocorridos em Brasília dia 12 de dezembro de 2022, quando o presidente Lula foi diplomado. Ele teve prisão preventiva decretada desde 18 de dezembro de 2022 pela Justiça Federal do Distrito Federal por crime de ameaça e associação criminosa.

Allan foi detido no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro quando tentava embarcar para a Argentina e os agentes identificaram o alerta no sistema da PF. Sua prisão acontece uma semana antes do reinício das sessões da CPMI dos atos golpistas que ouvirá terça-feira, 01 de agosto, às 9 horas, Saulo Moura da Cunha, exonerado pelo presidente Lula em junho. Ele era chefe da Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Secretaria Executiva do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). Durante os atos golpistas de 8 de janeiro ele era diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Frutuozzo foi identificado pela polícia nos vídeos dos ataques ao prédio da PF dia 12 de dezembro estimulando outros bolsonaristas com gritos de “é guerra” e “guerra contra comunistas”. Ele aparece em vídeos divulgados nas redes sociais e aplicativos de mensagens, que também auxiliaram na identificação dele e de outros suspeitos.

O pedido de prisão preventiva apresentado pelo Ministério Público Federal aponta Frutuozzo, que é jornalista, como suspeito de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. “As condutas criminosas perpetradas resultaram em distúrbio civil nos arredores do prédio sede da Polícia Federal com a incidência dos delitos de dano qualificado a bem da União (…) Há nos autos indícios de que Allan não apenas divulgou os atos delituosos, como também conhecia e colaborava com os propósitos do grupo, inclusive no que se refere ao emprego de meios violentos”, diz a decisão judicial, conforme divulgado pelo portal G1.

Ao ser detido e levado para uma sala da polícia, o influenciador fez transmissão em suas redes comunicando que estava sendo preso. “Parece que realmente vão me recolher”, escreveu no Twitter. Frutuozzo está na penitenciária de Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

A decisão pela prisão diz ainda que o suspeito é “conhecido por sua atuação permanente nas manifestações realizadas em espaços dos quarteis do Exército”, conforme reportagem do G1 dia 26. “Durante as ações do dia 12/12/2022, o referido sujeito publicou vídeo em redes sociais apresentando viés violento declarando estar em “guerra” contra “comunistas”. O referido sujeito usava traje típico militar e se mostrava aparentemente alterado. É possível identificar que se encontra com outros sujeitos não identificados que, por sua vez, estão com a face coberta”, diz um trecho da decisão, divulgada pelo portal.

O site relembrou ainda os atos de vandalismo cometidos no dia 12 de dezembro que resultaram em oito carros e ônibus incendiados, fechamento de um shopping, vidros quebrados na 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) e um ônibus incendiado em frente à sede, além de botijões furtados de um posto de gasolina que foram usados pelos vândalos para fechar ruas do Setor Hoteleiro de Brasília. No dia 29 de dezembro, 17 dias após o ataque, a PF deflagrou a Operação Nero que cumpriu 32 mandados de prisão expedidos pelo STF no Distrito Federal e em sete estados.

Identificado como empresário, jornalista e analista político do canal “Vista Pátria”, Frutuozzo já foi condenado por porte ilegal de arma e teve conta no Twitter suspensa há três anos por violar as regras da rede. Ele é uma das peças da engrenagem bolsonarista de divulgação de notícias falsas. Junto com influenciadores como Alan dos Santos, Nando Moura e Oswaldo Eustáquio, disseminou ataques contra o STF, insuflou as massas bolsonaristas com discursos de ódio e por isso foi recompensado com verbas do governo passado.

“O Vista Pátria recebeu ainda dinheiro público por meio do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, como apontado em reportagem da Agência Pública. Mais de R$ 270 mil foram gastos por meio do sistema de anúncios do Google Adsense na divulgação da campanha contra a violência doméstica em canais do YouTube em 2020. O Vista Pátria estava dentre eles, veiculando anúncios mais de 12 mil vezes e faturando mais de R$ 146 mil em dinheiro público”, destacou o Le Monde Diplomatique Brasil no dia 14 de dezembro de 2022, em matéria sobre o dinheiro público que abasteceu a indústria da desinformação que sustentou os atos antidemocráticos no Brasil.

“Enquanto a campanha era veiculada, Allan Frutuozo, fundador do site, se reuniu em maio do mesmo ano com Jair Bolsonaro, a quem chamou de “o único líder legítimo aqui da pátria”, e gravou um vídeo chamando a população para manifestações em favor do presidente e contra as instituições”, informou ainda a publicação.

Matéria da Agência Lupa publicada no UOL dia 23 de maio deste ano traz longo relato sobre as fakenews disseminadas por Frutuozzo e questiona premiação do Youtube pelo canal, criado em 2017, ter alcançado 100 mil inscritos.

“Seria uma forma de reconhecer o esforço dos youtubers e “criar comunidades bem-sucedidas com responsabilidade”, diz a plataforma. Mas uma análise dos vídeos publicados pelo canal mostra que falta responsabilidade na divulgação de seus conteúdos, que violam as políticas de desinformação da empresa. A Lupa encontrou diversas publicações — com centenas de milhares de visualizações — que disseminam informações falsas sobre a pandemia de Covid-19 e as eleições brasileiras, por exemplo”, relata a reportagem que expõe detalhes das divulgações por Frutuozzo sobre suspeitas de fraudes nas eleições, falsas informações sobre Covid e teorias conspiratórias sobre a Amazônia.

Da Redação

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