Líder petista na Alesp condena ataques de secretário de Dória ao MST

Ao classificar a reforma agrária como “obsoleta” e o MST como “terrorista”, Gustavo Junqueira demonstra preconceito e visão criminalizada da política

Ricardo Stuckert

Visita ao viveiro de mudas do MST em Periquito (MG)

As declarações do futuro secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, nesta quinta-feira (8), demonstram o perfil arcaico de algumas lideranças ruralistas brasileiras alinhadas ao Governador eleito João Dória.

Ao classificar a reforma agrária como “obsoleta” e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) como “terrorista”, Junqueira, antes mesmo de tomar posse, demonstra uma visão criminalizada da política, repleta de preconceitos, e pouca disposição para o debate sobre políticas públicas.

As políticas de apoio a Reforma Agrária desenvolvidas pelo Estado de São Paulo desde o governo Franco Montoro sempre foram referência para o desenvolvimento rural brasileiro. O Governador Mário Covas era interlocutor direto do MST e defendeu o assentamento de famílias sem-terra nas terras públicas estaduais como forma de alavancar a produção de alimentos. Para isso, fortaleceu a atuação da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) que, além de promover o desenvolvimento das famílias assentadas, faz o trabalho de interlocução com os movimentos sociais, consolidando espaços democráticos de mediação.

O MST se organizou no mesmo contexto de redemocratização do país que levou às ruas a Campanha das Diretas Já. Como um movimento pacífico de luta pela terra, o MST hoje é polo dinamizador do campo brasileiro e reúne mais de 100 cooperativas, 96 agroindústrias, 1,9 mil associações e 350 mil famílias assentadas pelo país.

E mais, agricultores familiares e assentados da reforma agrária são os dois principais grupos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil, que ultrapassa atualmente os 750 mil hectares. Assim, o MST além de ser legítimo ator democrático, é responsável pela produção de alimentos saudáveis.

A Liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na ALESP condena os ataques do futuro secretário, se solidariza com o MST, e será porta-voz das denúncias contra as perseguições, os assassinatos e a criminalização dos movimentos populares na cidade e no campo.

Por Beth Sahão, líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo

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