Lula: Comportamento da mídia e da PF indicam estado de exceção

O ex-presidente lamentou a política externa contrária à aproximação com a África, América Latina e Brics, praticada pelo governo golpista de Temer

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Em entrevista a Wellignton Calasans, correspondente do blog Cafezinho e de rádios africanas em Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou o “estado de exceção” em que o Brasil mergulhou e lamentou o golpe travestido de impeachment contra a presidenta eleita Dilma Rousseff.

“Nós temos um comportamento autoritário da imprensa brasileira, um comportamento equivocado de setores do MP, nós temos um estado de exceção com o comportamento da própria Polícia Federal. Eu diria uma situação que envergonha o Brasil no mundo, porque o Brasil não está nem respeitando internamente a Constituição nem está respeitando a democracia”.

Lula observou ainda que a democracia brasileira é “muito nova” e que a “elite brasileira não sabe viver democraticamente numa sociedade em que ela não governe”.

O ex-presidente também se mostrou preocupado com o afastamento promovido pelo governo golpista de Michel Temer da política diplomática iniciada no seu governo e estendida para o governo Dilma Rousseff de aproximação com o continente africano.

“É com uma certa tristeza que eu assisto de vez em quando o discurso de gente do governo golpista que é preciso diminuir a ação do Brasil com a África, com a América do Sul e que o Brasil precisa fortalecer sua relação com a Europa e com os Estados Unidos, como se em algum momento nós tivéssemos tentado diminuir nossa relação com os Estados Unidos e com a Europa”.

Lula ponderou que o fortalecimento dos BRICS nunca foi uma estratégia para se afastar diplomaticamente das nações ricas, mas uma maneira de robustecer os países em desenvolvimento e trazer mais estabilidade econômica e política ao mundo.

“É importante lembrar que eu disse que se a gente quisesse resolver o problema da crise econômica que estava surgindo (e se agravou com a queda do Leman Brothers), a gente tinha que incluir os países pobres no comércio internacional. Se a gente fechar o mercado, a gente não vai poder resolver o problema da economia. Os pobres serão a solução para a crise econômica que estamos vivendo. Vamos incentivar, vamos financiar o desenvolvimento dos países mais pobres”.

Perseguição da mídia
Para o ex-presidente Lula, ainda é possível reverter o golpe no Senado para que a presidenta Dilma retome o seu mandato. Ele criticou a postura do governo ilegítimo de Michel Temer, que vem desmontando políticas públicas importantes para o povo brasileiro e ameaçando direitos arduamente conquistados.

“O Temer não se comporta como um presidente interino, ele se comporta como se já fosse presidente, como se já tivesse consagrado o golpe, como se já tivesse aprovado o impeachment e ainda não foi aprovado”.

Sobre a perseguição praticada contra ele e contra o Partido dos Trabalhadores por setores da mídia conservadora, o presidente lamentou que não reconheçam o legado de inclusão social promovido pelo seu governo.

“A imprensa brasileira nunca me tratou bem. Desde que eu surgi no movimento sindical, em 1975. Depois não aceitou nunca o PT e não aceitou as minhas candidaturas. Ela tolerava minhas candidaturas, até que eu ganhei as eleições. O que é indescritível é que eles sabem que, na história do Brasil, eu fui o presidente que mais fez inclusão social na história desse país, eles sabem o que aconteceu com o povo pobre.

Para o presidente, as ofensivas da mídia e do judiciário têm o claro objetivo de impedi-lo de se candidatar à Presidência em 2018.

“Estão tentando todo e qualquer tipo de acusação contra mim. Já faz dois anos e pouco que eles estão fazendo isso e até agora não conseguiram nada, mas continuam falando. E a imprensa toda sabe que isso faz parte de um jogo de tentar criar qualquer impedimento para que eu seja candidato à presidência em 2018”.

Por fim, mostrando consciência da importância do seu papel como uma das principais lideranças políticas do País, afirmou: “Pode ficar certo que se eu tiver que voltar, eu voltarei muito melhor do que eu fui”.

Ouça entrevista completa:

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Brasil 247 

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