Lula e Janja debatem fé e políticas públicas no Papo de Crente

Presidente e primeira-dama recebem programa evangélico no Palácio da Alvorada e falam sobre inclusão social, educação e combate à fome

Ricardo Stuckert

Conversa com evangélicos reforça compromisso com liberdade religiosa e respeito às crenças

O programa Papo de Crente, apresentado pelo Pastor Marco Davi e Eulália Lemos, gravou uma edição histórica diretamente do Palácio da Alvorada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja receberam os evangélicos para falar sobre o Brasil, políticas públicas e ações do governo que impactam a vida de milhões de famílias. O encontro começou com uma oração, abençoando o casal presidencial e pedindo proteção e sabedoria para o país.

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Escuta das mulheres e atenção à periferia

Primeira a ser perguntada, Janja explicou o que motivou sua jornada de diálogo com mulheres evangélicas. “Eu senti a necessidade de entender como as políticas públicas do governo do presidente Lula têm atingido as mulheres, principalmente das periferias, as mulheres negras… a gente não está falando de religião, a gente está falando do impacto dessas políticas na vida das mulheres”, disse.

Ela destacou a importância de conversar com mulheres de diversas comunidades, descrevendo o processo como um momento de revelação e acolhimento.

Respeito às igrejas e à fé

Em seguida, Lula foi questionado sobre a relação do governo com as religiões. O presidente reforçou a neutralidade e rebateu críticas: “Eu não tenho o hábito de fazer política tentando dividir a sociedade por religião […] Não importa que religião que a pessoa participe […] o que importa é que é um ser humano e é brasileiro e eu tenho que cuidar deles.”

E destacou leis sancionadas em seus governos para proteção da liberdade religiosa: segurança jurídica às igrejas (2003), oficialização da Marcha para Jesus (2009) e exclusão do vínculo empregatício em trabalhos voluntários religiosos (2023).

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Cozinhas comunitárias e Gás do Povo

Ao ser perguntada sobre políticas sociais, Janja ressaltou os impactos das cozinhas comunitárias: “As cozinhas comunitárias vão ser esse espaço que a comunidade, as mulheres da comunidade se apropriam para que elas possam também ter tempo para fazer outras coisas, estudar, cuidar um pouco de si”.

Em relação ao programa Gás do Povo, recém-lançado, Lula afirmou que o governo vai ”financiar quase 17 milhões de famílias no CAD único, que vão receber o gás de graça […] Para que as pessoas possam ter dignidade, para comprar comida e para cozinhar comida”.

Ele também mencionou políticas de energia elétrica para famílias de baixa renda e destacou que essas ações buscam proteger os mais pobres, chamados por ele de “os invisíveis”.

Erradicação da fome e compromisso social

Em seguida, Lula foi questionado sobre a estratégia do governo para combater a fome . Segundo o presidente, a ação envolve orçamento, políticas públicas e compromisso político. “Não tem milagre nisso. Isso tem que ter compromisso e opção política do governante […] Nós investimos aproximadamente 400 bilhões de reais em política de inclusão social.”

Lula lembrou o histórico do país, que saiu do Mapa da Fome em 2014, retornou no governo Bolsonaro e saiu novamente em 2025. Para ele, o foco é assegurar que o pobre esteja no centro das decisões do governo. “Eu governo para todo mundo, mas eu tenho uma preferência pelo povo mais necessitado, que é quem precisa do estado”, ressaltou.

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Educação e oportunidades para jovens

Durante a entrevista, o programa Pé de Meia foi citado como exemplo de política que garante oportunidades para jovens. Lula ressaltou sua importância. “Nós damos o Pé de Meia para 4 milhões de jovens, que recebem 200 reais por mês, mais 1000 no final do ano, durante 3 anos seguidos, até terminar o ensino médio”.

O presidente também destacou a importância do Prouni, cotas e universidades federais para inclusão. “Hoje, 50% são meninos e meninas negras, muitos da periferia. Qual é o milagre do Prouni? Foi tirar meninos pobres da periferia da escola pública e fazer o doutor.”

Inclusão e engajamento

As políticas de inclusão foram outro tema abordado pelo presidente. Sobre a lei da igualdade salarial, ele ressaltou que “mulher exercendo a mesma função de homem tem que receber o mesmo salário […] Se não houver essa discussão, não resolvemos o problema do Brasil”. E enfatizou que a legislação precisa ser acompanhada de fiscalização e engajamento político para ter efetividade.

Por fim, Lula destacou a importância de engajar os jovens na política. “Quando você estiver descrente de tudo […] ainda assim, meu filho, não desista da política”, rogou. “Porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. Então entre na política, jovem […] O político inteligente é você, o político honesto é você.”

O programa foi encerrado com uma bênção e um momento musical, com Janja e Eulália cantando “Deus cuida de mim”, reforçando a espiritualidade e o compromisso social que permeiam as ações do governo e guiaram a entrevista.

Da Redação

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