Lula à TV Liberal: “A COP é do povo, não é só do clima”

Em entrevista, presidente anuncia investimentos no Pará, reafirma programas sociais e afirma que conferência deixará legado histórico

Ricardo Stuckert

“O povo de Belém vai dar uma lição ao mundo”, afirmou Lula

Na manhã desta sexta-feira (3), o presidente Lula concedeu entrevista à TV Liberal, afiliada da Globo em Belém, onde falou sobre investimentos federais no Pará, geração de empregos, obras de infraestrutura e os programas sociais que têm garantido mais dignidade à população da região.

Logo no início da conversa, Lula comentou do susto vivido na véspera, quando o avião da Força Aérea Brasileira que o levaria ao Marajó apresentou pane no motor antes da decolagem. “Eu fui agradecer a Nossa Senhora de Nazaré […] poderia ter tido problema quando eu estivesse no ar, e teve quando eu estava em terra”. O presidente contou que a delegação seguiu viagem em outra aeronave e que a fé foi fundamental. “Nossa Senhora protegeu a delegação. Então fui de noite agradecer a Nossa Senhora.”

Combate à fome e obras no Marajó

O presidente lembrou que o Brasil voltou a sair do mapa da fome em seu governo e destacou que, em dois anos e meio, 30 milhões de pessoas deixaram essa condição. Explicou ainda que não participará do Círio de Nazaré neste ano, pois foi convidado a tratar do tema em Roma, na reunião da FAO. 

Lula também ressaltou a recente inauguração de escolas e creches no arquipélago do Marajó, muitas delas paralisadas desde 2012. “Não é possível que a Ilha do Marajó continue com esses índices de pobreza. A gente pode melhorar”. Disse que encontrou 133 obras inacabadas na região e anunciou um pacto com os prefeitos locais para superar os altos índices de pobreza, pedindo que comuniquem diretamente a ele as necessidades mais urgentes. 

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COP 30 como legado para Belém

Sobre as obras ligadas à COP 30, Lula lembrou que “a COP é apenas um evento, o pretexto é a COP, mas as obras são para o povo de Belém.” Segundo ele, o investimento federal é de cerca de R$ 6 bilhões. “São 14 canais em que estamos fazendo drenagem […] Nós vamos inaugurar a maior obra de coleta de esgoto da história do estado do Pará.”

O presidente explicou a decisão de realizar a conferência em Belém. “A escolha do Pará é porque é um estado extraordinariamente grande, porque tem muita diversidade cultural, porque tem rios maravilhosos e porque a cidade de Belém é histórica.”

Ele comentou sobre a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com aporte inicial de US$ 1 bilhão do Brasil. “Eu quero colocar Belém aos olhos do mundo. Não é doação, é investimento para cuidar da Amazônia e de outras florestas tropicais.”

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A COP da verdade

Lula afirmou que a conferência em Belém precisa ser um divisor de águas. “Essa COP tem que ser a COP da verdade. Nós vamos ter que decidir se acreditamos ou não na ciência. Se o mundo aquecer 1,5 grau, muitos países vão desaparecer.”

E cobrou compromisso dos países ricos, lembrando que eles são os maiores responsáveis pelo lançamento de gases de efeito estufa e “precisam pagar o que devem à humanidade.”

O presidente também reafirmou que até 2030 o Brasil terá desmatamento zero na Amazônia, ressaltando a importância da parceria com prefeitos e governadores para alcançar a meta.

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A hora da colheita

Lula lembrou que chegou o momento de colher os frutos de sua política econômica e social, citando a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, recém-aprovada na Câmara, além dos programas Gás do Povo, Luz do Povo, Pé de Meia, as escolas em tempo integral e a expansão do Bolsa Família. “É a colheita mais extraordinária da história desse país que está acontecendo agora”, afirmou.

No encerramento, projetou o impacto da COP 30 e reforçou seu compromisso com o Brasil. “Nada é impossível quando a gente tem uma causa, e a minha causa é esse país e a minha causa é melhorar a vida desse povo, e ninguém vai segurar.” Ele ainda brincou. “Eu quero que os estrangeiros aprendam a dançar carimbó, além de comer bem e conhecer a Amazônia. Eu tenho certeza que o mundo vai ficar de boca aberta com a qualidade de homens e mulheres de Belém.”

Da Redação

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