Lula se reúne com Conselhão: “Espaço para vocês ajudarem a construir o país”

Primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável ocorreu nesta quinta-feira, retomando o diálogo do governo com a sociedade

Ricardo Stuckert

Lula, na primeira reunião do Conselhão: o diálogo deve sempre ser maior que o ódio

O presidente Lula participou, na manhã desta quinta-feira (4), no Palácio do Planalto, da primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), conhecido como Conselhão.

Com 246 integrantes dos 26 estados e do Distrito Federal, incluindo empresários, ativistas e representantes de minorias, o grupo foi recriado pelo governo Lula por meio de decreto assinado em 24 de março (confira aqui a lista de conselheiros).

O objetivo é promover diálogos entre o governo federal e a sociedade brasileira, que passa a assessorar o presidente da República na formulação de políticas e diretrizes voltadas ao desenvolvimento econômico e social sustentável e ao fortalecimento da democracia brasileira.

Durante este primeiro encontro, Lula frisou que o conselho carrega a força do diálogo franco e construtivo. “O retrato do Brasil que quero é um Brasil no qual o diálogo e a busca de consensos serão sempre mais fortes que o ódio”, disse.

O presidente ressaltou ainda que, para superar desafios como a fome e reconstruir o Brasil, é necessária a participação de todos, que devem contribuir não só com críticas, mas com proposições também.

“Aqui não é um espaço para as pessoas falarem do governo nem para as pessoas só fazerem diagnóstico. Aqui é um espaço para vocês ajudarem a governar este país. É o espaço para vocês dizerem como é que vocês querem. Essa reunião ilustra o que há de mais importante e verdadeiro na política”, afirmou (veja trecho abaixo e a íntegra do evento no fim da matéria).

Diversidade do Conselhão

Membro do Conselhão, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, destacou a diversidade dos membros: mais de 40% são mulheres, e 30% se identificam como negros, pardos e indígenas.

“Nós sabemos o quanto era importante o Conselhão voltar. Recebemos mais de mil pleitos para estar no Conselho. Eu acho que esses pleitos, essa vontade e disposição de estar aqui (…) era um desejo que todos tinham de que a gente pudesse, na sociedade brasileira, voltar a dialogar”, analisou Padilha.

Para o ministro, o Conselhão é acima de tudo um espaço de diálogo com respeito às divergências. “Podemos ter pensamentos diferentes, propostas diferentes, visões diferentes. Aliás, a diversidade e a diferença foi um grande esforço nosso, do presidente Lula, na composição final dessa primeira lista.”

Ouça o discurso do Lula, na íntegra, abaixo:

Desenvolvimento para todos

A filósofa e ativista do movimento social negro Sueli Carneiro afirmou que o conselho é um local privilegiado de debate sobre questões que o Brasil precisa enfrentar para se tornar uma nação desenvolvida e civilizada.

Carneiro indagou se é eticamente aceitável persistir num projeto de país que não se importa, no seu processo de desenvolvimento, deixar para trás a maior parte de sua população. Para a filósofa, o Brasil até hoje só construiu ilhas de modernidade e prosperidade cercadas de indigência humana por todos os lados.

“Estamos dispostos a pagar o preço necessário a uma mudança estrutural de desenvolvimento econômico e social sustentável que pressuponha a correção, a reparação e justiças históricas contemporâneas persistentes em nossa sociedade em prol da efetivação da cidadania para todos, todas e todes?”, questionou.

E acrescentou: “Acredito que dar respostas a essas questões depende da capacidade ou não da sociedade brasileira de optar, desta vez, por um desenvolvimento sustentável que permita a radicalização da democracia com equidade de gênero, equidade de raça e justiça social. Acredito que, juntos, podemos”.

Também conselheiro, o líder indígena Kléber Karipuna defendeu a garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas, a reforma agrária e uma agricultura sustentável e responsável. “É possível sentarmos, dialogarmos e avançarmos para que todos os direitos sociais e a sustentabilidade sejam garantidos.”

Da Redação

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