Lula: “Vamos construir uma maioria política para recuperar o Brasil”

Em entrevista a rádio de Campinas, Lula diz que a união de partidos em torno de sua pré-candidatura representa um movimento pela reconstrução do país

Ricardo Stuckert

Lula

Em entrevista à Rádio CBN Campinas, cidade de São Paulo que visitará nesta quinta-feira (5), Lula disse que se preocupou nas últimas semanas em consolidar uma união de partidos que, juntos, trabalharão para vencer as eleições deste ano e reconstruir o país (assista à íntegra da entrevista abaixo). 

“Vamos construir uma maioria política na sociedade brasileira para que a gente possa recuperar o Brasil”, afirmou o pré-candidato à Presidência a respeito da aliança que o PT fez com PSB, PCdoB, PV, Psol, Rede e Solidariedade.

“Nós precisamos voltar a gerar emprego, reduzir a inflação, aumentar salário, melhorar a educação e recuperar os investimentos em ciência e tecnologia”, elencou. “Não existe, na história da humanidade, algum país que se desenvolveu e cresceu economicamente sem antes investir na educação. E é isso que nós vamos conversar com o povo”, acrescentou.

Segundo Lula, não existe justificativa aceitável para que o Brasil, maior produtor de proteína animal e terceiro maior produtor de alimentos do mundo tenha 19 milhões de pessoas passando fome e 116 milhões com algum nível de insegurança alimentar. “Qual é a lógica do terceiro maior produtor de proteína animal do planeta ter gente correndo atrás de um caminhão de carcaça de frango ou indo no açougue pegar osso? Isso é falta de vergonha na cara de quem governa este país.”

O ex-presidente lembrou que, quando o PT governou o país, provou ser possível fazer o Brasil crescer economicamente e, ao mesmo tempo, melhorar a vida da população. “Podemos consertar o país, e já consertamos uma vez. Nós levamos o Brasil a ser a sexta economia do mundo, a ter uma reserva internacional de US$ 370 bilhões, que salva o país até hoje, a diminuir sua dívida interna bruta de 65% para 32% do PIB”, recordou. 

E completou dizendo que a inclusão dos mais pobres é a forma mais eficiente de fazer o país crescer. “Ao tirar 36 milhões de pessoas da miséria absoluta e levar 40 milhões para um consumo de classe média, nós provamos que o pobre não é o problema do Brasil. Ele é a solução à medida que você tenha políticas de inclusão social e essas pessoas passem a participar do processo de desenvolvimento do Brasil. É isso que nós queremos fazer, é isso que nós vamos fazer”, explicou.

Empreendedorismo de verdade

Ele disse ainda que a geração de empregos será outra prioridade sua caso seja eleito. “É preciso elaborar um programa que leve em conta a necessidade de gerar os empregos que nós precisamos gerar, de recuperar a massa salarial, que caiu 9% este ano, e fazer com que a gente tenha política de crédito para o pequeno e médio empreendedor brasileiro.”

De acordo com Lula, o estímulo aos pequeno é médio empreendedor será fundamental para acabar com o desemprego no país. “Eu tenho dito que uma das coisas que nós vamos fazer é transformar o BNDES não num banco de investimento para grandes grupos econômicos porque esses podem até pegar dinheiro no exterior, mas num banco para fomentar o desenvolvimento para pequenos e médios empresários brasileiros. Essa gente é que gera emprego, que dá dinamismo à economia brasileira e é isso que nós vamos fazer para que o Brasil volte efetivamente a crescer”, analisou.

O fundador do PT lamentou que o discurso neoliberal tente convencer as pessoas hoje que trabalhadores explorados são empreendedores. “Não podemos aceitar a ideia de que o cara que trabalha com bicicleta, entregando comida, é um empreendedor, porque, na verdade, ele é um empregado que não tem direito. Não conhece o patrão dele, não tem 13º, não tem descanso semanal remunerado, não tem final de semana, não tem Natal, não tem ano-novo. O que nós precisamos é fazer uma regulamentação que permita a esse cidadão tenha seguridade social e, ao mesmo tempo, ter uma política para fomentar o empreendedorismo no Brasil”, observou.

O saldo cruel da Lava Jato

Questionado se pretende, durante a campanha, evitar um debate sobre a Lava jato, Lula garantiu que não fugirá do tema, mesmo porque os brasileiros precisam saber que a farsa montada por Sergio Moro e Deltan Dallagnol, hoje desmascarada até pela ONU, trouxe muitos danos à economia brasileira. 

“O saldo que ficou da Lava Jato foram 4,4 milhões de pessoas desempregadas, foi a quebradeira da indústria de engenharia brasileira, foi mais de R$ 170 bilhões que deixaram de ser investidos no setor produtivo deste país. Esse é o saldo que ficou para o Brasil”, apontou, lembrando dados de um estudo realizado pelo Dieese.

Da Redação

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