Massacre no Pará gera indignação de parlamentares petistas

Uma mulher e nove homens foram assassinados pela polícia, em ação de reintegração de posse em fazenda no município de Pau D’Arco na quarta-feira

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Massacre deixou 10 mortos no Pará

O assassinato de uma mulher e nove homens em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco (PA), na quarta-feira (24), foi duramente criticada por senadores petistas. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, o motivo da chacina foi uma ação policial contra trabalhadores rurais durante processo de reintegração de posse.

“Passados 21 anos de um dos mais sangrentos massacres de trabalhadores rurais por conta de disputa de terras, o Massacre de Eldorado de Carajás, os governantes utilizem os mesmos métodos violentos para proteger o latifúndio e reprimir a luta de camponeses”, disse o senador Paulo Rocha (PT-PA).

“A informação que temos é que os policiais possuíam ordem de prisão e não de execução. Mas a certeza da impunidade, faz governantes, mandantes e a PM agirem livremente no massacre de pessoas que ousam resistir e enfrentar a lógica da opressão e da desconcentração da terra”, emendou.

A alegação da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Pará é a de que a fazenda Santa Lúcia foi invadida por um “grupo armado”. A operação contou com dois delegados e 24 policiais militares e civis, integrantes de quatro guarnições do Grupo Tático de Redenção.

“Agora vejam a contradição: em entrevista à imprensa, o staff da segurança pública do Pará assegura que entre o grupo existiam pistoleiros com fuzis e pistolas e que houve troca de tiros. Dizem ainda que os policiais foram recebidos com tiros, mas nenhum PM saiu ferido”, criticou Paulo Rocha.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) diz já ter mapeado este ano 26 assassinatos decorrentes de conflitos, antes da chacina de ontem. Em 2016, os números são ainda maiores: 61 assassinatos. Ainda de acordo com a CPT, no ano anterior foram registradas seis mortes no Pará. Com o massacre de Pau D’arco, o número de mortes no Estado chega a 17.

No Twitter, a presidenta da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Regina Sousa (PT-PI), aproveitou para alfinetar a base aliada da gestão Temer – que tentou defender o ato do peemedebista de convocar o exército para reprimir manifestantes no Ocupa Brasília, na quarta.

“Inversão: vários senadores protestaram contra o vandalismo. Nenhum deles chorou o assassinato de 10 trabalhadores pela polícia do Pará”, disse.

Violações aos direitos humanos

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai fazer diligência nesta sexta-feira (26), na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau d’Arco. O objetivo da comissão é averiguar violações de direitos humanos.

O deputado Zé Geraldo (PT-PA), que vai participar da diligência, destaca que o Pará vem sendo palco de muitos conflitos agrários nos últimos anos, como o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 19 sem-terra foram mortos em ação da polícia do estado.

Zé Geraldo acredita que algumas medidas tomadas pelo Governo Michel Temer agravaram os conflitos na região: “Uma foi acabar com o Ministério do Desenvolvimento Agrário [MDA] e outra foi praticamente sucatear o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]”, citou.

“Isso é sinal de que a reforma agrária não tem mais prioridade, e é sinal de que o governo não tem intenção de comprar, indenizar as áreas em disputa, e os proprietários começam, na base da força, a querer retomar essas áreas”, acrescentou.

O parlamentar defende intervenção do governo federal nas áreas de conflito agrário. O Conselho Nacional de Direitos Humanos e a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos, do Ministério Público Federal, já estão no local.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com PT no Senado e PT na Câmara

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