Mentiras e baixaria marcam falas de Bolsonaro no 7 de setembro

Extremista de direita usa dinheiro público em comícios feitos de ameaças veladas a adversários e instituições. Senadores do PT reagem

Golpista por natureza, Bolsonaro desonra o 7 de setembro

Nem as demais autoridades da República se prestaram a participar do tradicional desfile militar-estudantil de Brasília, que, em seguida, foi transformado em comício. Sempre ao lado de Bolsonaro estava o empresário catarinense investigado por atentar contra o estado de Direito, o autodeclarado Veio da Havan.

E quem esperava um pronunciamento de chefe de Estado, abordando a trajetória do país nos últimos 200 anos, desde a Independência, frustrou-se. Bolsonaro sequer citou a palavra “Portugal”, cujo presidente, Marcelo Rebelo de Souza, prestigiou o desfile da Independência, pouco antes, na mesma Esplanada dos Ministérios.

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Em Brasília, o discurso foi marcado pelas mentiras de sempre e pela baixaria. No território das mentiras, cuspiu nos outros a culpa pela má condução do combate à pandemia, tentou se apropriar dos louros do auxílio emergencial – que, não fosse o Congresso, nem teria havido – e disse que seu governo não tem corrupção, escondendo sob o palanque os casos de pelo menos dois ministros investigados – um deles, inclusive, foi preso – e, ainda, a suspeita de origem ilícita do dinheiro vivo usado na compra de 51 imóveis por ele e seus familiares.

Mas à tarde, na beira da praia, voltou a fazer ameaças e inventou nova lorota: disse que no Brasil morreram menos pessoas de Covid que na Europa. Sim, isso mesmo: comparou o número de mortos pela pandemia no Brasil, país com população de 215 milhões, com os mortos na Europa, continente de 750 milhões de habitantes. Na tentativa de encobrir a política negacionista de seu governo, Bolsonaro se enrolou. O Brasil teve mais mortes, na proporção de habitantes, que a Europa.

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Falou, ainda, em extirpar adversário político, referindo-se a Lula, atacou o Congresso Nacional e ameaçou as demais instituições, de forma velada, em caso de ser bem sucedido na tentativa de reeleição.

Entre constantes saudações religiosas e citações a Deus, também reafirmou, nos dois comícios, pautas ideológicas, contrárias a uma política responsável sobre o aborto, à descriminalização das drogas e a direitos LGBTQIAP+, por exemplo.

Mas foi no departamento da grosseria que ele, de novo, se superou. Em Brasília, usou a esposa, Michele, para fazer comparação com outras mulheres e gritou várias vezes a palavra “imbrochável”, sem, no entanto, explicar se o coro tinha a ver com a compra, neste ano, de 35 mil comprimidos de medicamento contra disfunção erétil, por seu governo.

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O senador Jean paul Prates (PT-RN) classificou a fala de Bolsonaro como deplorável. “Discurso completamente incompatível com uma celebração oficial do Bicentenário da Independência. Fez comício eleitoral, falou de si, atacou adversários e mais uma vez mandou indiretas para o STF”, listou o senador. Na ofensa indireta aos ministros do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro fez uso de espécie de jogral, terceirizando ao público a tarefa de completar com vaias a frase “sabemos quem é o STF”.

Possíveis crimes

Para além da baixaria, o ocupante da cadeira presidencial pode também ter cometido crime eleitoral ao utilizar evento oficial da República para discursar como candidato. Da foto no desfile militar-estudantil ao discurso no palanque político, a diferença é apenas a retirada da faixa presidencial.

Vários partidos anunciaram nas redes sociais o ingresso, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com ações contra Bolsonaro por abuso de poder econômico e político neste 7 de setembro. A Justiça deve analisar o possível uso de aparato de Estado, em Brasília e no Rio de Janeiro, para promover comícios na data de celebração do Bicentenário da independência do Brasil.

Outra investigação foi aberta pelo Ministério Público Federal (MPF), que recebeu denúncias de coação a servidores de ministérios para que participassem do ato político em Brasília.

Uma outra Nação

Diante dessas denúncias de abuso, do comportamento belicoso com autoridades de outros poderes, da sucessão de mentiras e das falas chulas e desrespeitosas, o vexame parece inarredável. Mas o senador Fabiano Contarato (PT-ES) receita, como antídoto, a esperança e a reação democrática dos brasileiros em busca do resgate da alma do país.

“O Brasil é grande, belo, com um povo batalhador e criativo, que merece olhar para o futuro e ter esperança… Que rompamos com a ideia de que o nacionalismo é algo negativo e de domínio fascista! Somos brasileiros e temos que voltar a ter orgulho disso!”, proclamou Contarato, no caminho de outra independência.

Do PT no Senado

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