Momento grave da pandemia é “apenas a ponta do iceberg”, diz Fiocruz
Com caos imposto ao país pela estratégia genocida de Bolsonaro, Fundação aponta quadro devastador nas próximas semanas. “O cenário alarmante, segundo a análise, representa apenas a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão no país”, adverte a Fiocruz. “De norte a sul do país, governadores e prefeitos perceberam que a conta chegou e se não tomarmos medidas fortes e efetivas, teremos um mês de março aterrorizador”, afirma o deputado Alexandre Padilha (PT-SP)
Publicado em
O cenário de guerra imposto ao país pela estratégia genocida de Jair Bolsonaro, causando um crescimento desenfreado de casos e mortes por Covid-19, pode ser o indício de um quadro ainda mais devastador para o país a curto prazo. O alerta foi apresentado na terça-feira (2) pela Fiocruz. A fundação divulgou relatório no qual identifica, pela primeira vez desde o início do surto, um crescimento simultâneo de indicadores epidemiológicos como aumento de mortes e novas infecções, além de níveis preocupantes de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
O país passa pela pior fase da pandemia, com o registro recorde de números diários e média móvel de mortes. Foram 1.726 óbitos e 1.274, na média, na terça-feira (2). Segundo a Universidade Johns Hopkins, em 24 horas, o Brasil teve mais mortes por Covid-19 do que outros 112 países em toda a pandemia. Atualmente, um a cada quatro casos de mortes naturais é decorrência do vírus, de acordo com levantamento do ‘UOL’.
“De norte a sul do país, governadores e prefeitos perceberam que a conta chegou e se não tomarmos medidas fortes e efetivas, teremos um mês de março aterrorizador”, alerta o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), em artigo para o ‘Brasil de Fato’.
O boletim da Fiocruz também chama a atenção para a alta contabilização de testes positivos e a sobrecarga nos hospitais. “No momento, 19 unidades da Federação apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80% – no boletim anterior eram 12”, compara a Fiocruz, no documento. “O cenário alarmante, segundo a análise, representa apenas a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão no país”, alerta a entidade.
De acordo com o diagnóstico, “nas últimas semanas foram registradas as maiores médias de óbitos por semana epidemiológica e nos dias 13 e 28 de fevereiro pela primeira vez tivemos mais de 1.200 óbitos registrados em um único dia”. A Fiocruz também identificou o registro de 54 mil casos e 1.200 óbitos diários por Covid-19 na última semana epidemiológica, de 21 a 27 de fevereiro.
Diante do agravamento da crise sanitária, técnicos da fundação recomendam medidas rigorosas para a contenção do vírus, sob o risco de o cenário ficar insustentável.
Agenda nacional de enfrentamento
“Estamos diante de novos desafios e de um novo patamar, exigindo a construção de uma agenda nacional para enfrentamento da pandemia, mobilizando os diferentes poderes do Estado brasileiro (executivo, legislativo e judiciário), os diferentes níveis de governo (municipais, estaduais e federal), empresas, instituições e organizações da sociedade civil (de nível local ao nacional)”, considera a Fiocruz.
A fundação recomenda que a agenda deve integrar medidas permanentes mitigação e de supressão “sempre que a ocupação de leitos UTI Covid-19 estiver acima de 80%”. Também será necessária uma ampla campanha de esclarecimento para alertar a população sobre as medidas de prevenção e a importância da vacinação.
Auxílio e recursos para o SUS
Além disso, a Fiocruz observa que é fundamental a “aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio financeiro emergencial enquanto durar o estado de emergência, combinado com as políticas sociais existente de proteção aos mais pobres e vulneráveis”.
A Fiocruz pede ainda, entre outras medidas ao setor de saúde, o reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS, “com aporte imediato aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise”.
Da Redação, com informações de Fiocruz, ‘UOL’ e ‘Brasil de Fato’