Operação contra Wellington Dias tenta ressuscitar ‘método’ lavajatista
O caso ocorre em meio ao debate sobre o Fundeb, em que o governo foi derrotado na Congresso Nacional. “Trata-se de mais um desvio em que agentes do estado e do governo federal são utilizados para perseguição política”, denuncia o PT
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Enquanto tenta exibir a nova imagem de “domesticado”, o presidente Jair Bolsonaro trocou as ofensas públicas pela ação policial contra a oposição e governadores. A mais recente investida contra o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), escancara os velhos métodos autoritários. “Trata-se de mais um desvio em que agentes do estado e do governo federal são utilizados para perseguição política”, denunciou o PT em nota na segunda-feira.
O ataque descabido ao governador Wellington Dias se tornou mais evidente com a denúncia feita pela deputada federal Rejane Dias (PT), alvo de operação da Polícia Federal, na segunda-feira, 27. Segundo a parlamentar, há mais de cinco meses ela tenta ser ouvida pela Polícia Federal, que ignorou solenemente sua iniciativa de prestar esclarecimentos. Ontem, os advogados de Rejane Dias, que também é a primeira-dama do estado do Piauí, tornaram públicos e-mails trocados com a delegada da Polícia Federal, Milena Caland,responsável pelo caso, desde o início do ano.
Em 19 de fevereiro, um advogado faz referência ao contato telefônico e sugere o dia 12 de março como data para uma audiência em Brasília. A delegada responde prometendo confirmar uma data para a audiência. As tentativas duraram vários meses, sendo a mais recente em 22 de julho. No entanto, ao gosto de boa parte da mídia, a delegada optou por ressuscitar a prática lavajatista de operações midiáticas espetaculares com fins políticos.
Ação antiga, de 2013
A operação desenterrou um caso antigo, de 2013, relacionado a recursos do Fundeb, que sequer cita o governador Wellington Dias como investigado, segundo a própria Polícia Federal. Além da deputada Rejane Dias e do irmão dela, Rogério Ribeiro, foram alvos da operação servidores da cúpula da Secretaria de Educação do Piauí. O governo estadual não é suspeito neste caso, mas vítima de atos supostamente ocorridos em gestões anteriores, de acordo com o governador Wellington Dias.
O caso ocorre em meio ao debate sobre o Fundeb, em que o governo foi derrotado na Congresso Nacional. E, coincidentemente, ocorreu três meses após a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, anunciar a pretensão de colocar a PF para perseguir adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro. Na reunião, Damares defendeu a prisão de governadores e prefeitos. E cita nominalmente Wellington Dias.
“A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos”, disse a ministra. “E nós ‘tamo’ subindo o tom e discursos tão chegando. Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos”.
A investigação não envolve o governo do Estado, mas empresas prestadoras de serviços de transporte escolar. “Nem o governador nem a deputada são acusados de nada que justifique minimamente tais abusos”, advertiu a nota oficial do PT. O partido anunciou que tomará medidas para cobrar judicialmente os responsáveis pela perseguição política movida por Bolsonaro e seus aliados.
Da Redação