Para ex-premiê da Itália, Brasil perderia legitimidade com o golpe

Para Maximo D’alema, impeachment prejudicaria prestígio do país; membro do Partido Socialista Alemão afirma que exterior se deu conta de que processo é um golpe

O ex-primeiro-ministro da Itália Massimo D’Alema afirmou, nesta segunda-feira (25), que o Brasil perderá prestígio e legitimidade internacional caso o impeachment da presidenta Dilma Rousseff se concretize. “Há uma presidenta eleita. Em um sistema presidencialista, uma presidente eleita não pode ser demitida pelo parlamento, e o processo de impeachment não tem nenhuma base jurídica”, afirmou ele.

Para D’Alema, que foi primeiro-ministro da Itália entre 1998 e 2000 e hoje é membro da Fundação de Estudos Progressistas Europeus (FEPS), a situação do Brasil é preocupante. “Um governo possibilitado pelo impeachment seria um governo sem legitimidade”, afirmou. “O governo e o presidente seriam resultado de uma conspiração política e não da maioria popular, como deve ser numa democracia. E o Brasil pagaria um preço internacionalmente por isso”, afirmou ele.

A liderança acredita que muitos governos democráticos teriam dificuldade de se relacionar com um governo pós-impeachment, devido a esse caráter ilegítimo.

D’Alema participou do Seminário Aliança Progressista, em São Paulo. O encontro reuniu lideranças de partidos e associações progressistas de todo o mundo. O eventou contou com a presença do ex-presidente Lula e do presidente nacional do PT Rui Falcão.

Cenário Internacional
Também presente no encontro, Konstantin Woinoff, coordenador geral da Aliança Progressista e membro do Partido Social Democrata Alemão, afirmou que desde a votação que admitiu o processo do impeachment na Câmara dos Deputados, no último dia 17, o jogo virou no cenário internacional.

“Agora todo mundo se dá conta de que as coisas estão caminhando para um lado perigoso e que pode atingir a democracia no Brasil. E agora a visão na mídia está mudando”, disse ele. Woinoff afirmou que um dos motivos do seminário foi prestar solidariedade ao PT e à Dilma e que, por conta dessa virada de percepção, houve muitas adesões de última hora ao encontro.

Woinoff reforçou que existe muita preocupação entre os progressistas de todo o mundo com o que está acontecendo no Brasil. “A democracia está sob pressão”, disse ele. “Estamos vendo uma situação em que marchas da direita nas ruas têm mais força que a vitória da esquerda nas eleições que elegeram Dilma. E isso é uma preocupação não só para nós sociais democratas da Alemanha como progressistas de todo o mundo”.

Monica Xavier, senadora uruguaia pelo Partido Socialista do Uruguay (PSU), disse que ela e seus colegas de partido estão ajudando a divulgar informações sobre a crise brasileira. “Estamos difundindo e realizando atividades como mesas redondas para explicar que aqui tem uma tentativa de apropriação ilegal e ilegítima do governo quando a Dilma foi respaldada por 54 milhões de brasileiros”, afirmou.

Xavier afirmou que presta todo apoio e solidariedade à Dilma e a Lula, e que todo processo de melhoria social que o Brasil atravessou nos últimos anos está ameaçado pela possibilidade de que a elite chegue ao poder por meio de um atalho, e não pela via democrática das urnas.

Ela também informou que os organismos do Mercosul e da Unasul estão discutindo de forma constante uma atitude em relação ao golpe no Brasil. Na Unasul, a manifestação ainda não foi aprovada em consenso devido à reprovação por parte do Paraguai. O atual presidente do Paraguai, Horacio Cartes, pertence ao partido Colorado, que destituiu Fernando Lugo da presidência do país por um golpe parlamentar similar ao que ocorre hoje no Brasil.

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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