Pazuello não testa nem vacina o povo. Agora, quer empurrar testes encalhados ao Haiti

Com pandemia em descontrole, governo Bolsonaro tenta desovar 1 milhão de testes que irão vencer em abril. “Que nome a gente dá pra um governo que deixa a Covid-19 se espalhar e o povo morrer e ainda quer empurrar testes que estão para vencer para o Haiti?”, questiona a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann. Ministro do TCU aponta “crime de lesa-pátria”. Desgaste aumenta pressão por impeachment

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Quase cinco meses após ser oficializado no cargo de ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello responde por uma gestão desastrosa, incapaz de conter o avanço da Covid-19 nem as mortes em espiral em decorrência da doença. Nesta segunda-feira (8), o país completou 18 dias com mais de mil mortes diárias. Já são 231.630 óbitos e mais de 9,5 milhões de infectados. Tampouco atingiu a meta, anunciada em junho, de testar mais de 50 milhões de brasileiros. Ao contrário, testes encalharam nos depósitos do governo. Agora, a Saúde tenta empurrar ao Haiti 1 milhão dos cerca de 5 milhões de testes que estão prestes a vencer, em abril. O episódio demonstra mais uma vez a negligência do governo frente à crise sanitária e reforça a pressão pelo impeachment de Jair Bolsonaro.

De acordo com reportagem do ‘Estado de S. Paulo’,  a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) também recomenda que hospitais não aceitem testes prestes a vencer, sob o risco de arcarem com o ônus de responder pela data de expiração dos produtos.

Segundo nota emitida pela entidade, a orientação é para que instituições “que pleitearem a doação dos mesmos que o façam com responsabilidade, para que não passemos a concentrar em nós e nas nossas instituições a responsabilidade pelo vencimento dos testes”.

Ainda segundo ‘Estadão’, para realizar as testagens, são necessários insumos como cotonetes swab, tubos coletores, reagentes de extração do RNA, entre outros produtos que o país sequer importou. Por isso, integrantes do ministério deslocaram-se para Porto Príncipe para tentar negociar a desova dos testes. A embaixada do Haiti no Brasil desconhece as negociações, enquanto o governo brasileiro alega que o pedido de doação dos testes foi feito pelo governo do Haiti.

“Que nome a gente dá pra um governo que deixa a Covid-19 se espalhar e o povo morrer e ainda quer empurrar testes que estão para vencer para o Haiti?”, questiona a presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

O caso dos testes encalhados colocou o ministro Pazuello na mira do Tribunal de Contas da União (TCU), que vem investigando irregularidades cometidas por Pazuello desde o segundo semestre. Para o ministro Bruno Dantas, lembra o ‘Estadão’, trata-se de “crime de lesa-pátria”.

Responsabilidade por tragédia

Pazuello também é alvo de uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta omissão diante do agravamento da crise sanitária no Amazonas. O inquérito, que foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), poderá transformar o ministro em réu após 60 dias de investigação. O ministro pode ser responsabilizado por crime de prevaricação e por improbidade administrativa.

”De início, infere-se que apesar de ter sido observado o aumento do número de casos de covid-19 já na semana do Natal, o Ministro da Saúde optou por enviar representantes da pasta a Manaus apenas em 3/1/2021, uma semana depois de ter tomado conhecimento da situação calamitosa em que se encontrava aquela capital”, diz trecho do pedido da PGR.

Terceira onda em Manaus

O quadro no estado e na capital amazonense segue grave e sob risco de piorar ainda mais. Uma equipe de cientistas que antecipou a tragédia do início deste ano em agosto agora alerta para os efeitos de uma terceira onda na região. Os cientistas defendem um ‘lockdown’ a ser adotado com urgência. Além de aliviar a rede pública de saúde, o bloqueio poderia evitar que um efeito dominó no resto do país.

“Sem o isolamento social adequado, Manaus deve enfrentar uma terceira onda ainda em 2021”, adverte o biólogo e doutorando do programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Lucas Ferrante. Ele é o autor do artigo publicada na revista científica ‘Nature’.

Entre dezembro e janeiro, o Amazonas registrou um pico de mais de 600% na média de mortes por Covid-19, passando de 19 para 139 óbitos. Até agora, o surto já fez mais de 9 mil vítimas fatais e contaminou 282,7 mil pessoas.

“É necessária uma fiscalização forte da polícia para garantir o fechamento de Manaus. Além disso, é impensável a volta às aulas presenciais para qualquer local do Brasil neste momento, justamente para impedirmos o espalhamento da variante que surgiu no Amazonas”, recomenda o cientista, em depoimento ao ‘Estadão’.

Da Redação, com informações de ‘Estado de S. Paulo’

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