“PEC 55 atinge com mais força o povo negro”, analisa Paim

A Sessão Especial do Senado em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, na quinta-feira (24), convocada para homenagear aqueles que se destacaram na promoção da cultura afro-brasileira, foi marcada pela denúncia dos retrocessos do governo usurpador de Michel Temer, que afetam especialmente o povo negro.

Presidindo a sessão, o senador Paulo Paim afirmou que medidas como os cortes no Programa Bolsa Família e a PEC 55, que congela os gastos públicos por 20 anos, atingem a população negra “porque é essa população que mais precisa das políticas sociais”.

“Ao estipular menos investimentos na saúde, segurança, educação e programas sociais, o mais atingido é o povo pobre. E como a gente fala, a pobreza tem cor nesse País: é preta”, destacou.

Durante a solenidade, foi entregue a comenda Senador Abdias Nascimento a personalidades que ofereceram contribuição relevante à proteção e à promoção da cultura afro-brasileira.

Os agraciados neste ano foram a atriz Zezé Mota, o músico Lazzo Matumbi, o Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (IMUNE) e o músico e percussionista Naná Vasconcelos (in memoriam).

“Abdias é uma referência internacional, foi um grande militante do movimento negro, que deu sua vida, combatendo preconceitos, direitos humanos e a liberdade total”, lembrou Paim, ao explicar o nome da comenda.

Para o senador petista, a honraria ganha ainda mais importância na atual conjuntura nacional, “tão difícil, com tantos ataques aos direitos dos trabalhadores, aos aposentados, aos brancos e negros pobres”.

“É importante, nesse momento, que a gente possa valorizar as nossas lideranças que têm compromisso com essa causa, que melhorar a qualidade de vida de todo o nosso povo”, completou.

Presente à cerimônia e uma das mentoras da comenda Senador Abdias Nascimento, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) declarou que Paim “é uma das principais referências de luta contra o racismo no Parlamento”.

Segundo a senadora, movimentos negros e demais movimentos sociais sofrem com a situação política atual do Brasil.

“É impossível discutir um movimento popular neste momento sem levar em conta que houve uma ruptura de acordos, de programas, de políticas que estavam sendo desenvolvidas por um governo que foi eleito e que pactuou essas políticas públicas com a sociedade brasileira e com o movimento negro, que, neste momento, sofre um revés nessas conquistas; um revés que, às vezes, me assusta”, enfatizou.

Representando Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso, um dos agraciados pela comenda, Jackeline Silva também lamentou o momento político que o País atravessa.

Para ela, a PEC 55 foi proposta sem consulta popular e atenta contra a Constituição Federal.

“Em apenas três meses sofremos vários retrocessos, como a eliminação das instâncias responsáveis pelas políticas públicas de gênero, igualdade racial e direitos humanos. Tais fatos constituem ameaça a uma população que já se encontra desfavorecida social e economicamente”, repudiou.

Por Luana SPinillo, da Agência PT de Notícias