Por causa da fome: Mulheres são forçadas a trocar sexo por comida

Exemplo disto, foi o que aconteceu nas terras Indígenas Yanomami, garimpeiros aproveitam da fome em algumas comunidades e abusam sexualmente de jovens indígenas.

Notícia Preta

Com a chegada da pandemia da Covid-19 e a crise econômica, acentuou mais ainda as desigualdades sociais. Esse cenário exacerbou marcas mais profundas para mulheres, sobretudo, mulheres negras, indígenas e periféricas, que historicamente tiveram menos acessos aos postos de saúde, ao saneamento, às moradias dignas, às oportunidades de emprego e à segurança alimentar.

De acordo com o levantamento do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, são mais de 125 milhões de pessoas, 59,4% dos domicílios brasileiros, que se encontram em situação de insegurança alimentar no país.  

Inclusive, já abordamos aqui sobre a situação do país em relação à fomeE qual o perfil da fome, uma vez que, são mulheres negras das regiões Norte e Nordeste.

Diante desse contexto, milhares de brasileiras estão em meio a um projeto político de precarização e desemprego, o qual resultou em um aumento avassalador da feminização da pobreza.

Por causa do desespero causado pela fome e a insegurança alimentar,  mulheres se sujeitam à prostituição e crianças e adolescentes na exploração sexual. 

Eleonora Pereira da Silva, conhece de perto este cenário, a ativista dos direitos humanos conta que muitas crianças e adolescentes do seu território, encontram-se em situação de vulnerabilidade social, por isso,  são exploradas sexualmente em troca de comida.

“Tudo isso acontece dentro do Ceasa-Centro de Abastecimento e Logística, que é a central de abastecimento de hortifrútis granjeiros de Pernambuco, perto da minha comunidade Jardim São Paulo, em Recife. Existem até uns quartinhos para isso. Em troca disso, dão sacos de verdura e legumes em troca de sexo”, lamenta.

A fome também assola os quilombos, assentamentos e aldeias.

Exemplo disto, é o que revela no relatório publicado pelo Instituto Socioambiental (ISA), intitulado “Yanomami sob ataque: garimpo ilegal nas Terras Indígenas Yanomami e propostas para combatê-lo”.

A pesquisa aponta que por motivos da destruição do meio ambiente, debilitados por doenças que os impedem de buscar os próprios alimentos, os garimpeiros aproveitam da fome em algumas comunidades e “propõem” a troca de comida por sexo, escolhendo adolescentes e mulheres para dormirem com eles. Muitas das vezes, usam bebidas e drogas para aliciar jovens indígenas.

O relatório ainda evidencia que ao menos três crianças e adolescentes entre 10 anos e 13 anos, foram mortas depois de serem abusadas por garimpeiros, na região central do território conhecida como polo-base Kayanaú. As mortes ocorreram em 2020, mas só agora, após a pesquisa,  que vieram à tona.

“As mulheres que têm consciência, não deixam os garimpeiros transarem. Os garimpeiros têm relações somente com as mulheres que tomaram cachaça. Os garimpeiros não conseguem transar com as mulheres que não tomaram cachaça”, diz um dos pesquisadores indígena.

Dandara Maria Barbosa, Agência Todas

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