Por todas elas: Mulheres fazem novo ato contra cultura do estupro

“A #PrimaveraFeminista não tem fim!”, dizem mulheres ao convocar manifestações simultâneas contra machismo, cultura do estupro e retrocessos de Temer

Paulo Pinto/AgênciPT

Em São Paulo, mulheres protestam contra violência sexual

Para denunciar abusos, violência de gênero e a cultura do estupro, milhares de mulheres ocuparam simultaneamente as ruas de diferentes cidades brasileiras na noite desta quarta-feira (8), no segundo ato “Por Todas Elas”.

A primeira edição aconteceu em 1º de junho, reuniu pelo menos 30 mil mulheres em São Paulo. O movimento se repetiu em pelo menos 50 cidades brasileiras e 3 portuguesas. As manifestações foram convocadas pelo Facebook contra a violência de gênero e ganharam força após o estupro de uma adolescente de 16 anos por 33 homens no Rio de Janeiro.

A divulgação do vídeo e a falta de apoio à vítima, que tem sido desacreditada, tornaram o crime ainda mais grave, afirmaram as participantes. Reforçaram que este foi um caso condenável, mas agressões a mulheres acontecem diariamente. 

No Rio de Janeiro, o ato de estudantes e servidores da educação nesta quarta foi realizado na frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e se juntou à manifestação das mulheres. Outro tema dos protestos é perda de direitos no governo golpista de Michel Temer.“Convidamos TODAS as mulheres a seguir ocupando as ruas em permanente estado de mobilização.  A cada 11 minutos uma mulher é estuprada. No Rio de Janeiro, 33 homens estupraram uma jovem de 16 anos. Eles achavam que seria 33 contra uma. Mas, são 33 contra todas nós. Estupro é crime e a culpa nunca é da vítima. Pelo Fim da Cultura do Estupro! Por todas as vítimas, por cada uma de nós, nenhum um segundo de silêncio. Uma vida inteira de luta”, escreveram no convite. Em São Paulo, a concentração aconteceu no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista. “A gente tem que acordar para o que está acontecendo. A cultura do estupro é um reflexo da sociedade. Não podemos nos cansar de vir pra rua pra lutar. Meu filho só tem 5 meses e trago ele porque a desconstrução começa é desde cedo. Um dia ele vai ver que estava lá para mudar alguma coisa. Venho tanto como mãe e como representante do coletivo. Porque democracia é essa luta para ter os mesmos direitos. Lutar para que as mulheres possam ir e vir com a roupa que quiser e do jeito que quiser com os mesmos direitos dos homens”, afirmou, em São Paulo, Dada Ganan, coordenadora do Núcleo Mulher do Coletivo Democracia Corintiana.“Eu, sozinha, ando bem mas, com você, ando melhor. Companheira, me ajude, que eu não posso andar só”. Ainda no MASP, antes de sair em marcha pela Paulista, as manifestantes fizeram ciranda:

“Por ser mulher, sempre lidei com situações machistas em geral. Assovios, essas coisas que são aparentemente inofencivas, esta violência sexual que a gente sofre nas ruas todos os dias (…). Isto incomoda muito e restringe nossa liberdade. A gente vive com medo de ser estuprada. Estou aqui porque acho que a gente tem que lutar por melhor papel da mulher na nossa sociedade”, disse uma das participantes do “Por Todas Elas”, Camila Demier Mauri, ao “Jornalistas Livres”.

O ato seguiu da Avenida Paulista para a Praça Roosevelt:”O ato não se resume apenas no Fora Temer, mas com certeza tocamos muitas vezes nesse ponto pelo fato de o governo de Michel Temer não nos representar. O que fica claro na escolha de seus ministros que são homens brancos. Somos a maioria da população brasileira e é ridículo não ter uma mulher lá. Alguns assuntos devem ser discutidos por nós, mulheres, porque vivemos o machismo todos os dias em qualquer lugar que formos”, disse Carolina Ferreira, feminista e participante do ato, em entrevista a “Mídia Ninja”.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações de “Mídia Ninja” e “Jornalistas Livres”

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