Prefeitas: Mulheres do PT enfrentam a direita e engrossam o segundo turno
Com 23 prefeitas eleitas, quatro no segundo turno e candidatas com alto desempenho eleitoral, elas enfrentaram, em grande parte, homens do MDB, PSD, DEM, PSDB e PP
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O PT elegeu 23 prefeitas, em nove estados, e quatro estão no segundo turno: Marília Arraes (Recife – PE), Celia Tavares (Cariacica – ES), Margarida Salomão (Juiz de Fora – MG) e Marília Campos (Contagem – MG). A Bahia foi o estado com maior número de prefeitas eleitas (8), seguido de Piauí (5), Minas Gerais (3) e Santa Catarina (3). Os outros estados foram Acre, Ceará, Rio Grande do Norte, Tocantins e Pernambuco. Os dados foram coletados no site do TSE.
As mulheres que se candidataram enfrentaram desafios que correspondem à ascensão dos partidos de direita nas cidades brasileiras. MDB e PSD lideraram a disputa contra candidatas a prefeita do PT em todo país. Com raras exceções, as cidades cujas candidatas do PT não foram eleitas serão governadas por homens de direita filiados a partidos como MDB (26), PSD (24), DEM (22), PSDB (19), PP (17), PL (11), Avante, entre outros.
Ou seja, as eleições municipais 2020 para as candidaturas femininas foram marcadas por uma disputa ideológica frontal que as candidatas a prefeita encamparam por todo país, na batalha por uma sociedade mais justa, igualitária e humana.
“As disputas no âmbito local foram bastante acirradas. As candidatas colocaram sua voz para enfrentar políticos da velha oligarquia e da direita tradicional brasileira, geralmente com muitos recursos e o prevalecimento do coronelismo. Sem falar no machismo que impera com ainda mais força nos rincões do país”, avalia Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.
Do total de candidaturas femininas, 45 obtiveram mais de 40% dos votos válidos. Dessas, 19 foram eleitas com esse recorte, Marília Campos, de Contagem-MG levou a disputa para o segundo turno, e outras não foram vitoriosas em cenários muito apertados, com disputas acirradas contra a direita. Foram 26 candidatas a prefeita que obtiveram a expressiva votação no intervalo entre 30 e 39,9% dos votos válidos em suas cidades. Dessas, uma foi eleita: Chica do PT, em Carinhanha (BA); e outra foi para o segundo turno: Margarida Salomão, em Juiz de Fora (MG). A ressalva é o caso de Fernanda Silva, em Uruçuca (BA), em que o cenário está indefinido. O candidato mais votado do DEM teve a candidatura anulada sob júdice e Fernanda está em segundo lugar.
A disputa no segundo turno também segue acirrada em Recife (PE), com Marília Arraes, que teve 27,9% dos votos, enfrentando João Campos (PSB). E em Cariacica (ES), com Célia Tavares, que teve 14,4% dos votos, e seu oponente Euclerio Sampaio (DEM).
Cenário maniqueísta
Quatorze das candidatas disputaram o pleito sozinhas, ou seja, apenas ela e o outro candidato — homens do DEM, MDB, PSD, AVANTE, SOLIDARIEDADE entre outros. Dessas, seis foram vitoriosas na disputa sola.
Em Ipuaçu (SC), Clori derrotou o PSD; em Alegrete do Piauí (PI), Lila Alencar derrotou o Solidariedade; em Sítio Novo (RN), Andrezza Brasil derrotou o PSB; em Rio da Conceição (TO), Edinalva Oliveira derrotou o DEM. Em Capitão Gervásio Oliveira (PI), Gabriela Coelho derrotou o PP; e em Novo Santo Antônio (PI), Elisa Paz derrotou o MDB.
Ana Clara, Redação Elas Por Elas