Presidente do Ipea e ministro da Cidadania são denunciados à PGR

Sindicato Nacional dos Servidores do instituto questiona entrevista coletiva sobre estudo mentiroso que afirma não haver impacto no país em relação à fome e insegurança alimentar

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Bolsonaro quer colocar debaixo do tapete, a qualquer custo, 33 milhões de famintos

A ousadia de um governo mentiroso como o de Bolsonaro desce a ladeira sem freios e atropela quem estiver pela frente. Nesse caso, as vítimas são os 33 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome e outros 60 milhões que sofrem de insegurança alimentar.

Em uma coletiva para a divulgação de um estudo sem critério ou respaldo científico, há algumas semanas, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erik Alencar de Figueiredo, e o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, afirmaram  que não há impacto no Brasil quando se trata de fome ou insegurança alimentar.

Foi o bastante para que o Sindicato Nacional dos Servidores do Ipea (Afipea) denunciasse o presidente do instituto e o ministro da Cidadania à Procuradoria Regional da República por práticas abusivas em período eleitoral.

Os bolsonaristas são questionados pela divulgação de dados inverídicos do governo federal um dia após o início da campanha eleitoral. O estudo fake se apoia, por exemplo, na conclusão de que existe geração de empregos formais em todas as regiões do Brasil. Eles só esqueceram de que, além da inflação descontrolada e da carestia, há mais 10 milhões de desempregados no país.

Outra informação, a de que o Auxílio Brasil aumentou o número de beneficiários, é insuficiente para apagar a tragédia da fome no país. O que verdadeiramente aumentou, devido à crise econômica gerenciada e promovida por Bolsonaro, foi o número de famílias endividadas, de pessoas sem renda e que não têm o mínimo suficiente para colocar a comida no prato.

A destruição da dignidade do povo brasileiro prometida – e entregue – por Bolsonaro fez do Brasil um país onde o número de beneficiários do Auxílio Brasil já supera o de empregados com carteira assinada em metade (50,3%) dos municípios.

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A precarização das relações trabalhistas propiciada pela “reforma” de Michel Temer se agrava em três anos e meio de Bolsonaro e em 2022 chega ao ápice, com desemprego, inflação e juros na casa dos dois dígitos.

A mentira defendida pelo governo de Bolsonaro tenta vender a ideia de que o alegado crescimento da desnutrição e da insegurança alimentar não tem impactado “indicadores de saúde ligados à prevalência da fome”. De modo intelectualmente desonesto, o “estudo” ignora pesquisas que reúnem especialistas de universidades e instituições como a rede Penssan, além da Organização Mundial das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), entidades que já demonstraram o crescimento da desnutrição e da insegurança alimentar no país.

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Manipulação dos dados

Os pesquisadores do Ipea citam a literatura, manipulada por Figueiredo, para destacar as evidências de que nos últimos anos o país retrocedeu quase três décadas, chegando a 2022 com números observados nos anos 1990: 33 milhões de pessoas com fome e 58,7% das famílias em algum grau de insegurança alimentar.

“Em paralelo, o número de pessoas abaixo da linha da pobreza cresceu para 23,7% (19,8 milhões de pessoas) em 2021, maior percentual em série histórica de dez anos”, aponta a nota.

“No entendimento do Sindicato, os entes públicos violaram a cartilha que o próprio Ipea circulou para os servidores, na qual são orientados a como proceder em período eleitoral, bem como fizeram uso da instituição para produção subliminar de propaganda governamental, configurando abuso de poder político. Com a ação, a Afipea pretende conter o abuso de poder praticado pelo presidente do Ipea, Erick Figueiredo”, afirmou a entidade em nota.

A denúncia contesta ainda que a divulgação de pesquisas no Ipea está condicionada à “discussão, avaliação e aprovação prévia” pelos técnicos do órgão, com a finalidade de preservar a qualidade e o rigor dos trabalhos divulgados, o que não aconteceu.

“A utilização da instituição para a produção subliminar de propaganda governamental em período de defeso eleitoral configura explícito abuso de poder político, devendo ser coibida pelas autoridades eleitorais competentes”, completa o texto.

PT exige explicação do presidente do Ipea

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) apresentou requerimento de convite ao presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Erik Alencar de Figueiredo, para que ele explique à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) a nota do órgão, divulgada em 17 de agosto, que contesta o aumento da fome no Brasil durante o governo atual.

“Estou solicitando que o presidente do IPEA venha ao Senado explicar a nota falsamente ‘técnica’ que ele assinou para maquiar dados gritantes do crescimento da fome no Brasil sob o desgoverno Bolsonaro. A desnutrição e a insegurança alimentar desesperam a população. Não calaremos”, disse o senador.

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Da Redação, com informações do Estadão e do PT no Senado

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