Inflação de Bolsonaro não para de subir e bate novo recorde em abril

Ainda em alta, combustíveis dolarizados e comida fazem IPCA ultrapassar 12% em um ano. Economia é a principal preocupação de metade dos entrevistados em pesquisa. É o maior aumento em abril, desde 1996

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Governo Bolsonaro arrocha renda do povo

Nada de novo no front. Na guerra de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes contra a economia popular, a inflação continua avançando sobre orçamentos familiares destruídos pela ação nefasta da dupla. Desta vez, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,06% em abril, na maior alta para o mês desde 1996.

Divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador já acumula alta de 4,29% em 2022. Nos últimos 12 meses, a carestia chegou a 12,13%, maior patamar para o período de um ano desde outubro de 2003. Em março, o IPCA (1,62%) já havia atingido o maior nível em 28 anos, fazendo a inflação chegar a 11,30% em 12 meses.

Todas as áreas pesquisadas apresentaram alta. A disseminação da carestia também aumentou, e quase oito em cada dez dos 377 produtos e serviços pesquisados estão mais caros. O índice de difusão passou de 76,13% em março para 78,25% em abril, o mais intenso desde janeiro de 2003. Entre produtos não alimentícios a difusão se manteve em 77,51%, mas entre os alimentícios acelerou de 74,40% para 79,17%.

Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em abril. Mas a carestia continua sendo puxada pelos vilões de sempre: a dolarização dos combustíveis, política que Bolsonaro mantém intocada, e o setor de alimentação e bebidas, cuja regulação foi terceirizada pelo ‘superministro’ Guedes para o mercado financeiro.

A maior variação (2,06%) e o maior impacto (0,43 p.p.) da inflação de abril vieram de Alimentação e bebidas. Depois vieram os Transportes (1,91% e 0,42 p.p. de impacto). Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA de abril. Além deles, houve aceleração em Saúde e cuidados pessoais (1,77%) e Artigos de residência (1,53%).

“Alimentos e transportes, que já haviam subido no mês anterior, continuaram em alta em abril”, afirma o analista da pesquisa, André Almeida. “Em alimentos e bebidas, a alta foi puxada pela elevação dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (2,59%). Houve alta de mais de 10% no leite longa vida, maior contribuição (0,07 p.p.), e em componentes importantes da cesta do consumidor como a batata-inglesa (18,28%), o tomate (10,18%), o óleo de soja (8,24%), o pão francês (4,52%) e as carnes (1,02%).”

Gasolina é maior aditivo da carestia dos combustíveis

No caso dos transportes, aponta Almeida, a alta foi puxada principalmente pelo aumento nos preços dos combustíveis. Alavancados pela política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada sob Michel Temer e mantida por Bolsonaro, os combustíveis continuam subindo (3,20% e 0,25 p.p.), como em março. O destaque é a gasolina (2,48%), produto com maior impacto positivo (0,17 p.p.) no índice do mês.

“A gasolina é o subitem com maior peso no IPCA (6,71%), mas os outros combustíveis também subiram. O etanol subiu 8,44%, o óleo diesel, 4,74% e a ainda houve uma alta de 0,24% no gás veicular”, ressalta Almeida. Incluídos no grupo Habitação, o gás de botijão (3,32%) e o gás encanado (1,38%) também subiram, seguindo a carestia generalizada dos preços administrados pela gestão bolsonarista da Petrobrás.

Houve ainda aceleração nos grupos Saúde e cuidados pessoais (1,77%) e Artigos de residência (1,53%). A aceleração do grupo Saúde e cuidados pessoais (1,77%) decorre principalmente da alta dos preços dos produtos farmacêuticos (6,13%), que contribuíram com 0,19 p.p. no índice geral. O reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos foi autorizado em 1º de abril, o popular “dia dos bobos”.

Único grupo a apresentar queda, Habitação (-1,14%) foi influenciada pela mudança nos preços da energia elétrica (-6,27%) a partir de 16 de abril, quando se passou a cobrar bandeira tarifária verde no lugar da escassez hídrica. Desde setembro de 2021, a taxa extraordinária criada pelo desgoverno Bolsonaro acrescentava R$14,20 a cada 100Kwh consumidos. Essa queda contrabalanceou as altas no gás de botijão e no encanado.

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que calcula a inflação para famílias de baixa renda e é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS, subiu 1,04% em abril, contra 1,71% em março. Foi a maior variação para abril desde 2003 (1,38%). No ano, o INPC acumula alta de 4,49% e, nos últimos 12 meses, de 12,47%.

BC “autônomo” fracassa e economia é a maior preocupação do povo

Os números estão muito acima da meta do Banco Central (BC) para a inflação neste ano: 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Também superaram o esperado em pesquisa da agência de notícias Reuters: inflação de 1% em abril e de 12,07% em 12 meses. A mediana das 39 projeções colhidas pelo Valor Data era de taxa de 1% em abril e de 12,06% em 12 meses.

Há oito meses consecutivos a inflação permanece acima dos dois dígitos, mesmo com o maior ciclo de altas da taxa básica de juros (Selic) promovido desde 1999. Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC determinou o décimo reajuste consecutivo do arrocho monetário iniciado em março de 2021, quando a Selic esteve no piso histórico de 2% e a inflação já estava descontrolada.

Mesmo com a “autonomia” conquistada em 2021, o BC continua fracassando em sua atribuição principal, que é o controle inflacionário. Divulgada nesta quarta, a sondagem da Quaest Pesquisa e Consultoria revela que 50% dos eleitores acreditam que a economia é o principal problema do país.

Entre os 50% preocupados com a economia, 18% dizem que é a inflação o principal problema do país e 13% o desemprego. Em set/21, apenas 6% diziam espontaneamente que a inflação era o principal problema”, analisa o diretor do instituto, Felipe Nunes, em seu perfil no Twitter. Segundo ele, o protagonismo da inflação é “preditor de eleição de mudança”. Que seja mesmo…

Da Redação, com Imprensa IBGE

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