Previdência de Bolsonaro penaliza jovem que trabalha desde cedo

Brasileiros que trabalham como jovem aprendiz terão que trabalhar 11 anos a mais para conseguir se aposentar, segundo as regras da reforma apresentada

A reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL) é a mais evidente de suas pautas antipovo até o momento. Ela não beneficiará o brasileiro e também não vai acabar com os privilégios como o da aposentadoria dos militares. A proposta será ruim para as mulheres, para os trabalhadores do campo, para os idosos e para outros setores da sociedade brasileira, entre elas a parcela mais pobre do país.

Com as mudanças propostas pela dupla Bolsonaro e Paulo Guedes, o pobre vai ter que trabalhar 11 anos a mais para se aposentar. Isso porque a população mais pobre costuma começar a trabalhar mais cedo e com a reforma da Previdência terá que contribuir mais anos ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do que o mínimo necessário hoje em vigor.

Na reforma de Bolsonaro, o tempo de contribuição para ter direito à 100% de aposentadoria é de 40 anos e a idade mínima é de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens.

Um trabalhador mais pobre – que conseguiria contribuir com o mínimo da Previdência – e começa a trabalhar aos 14 anos como jovem aprendiz, por exemplo, terá que contribuir 48 anos (para mulheres) e 51 anos (para homens) até atingir a idade mínima.

Uma pessoa de classe média ou classe alta, que inicia sua vida profissional aos 25 anos, por exemplo, terá que trabalhar 30% a menos para alcançar a idade mínima e receber o mesmo valor.

Em reportagem ao UOL publicada nesta segunda-feira (18), o advogado João Badari, especialista em direito previdenciário, questiona a proposta da Previdência. “A pessoa que começou aos 14 anos terá saúde para trabalhar até os 65? Será que ele terá trabalho por todo esse tempo? Não está claro se ele conseguirá contribuir por 40 anos para conseguir um benefício integral quando se aposentar.”

O advogado ainda comenta a diferença entre a expectativa de vida. “O texto não levou em conta todos esses pontos. Em São Paulo, temos regiões da capital com expectativa de vida inferior a 60 anos e superior a 80.”

No Brasil há 444 mil pessoas que trabalham como jovem aprendiz (dado colhido em dezembro de 2018) na faixa entre 14 e 24 anos. Esta mudança na Previdência prejudicará diretamente grande parte destes trabalhadores.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do UOL

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