Proteção policial: Pressione por segurança para Ana Lúcia Martins, primeira mulher negra eleita em Joinville SC
Basta um clique. Ela tem sido ameaçada de morte e sofrido vários ataques racistas nas redes sociais. Um deles dizia ‘agora só falta a gente matar ela [sic] e entrar o suplente que é branco’
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Redação, Elas Por Elas
Nesta semana, diversas organizações lançaram uma plataforma para pressionar a Secretaria de Segurança Pública do estado de Santa Catarina no sentido de garantir a proteção da vida da candidata eleita pelo PT, Ana Lúcia Martins, primeira vereadora negra de Joinville.
Você pode pressionar clicando aqui que enviará um email para o Secretário de Segurança Pública, Coronel da PM Carlos Alberto de Araújo.
Ainda durante as eleições, Ana Lucia Martins (PT) teve que procurar segurança abrindo um boletim de ocorrência contra ameaças que vem recebendo em suas redes sociais desde o anúncio de vitória. As mensagens recebidas diziam: “Agora só falta a gente m4t4r el4 [sic] e entrar o suplente que é branco”.
“É dever do Estado de Santa Catarina (Ministério Público/Justiça/ Justiça Eleitoral/Secretaria de Segurança) garantir a segurança de Ana Lúcia, com carro blindado, escolta, celeridade nas investigações e responsabilização de quem está ameaçando, para que ela possa exercer o seu mandato com plenitude”, aponta o documento que aciona a Secretaria de Segurança Pública.
A iniciativa da é da Comissão de Defensores/as de Direitos Humanos do Conselho Nacional de Direitos Humanos, o Comitê Brasileiro de Defensores e Defensoras de DH e um grupo de organizações da sociedade civil e movimentos de mulheres negras, entre elas a ONG Terra de Direitos, o Instituto Desenvolvimento e Direitos Humanos e a Rede de Mulheres Negras do Paraná com apoio do Instituto Marielle Franco e da ONG Justiça Global. Elas estarão no estado catarinense para se reunir com a vereadora Ana Lúcia, com o Ministério Público local e com a delegada responsável pela investigação do caso.
O Partido dos Trabalhadores acionou o TSE e a Procuradoria Geral Eleitoral para garantir a proteção de Ana Lúcia Martins e de outras candidatas que sofreram violência de gênero e racismo ao longo da disputa. O documento inclui casos de agressões e ataques contra mulheres de diversos partidos, e exigiu providências e segurança antes, durante e depois do pleito.
Mulheres negras enfrentam violência e racismo também na disputa eleitoral
No Brasil, as mulheres negras sofrem para serem eleitas e também por serem eleitas. Além de Ana Lúcia, tivemos a tragédia com Leila Arruda, candidata a prefeita em Curralinho (PT-PA), que foi brutalmente assassinada a facadas pelo ex-marido, de quem estava separada há mais de três anos. Com uma campanha que demarcou a luta das mulheres, em defesa da educação pública de qualidade, Leila teve sua vida ceifada por um homem que se julgou no direito de tirar a vida dela.
Na Bahia, Major Denice (PT-BA), candidata a prefeita de Salvador, enfrentou a violência política na campanha pela ocupação do Palácio Thomé de Sousa (sede da prefeitura soteropolitana). Nesse caso, além de lidar com xingamentos e atos racistas nas redes, ela ainda teve que combater a campanha de desinformação e fake news.
Outro caso denunciado foi o da educadora e fundadora da Rede de Mulheres Negras da Bahia, Lindinalva de Paula (PT-BA). Ela sofreu um ataque de hackers no lançamento online da pré-candidatura, um mês antes do início da propaganda eleitoral. A atividade realizada na plataforma Google Meet foi invadida por dois perfis que interromperam a transmissão com imagens pornográficas, termos ofensivos e saudações ao atual presidente, Jair Bolsonaro.
Benedita da Silva (PT-RJ), candidata a prefeita pelo Rio de Janeiro, prestou diversas queixas de crime de racismo, injúria e difamação por conta de ofensas racistas que sofreu nas redes sociais. E, coincidentemente, Benedita, que também é deputada, foi alvo de ataques racistas no mesmo dia em que o TSE aprovou sua proposta de cotas eleitorais para negros.
Ainda na capital fluminense, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), se mudou do Rio de Janeiro com sua família por conta das diversas ameaças contra a sua vida e de seus parentes.