Quatro anos de golpe: o Brasil resiste à sua destruição

“Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”, vaticinou Dilma, na época, advertindo àqueles que apostavam na destruição do PT e da democracia

O dia 31 de agosto de 2016 ficará para a história do Brasil como um marco da tragédia institucional, política, econômica e social em que o país foi mergulhado. Nesse dia, o Brasil assistiu a consumação do golpe parlamentar, jurídico e midiático, baseado em um vergonhoso processo sem qualquer prova. Após mais de três meses da abertura do processo que afastou temporariamente Dilma, o Senado concluía um julgamento de “cartas marcadas”, pelo placar de 61 a 20. Um golpe de Estado em novo estilo, com apoio do sistema financeiro e da indústria do petróleo, que afastou do poder a presidenta Dilma Rousseff, eleita em 2014 com 54 milhões de votos, a primeira mulher a ocupar o comando do País.

Hoje, completam 4 anos do golpe contra Dilma, dia que a elite política abriu caminho para o desmonte e o descalabro que criou Bolsonaro. Depois da retirada de direitos e políticas públicas, o que se vê é o bizarro

Presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR)

“Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar”, afirmou Dilma em pronunciamento após a decisão. “Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado”, disse mais.

Golpe contra o Brasil

Advertindo que acabavam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem qualquer justificativa constitucional, Dilma alertou para as consequências daquela decisão. “O golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática”, disse. “O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”, completou sinalizando o futuro que hoje assombra o país em todos os segmentos apontados.

LEIA O PRONUNCIAMENTO DE DILMA

“O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido”, disse ainda a presidenta afastada, antecipando as ações e medidas que se sucederam contra todos os setores populares. Ao afastamento de Dilma, veio a perseguição ao presidente Lula, também condenado sem provas.

Quatro anos de desastre

Passados quatro anos, o Brasil está mergulhado no caos social, econômico, política e institucional. O desdobramento do golpe levou ao governo Bolsonaro, que aposta em destruir o Estado nacional e transformar o Brasil em uma colônia agro-exportadora. Nesse período, os interesses golpistas atacaram a Petrobras, alterando o regime de partilha, para a exploração do petróleo. Com a Emenda 95, garrotearam o orçamento do país, congelando investimentos públicos por vinte anos, mas liberando o saque para o sistema financeiro. Feriram de morte os direitos dos trabalhadores com as reformas trabalhista e previdenciária.

O governo Bolsonaro também empurrou o Brasil para a desastrosa aliança servil com os Estados Unidos, afastando o país do papel de “soft power” mundial. A soberania do Brasil é ofendida diariamente com medidas como a venda de refinarias da Petrobras, o desmonte da indústria de Defesa e a submissão à política comercial norte-americana. Em menos de dois, o “Brasil acima de tudo” se transformou em “American first”, isolando o Brasil nas relações internacionais, comerciais e políticas. O governo de ultra-direita de Bolsonaro é, em última instância, o produto final do golpe de Estado que, hoje, muitos dos seus autores, operadores e apoiadores, tentam se justificar.

“Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.”
(Trecho de poema do poeta russo Vladimir Maiakovski, citado por Dilma)

PT e democratas resistem

Ao relembrar os quatro anos passados, no entanto, a presidenta Dilma, o PT e os democratas do país, não tem apenas a memória daquele dia para lembrar. Ao contrário, nesses quatro anos, a resistência cresceu, a sociedade avançou na compreensão do que fato ocorreu. O golpe de Estado foi desmascarado e a farsa da Lava Jato contra Lula também caiu em descrédito. O país avança para enfrentar o maior desemprego de sua história  e a completa destruição da indústria nacional e dos pequenos negócios.

Ao contrário do que esperavam os golpistas, Dilma, Lula e o PT seguem na luta, apontando os caminhos para a Nação.  “Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles”, vaticinou Dilma, na época. “Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de Estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”, completou Dilma.

Da Redação

 

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