Representante da FAO reafirma papel da agricultura familiar para alimentação saudável

Rafael Zavala saudou a produção de assentamentos e cooperativas do RS como iniciativas sustentáveis

Mauro Mello

Mexicano representando a ONU participou do painel Alimentação e Desafios Contemporâneos

Produzir alimentos saudáveis em sistemas alimentares sustentáveis, promovendo uma nova cultura alimentar, baseada na inclusão, na alimentação orgânica e agroecológica e que fomente a agricultura familiar. Estes são alguns dos principais desafios para os próximos anos no que tange à questão alimentar no mundo, aponta o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) Rafael Zavala, que nesta segunda-feira (11) participou do painel Alimentação e Desafios Contemporâneos, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Promovido pela Frente Parlamentar da Alimentação Saudável, presidida pelo deputado Edegar Pretto (PT), o evento foi realizado no Memorial do Legislativo, em conjunto com entidades da sociedade civil. Rafael, mexicano, participou também do lançamento no Rio Grande do Sul da Década da Agricultura Familiar 2019-2028, promovida pela ONU. Em ambas as atividades, ele reforçou a importância da agricultura familiar para impulsionar o desenvolvimento sustentável.

O representante da FAO salientou as iniciativas gestadas no Rio Grande do Sul, que se destacam pelo incentivo à agricultura familiar e ao cooperativismo. “Estou contente de estar aqui no RS, uma potência de modelos mais pulsantes de agricultura familiar. A chave da inclusão é a associação, o cooperativismo dos pequenos. A medida que isso é exitoso, teremos uma inclusão permanente, econômica e social”, afirma.

“Aqui tem o Movimento Sem Terra que gerou a estratégia do arroz orgânico. Um sonho! Aqui tem condições favoráveis para seguir sendo exemplo, ditando a pauta”, pontua. Zavala citou ainda, como exemplo de política pública que aproxima a agricultura sustentável do consumo nas cidades, as políticas de alimentação orgânica nas escolas e a experiência de agroecologia desenvolvida no município de Nova Santa Rita.

“A agricultura familiar busca redes de produção que tem baixa pegada de carbono, apesar de que a exportação continua sendo pouco sustentável”, avalia. Já sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos, Zavala aponta que, além de políticas públicas, também é necessária uma mudança cultural: “Precisamos promover convencimento, exigir como cidadão o acesso a alimentos saudáveis.”

O desafio da alimentação saudável é muito mais complexo que o da fome, explica Zavala: “Na América Latina, agora, tem mais pessoas obesas do que com fome, o que requer mudanças mais complexas. Ninguém está contra a erradicação da fome, porém contra obesidade existem muitas forças opostas”, disse, criticando o êxito publicitário de alimentos não saudáveis. “Mediante estratégias, se convence a população equivocadamente que elege alimentos que não deveria. Há também as forças sedentaristas, o fast food, elemento produtor de obesidade.”

Na avaliação do presidente da Frente, Edegar Pretto, esse debate é fundamental para a economia e para os camponeses do Estado. “A produção agrícola no RS é muito importante, mas nossa reflexão e ação é que se mantenha uma agricultura familiar diversificada, com possibilidade de garantir renda a famílias do campo. E não somente a produção, mas que tenha possibilidade de desenvolver uma alimentação saudável, com produção limpa, que de aos consumidores pelo menos o direito a escolha”, ratifica.

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