Retrocessos de Temer vêm a galope, afirmam líderes indígenas
Em reunião com a bancada do PT no Senado, lideranças de diversas etnias denunciaram os ataques do governo golpista aos direitos dos povos indígenas
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A bancada do PT no Senado recebeu lideranças indígenas de diversas etnias que participam do Acampamento Terra Livre, nesta quarta-feira (26), para ouvir as reivindicações das comunidades, assim como as denúncias de retrocessos nos direitos e nas políticas indigenistas com o governo usurpador de Michel Temer.
“O PT tem compromisso histórico, programático e de luta com o povo indígena. O presidente Lula colocou a pauta indígena sob a luz do dia, colocou a negociação das reivindicações indígenas na mesa”, declarou a líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), reconhecendo os avanços, mas também os equívocos e limites dos governos do PT neste assunto.
A líder destacou as políticas públicas indigenistas implantadas durante as gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta eleita Dilma Rousseff, que resultaram no aumento do número de demarcações de terras indígenas e na maior atenção à questão da saúde indígena, especialmente com a chegada de profissionais do programa Mais Médicos.
“Nós tivemos esse foco. Mas sabemos que esse governo não tem esse foco. O problema desse governo é que governa apenas para a parcela mais rica da população”, enfatizou.
Para a coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara, os retrocessos de Temer para os indígenas estão vindo a galope.
“A maior bandeira de luta dos povos sempre foi a garantia territorial e a gente continua com essa pauta muito latente, porque o risco agora, além de paralisar com as demarcações, tende a ser retroceder e rever terras já regularizadas, já demarcadas. Então isso para nós traz uma ameaça muito maior”, afirmou.
Sonia parabenizou a iniciativa da bancada e pediu que os parlamentares possam apresentar e defender as pautas indígenas dentro do Congresso. Mas ressaltou que os povos indígenas seguem firmes na luta. “Vamos mostrar que estamos firmes, alertas, observando e que não vamos recuar”, garantiu.
Presente ao encontro com as lideranças indígenas, o senador Paulo Rocha (PT-PA) destacou a disposição da bancada petista em ouvir as pautas das etnias em um momento de interação e articulação para unir forças para uma reação conjunto.
“Nossa primeira palavra para vocês é de solidariedade pelo ocorrido de ontem”, afirmou o senador, em referência ao ataque sofrido pelos indígenas em frente ao Congresso Nacional.
Nesta terça-feira (25), cerca de três mil indígenas e militantes indigenistas, que participam esta semana do Acampamento Terra Livre, com etnias de todo o País, foram atacados com balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás pimenta ao tentar fazer um ato de protesto no espelho d’água do Congresso Nacional.
O ataque foi desferido pela Polícia Legislativa do Congresso e pela Polícia Militar do Distrito Federal.
Para Rocha, a ação da polícia demonstra com volúpia e firmeza como o governo golpista quer resolver os problemas, “atendendo principalmente aos interesses internacionais e dos grandes capitalistas do Brasil”.
“Quando a gente tem um tratamento como o de ontem, que a população indígena chega aqui e é tratada assim pela polícia, é porque o governo fracassou enquanto mediador das relações sociais. Porque quando você coloca a polícia para tratar com os movimentos sociais, é porque acabou a mediação”, completou Gleisi.
Segundo a líder indígena Sonia Guajajara, a violência com que os manifestantes foram tratados não foi nenhuma surpresa para eles.
“O episódio de ontem mostra que estamos voltando ao período de repressão, como foi na Ditadura. Mas não ficamos surpresos porque sabemos que é orientação desse governo agir assim, e não chega nem perto ao que a gente vive todo dia, nos conflitos nas nossas terras”, enfatizou.
Para o senador Paulo Rocha, a presença das lideranças indígenas em Brasília mostra que todos os povos querem resistir e impedir que avancem os retrocessos impostos por Temer e seus aliados no Congresso.
“A presença de vocês faz com que a gente combine os lutadores do Congresso com a luta de vocês nas ruas, nas aldeias. Não somos apenas aliados, somos também companheiros da mesma luta”, apontou o senador do Pará.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias