Roberto Requião, ao ‘Jornal PT Brasil’: “Lula é a luz no fim do túnel”

Na estreia do Jornal do PT, Requião defende retomada da soberania para barrar “boçalidade do liberalismo” e circo onde Bolsonaro “anima o picadeiro enquanto Guedes governa a serviço do capital”

Foto: Divulgação

Requião: Lula é o nome capaz de conduzir o Brasil a uma transição democrática que permita recuperar a soberania

Aquisição das mais valiosas para as fileiras da linha de frente do Partido dos Trabalhadores, ao qual filiou-se no mês passado, o ex-prefeito de Curitiba, ex-governador e ex-senador do Paraná Roberto Requião concedeu sua primeira entrevista à TvPT, na estreia do Jornal PT Brasil, na manhã desta terça-feira (5). Na conversa com a apresentadora Amanda Guerra, Requião apontou o ex-presidente Lula como o único nome capaz de conduzir o Brasil a um período de transição democrática que permita ao país recuperar a soberania em um governo que promova pleno desenvolvimento econômico e justiça social. “Lula é a luz no fim do túnel”, resumiu Requião.

Para ele, a Petrobras é o instrumento central na formação de um profundo sentimento de nacionalismo, onde o povo tenha plena consciência do real potencial do país: “Só vamos poder avançar na medida em que a consciência popular, a inteligência do povo a respeito da economia, das relações internacionais, da inserção do Brasil no mundo, ficarem claras para o nosso eleitor. Não vai bastar ter uma bancada afinada, o povo precisa estar afinado com as mudanças que o Brasil precisa”, conclamou o petista.

Requião também reforçou que uma vitória de Lula significa um reposicionamento do país diante de um modelo geopolítico ultrapassado, representado, no Brasil, pelo que há de pior na cartilha neoliberal, a dupla Bolsonaro e Guedes. Para ele, o país precisa avançar “nesse processo civilizatório que foi interrompido pela boçalidade do liberalismo econômico e por esse circo que o país se transformou. Segundo Requião, Bolsonaro atua como animador do picadeiro, enquanto Paulo Guedes governa “a serviço do capital financeiro e da concentração de renda”.

De acordo com o líder paranaense, Lula não é um candidato de um partido apenas, mas do país. “É um candidato desse movimento de recuperação do Brasil, para um governo de transição à restituição da soberania, à dignidade do trabalho, à política de emprego, à política de desenvolvimento sustentável”, reforçou Requião, para quem Lula é a força contra a “falta de identidade dos governantes com o povo, a falta de fraternidnade, e de amor, que Lula tem de sobra”.

Desindustrialização é ameaça

Requião lamentou os retrocessos causados pela política de desindustrialização a partir do golpe de 2016 e que hoje ameaçam o futuro do país. Na visão do político, o Brasil está perdendo uma oportunidade histórica para acelerar seu desenvolvimento econômico. “Em 1980, estávamos em uma posição privilegiada no mundo. O Brasil produzia, industrialmente, mais do que os Tigres Asiáticos: Malásia, Tailândia, Coreia do Sul e China! Hoje não produzimos 9% do que eles produzem”, observou Requião.

A desindustrialização atual, argumenta o petista, é resultado da geopolítica dos EUA, “hoje dominado pelo capital rentista, monopolista e hegemônico” no mundo. “Temos de escapar disso, e a oportunidade surge agora”, insistiu.

“Isso aumenta a esperança que eu tenho em um governo Lula. [Temos] esse conflito entre Rússia e EUA, no qual a Ucrânia é massa de manobra. O sistema está em jogo, e está na hora de o Brasil colocar o seu projeto nacional, para o seu processo civilizatório ter continuidade e acabar com esse liberalismo que não se preocupa com as pessoas”, justificou.

Papel crucial da Petrobras

Requião reforçou o papel crucial da Petrobras no desenvolvimento do Brasil e na construção de um mundo multipolar cujo desenho geopolítico seja mais favorável à América Latina. Ele lembrou que, até pouco tempo, a Petrobras era responsável por 80% dos investimentos no país.

“O petróleo, pelos próximos cem anos, vai continuar sendo o sangue do coração que movimenta o desenvolvimento do planeta terra”, assegurou. “Veja que os EUA, que queriam ocupar a Venezuela e induziram o Bolsonaro a provocar um atrito com Maduro, fizeram um acordo para aproveitar um pouco desse lençol petrolífero, que se não  me engano, é o maior do mundo hoje. O petróleo é essencial”, resumiu.

“Agora [a Petobras] está dando lucros extraordinários, com a subida do preço da gasolina, e mandando para os acionistas na Bolsa de Nova York. Lula tem razão, temos de dar um jeito nisso”, definiu.

Capital financeiro, vadio e improdutivo

Na entrevista, Requião identificou ainda o capital financeiro como o principal inimigo do país. “É o capital que não é produtivo, é vadio, não produz um bem econômico necessário à nossa vida em sociedade, que não gera emprego, que vive da ciranda financeira”, condenou Requião.

“É na linha do que diz o papa Francisco: esse sistema globalizante proposto pelo capital financeiro a partir do domínio americano, é o inimigo do mundo”, observou.

Requião voltou a enfatizar o papel da Petrobras no enfrentamento da velha ordem imposta pelo mercado rentista. “Hoje temos, se não me engano, 66,6% das ações da Petrobras nas mãos do capital financeiro. Isso é horrível, o capital financeiro não pode comandar o mundo. Não é possível que o petróleo que sai do solo brasileiro seja apropriado por interesses que não são os do Brasil”, criticou Requião.

Sem o controle da Petrobras, o petista argumenta, o Brasil “não será mais nosso. [Precisamos] ter o controle para colocar freios no capital financeiro que hoje comanda o Banco Central”.

No governo do Paraná, o social em primeiro lugar

Requião foi enfático ao defender os interesses do povo brasileiro em primeiro lugar, em detrimento de benefícios de grupos privados. Ele lembrou das políticas adotadas por ele nos mandatos de governador do Paraná, especialmente no período em que Lula era presidente, e citou a redução de impostos para micro e pequenos empresários, que devem ser “sempre respeitados” em sua opinião.

“Quando fui governador, reduzi a zero o imposto do micro empresário e  baixei de 18% para 2,5% o do médio”, explicou Requião. Além disso, ele reduziu o imposto de 105 mil itens na crise de 2008.

Requião também reiterou que riquezas como energia e água não podem ser entregues ao capital privado e devem ser administradas pelo Estado, em benefício da população. Ele afirmou que o preço exorbitante da energia elétrica, como no resto do Brasil, é um escândalo, resultado do desmonte da companhia do estado.

Negação da política, esquecimento do povo

Ele denunciou que o governo atual, tal qual Guedes, adota uma política voltada apenas aos fundos de investimento, “onde aplicam pessoas que não sabem nem onde fica o Paraná mas querem aumentar os seus dividendos”.

“Isso é produto da nova política”, criticou. Para Requião, são pessoas despreparadas politica e administrativamente, verdadeiros apedeutas. “Eles diziam, “temos de mudar a nova política””, prosseguiu. “É um desastre, esse governo Bolsonaro, o Congresso Nacional, totalmente incapaz de pensar, e a política no Paraná, que esqueceu que existe povo, mas oferece R$ 17 bilhões de isenção para firmas multinacionais, em sigilos fiscal”, espantou-se o líder paranaense.

Da Redação

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