Senado inaugura memorial em homenagem a vítimas da Covid-19
Memorial reúne 27 prismas de mármore representando as unidades da Federação. Para Humberto Costa (PT-PE), “ficará como uma grande marca para que jamais esqueçamos essa grande tragédia que viveu nosso país”
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A lembrança das quase 639 mil vítimas da covid-19, as críticas à condução do governo no combate à pandemia e a valorização das vacinas e da ciência marcaram, nesta terça-feira (15) a inauguração do Memorial às Vítimas da COVID-19 no Brasil. Localizado no Senado, o memorial tem estruturas que simbolizam velas em homenagem às vítimas da doença. Os senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Humberto Costa (PT-PE), Jean Paul Prates (PT-RN) e Rogério Carvalho (PT-SE) participaram da cerimônia.
“Esse memorial construído por sugestão da CPI da Covid tem o objetivo e deixar vivo na memória brasileira o registro dos anos difíceis que passamos no enfrentamento da pandemia e a falta de responsabilidade política e sanitária do governo Bolsonaro. É uma homenagem que prestamos às mais de 630 mil vítimas, seus familiares, amigos e ficará como uma grande marca para que jamais esqueçamos essa grande tragédia que viveu nosso país”, destacou o senador Humberto Costa.
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, lembrou os três senadores que perderam as vidas para a doença — Arolde Oliveira, José Maranhão e Major Olímpio —, além dos servidores vitimados pela covid-19 e dos profissionais de saúde, que fazem parte de um grupo com grande número de acometidos pela doença.
Memorial
O memorial, localizado na parte superior do Auditório Petrônio Portela, reúne 27 prismas de mármore, representando as unidades da Federação. Os prismas são iluminados internamente e simbolizam velas em honra das vítimas da doença no Brasil. O distanciamento entre as estruturas vai permitir aos visitantes um passeio entre as luzes. O monumento, projetado pelos arquitetos Vanessa Bhering e André Luiz Castro, conta com rampas para o acesso de pessoas em cadeiras de rodas.
A criação do monumento está prevista na Resolução do Senado Federal nº 26, de 2021. A resolução tem origem no PRS 46/2021, apresentado pela CPI da Covid que tinham como integrantes os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE).
Ao homenagear as vítimas e relembrar os trabalhos da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator do colegiado, lamentou a postura do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante toda a pandemia e afirmou que o Brasil foi vítima do negacionismo e da indiferença. Para ele, o péssimo desempenho do Brasil no combate à pandemia se deve ao comportamento “reiteradamente obscurantista” do chefe da nação. Para ele, muitas das mortes poderiam ter sido evitadas.
“São quase 640 mil óbitos, muitos deles evitáveis se houvesse respeito às recomendações da ciência, aquisição tempestiva dos imunizantes, correta orientação de campanhas verdadeiras sobre a situação sanitária mundial, todas as boas práticas aconselhadas pela ciência”, lembrou Renan.
Ele fez um apelo para que os projetos oriundos da CPI sejam votados com maior brevidade possível pelo Senado. Renan Calheiros lembrou que tradicionalmente os projetos oriundos de comissão são analisados diretamente pelo Plenário e fez um apelo o presidente do Senado para que os projetos entrem na Pauta. Em resposta, Pacheco reafirmou seu compromisso de dar seguimento às proposições.
Negacionismo
Também na cerimônia, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que é inaceitável qualquer tipo de audiência feita por instituição pública negar vacina. O senador fazia referência à sessão temática feita na última segunda-feira (14) sobre a efetividade do passaporte sanitário — proveniente da vacinação — a ser adotado como medida de enfrentamento à pandemia de covid-19.
“É inaceitável e um desrespeito às vítimas da pandemia que, em tempos atuais, ter qualquer tipo de audiência em instituição pública a negar a vacina, seja para adultos ou crianças. Esse é um memorial para que nunca mais aconteça, mas ele não é o bastante. É preciso dar seguimento ao relatório da CPI e, sobretudo, não dar espaço ao negacionismo fascista propagandeador da morte é um dever civilizatório dos tempos em que vivemos”, destacou.
Gesto
Também participou da cerimônia Sueli Aparecida Belatto, representante da Associação Vida e Justiça. A entidade de apoio e solidariedade às vítimas vivas e aos familiares das vítimas fatais da covid-19. Para Sueli Belatto, a criação do memorial é um gesto importante, que qualquer país civilizado deve ter em consideração às vítimas.
“Para que não se esqueça, e para que nunca mais repitam tragédias como esta é que estamos juntos, lutando para que outras homenagens reais sejam prestadas, como por exemplo, a continuação do fortalecimento do SUS e de todas as instituições que socorrem agora as vítimas de covid. Estamos juntos e seguiremos nessa luta para que ninguém mais perca sua vida inutilmente”, disse.
O presidente da Associação Brasileira de Vítimas da Covid, José Mauro Queijada, agradeceu a homenagem prestada pelo Senado e disse que erros na condução da pandemia vitimaram a população.
Mais homenagens
No mesmo dia, o plenário do Senado aprovou o Projeto de Resolução (PRS 62/2020) denominando “Estúdio Carlos Alberto Pereira” o estúdio da TV Senado situado no Salão Azul.
Carlos Alberto Pereira da Silva trabalhou na TV Senado desde o início da emissora, em 1997. Natural de Anápolis (GO), o cinegrafista faria 64 anos em 8 de dezembro de 2021.
Mesmo em trabalho remoto desde o início da pandemia, quando se afastou da cobertura presencial da Presidência do Senado, ele veio a contrair a doença. Internado no dia 25 de julho de 2020, no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, faleceu no dia 13 de agosto de 2020. Carlos Alberto deixou esposa, seis irmãos, cinco filhos e oito netos.
Do PT no Senado, com informações da Agência Senado