Sindicato alerta para “epidemia de violência” contra professores

Direção do CPERS Sindicato diz que novo caso “é mais uma manifestação da epidemia de violência que vem transformando ofício de educar em profissão de risco”

Guilherme Santos/Sul 21

Ninguém solta a mão do educador

A direção do CPERS (Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul) divulgou nota nesta quarta-feira (7) repudiando o novo caso de agressão contra professores, ocorrido na terça (6), na EEEF Vera Cruz, em Porto Alegre. A nota diz que esse novo caso “é mais uma manifestação da epidemia de violência que vem transformando o ofício de educar em uma profissão de risco”.

Confira a íntegra da nota

Ninguém solta a mão do(a) educador(a): nota sobre a agressão à diretora da EEEF Vera Cruz

A agressão por parte de uma mãe à diretora da EEEF Vera Cruz, em Porto Alegre, ocorrida nesta terça-feira (6), é mais uma manifestação da epidemia de violência que vem transformando o ofício de educar em uma profissão de risco. É o terceiro caso em 13 dias na capital gaúcha, mas a hostilidade que se concretiza pela via física é apenas o elo mais visível de uma longa cadeia de descaso.

O desrespeito, assim como sua contraparte, é pedagógico. Começa por um governo que atrasa salários por 35 meses e tortura educadores(as) com a conivência do sistema judiciário, que nada faz para punir a ilegalidade, e por representantes eleitos Brasil afora que têm o pânico moral como plataforma política, incentivando a perseguição e o denuncismo em sala de aula.

Passa também pelo posicionamento de setores da imprensa, que diante da barbárie, escolhem dar voz aos agressores, alimentando uma disputa de versões sensacionalista e descabida. Ao transformar vítimas em algozes e tomar conhecimento da escola pública somente quando o pior ocorre, conduzem a opinião pública a enxergar a sala de aula como um ambiente hostil, e seus profissionais, como inimigos

É uma narrativa com início, meio e fim, que desemboca na comunidade escolar e leva pais e estudantes a reproduzirem o desrespeito e a violência à sua maneira; física, verbalmente ou apenas lavando as mãos diante da brutalidade sistêmica contra professores(as) e funcionários(as).

Pela manhã, o CPERS visitou os(as) trabalhadores(as) da EEEF Vera Cruz para prestar solidariedade e auxílio jurídico. Na escola, referência de qualidade para a comunidade da região, encontramos profissionais apaixonados pelo ofício mas tomados de perplexidade e medo, acuados pela repercussão e pela sensação de isolamento.

Vivemos um impasse de primeira ordem. É a escola pública que forma a imensa maioria da população para viver, sonhar e construir, literalmente, o futuro do país. Ou a sociedade une forças e forma um front civilizatório em defesa da escola pública, ou retrocederemos muito rapidamente à barbárie. Não há nação no mundo que tenha chegado a patamares elevados de desenvolvimento social e econômico sem investimentos pesados em educação e sem valorizar seus trabalhadores(as).

Ninguém solta a mão do(a) educador(a). Quando nós cairmos, caem todos(as).

Por CUT

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast