Suape: Complexo impulsionado por Lula está sob ameaça com Temer

Com indústria petroquímica, naval e refinaria, Suape impulsionou o desenvolvimento econômico de Pernambuco; agora, está sob ameaça de privatização

Daniela Nader/Divulgação

Vista do porto de Suape, em Pernambuco

O porto de Suape, na região metropolitana do Recife, existe desde a década de 1970. Mas foi sob o governo de Lula que o porto tornou-se um complexo industrial e portuário, reunindo diversas empresas, entre elas um complexo petroquímico, indústria naval, com o estaleiro Atlântico Sul,  e a refinaria Abreu e Lima.

Nesta semana, Lula visitará a região como parte do projeto Lula Pelo Brasil. A capital pernambucana é uma das paradas da viagem do ex-presidente pelo Nordeste, na caravana Lula Pelo Brasil. No Recife, Lula visitará o Museu Cais do Sertão, às 15h30 nesta quinta-feira (24). Na sexta-feira (25), o ex-presidente participará de ato com trabalhadores contra o desmonte, às 10h, em Ipojuca. Às 17h, ele estará em ato da Frente Brasil Popular, na Praça do Carmo. E no sábado, Lula visitará Brasília Teimosa, às 10h.

Após ser um dos principais motores da economia de Pernambuco durante o governo do PT, o complexo está sob ameaça. Suape está na mira das privatizações do governo golpista.

“O porto de Suape só veio se transformar numa realidade concreta com o governo Lula, até então tinha empresas de médio porte”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE). Foi a primeira vez, segundo o senador, que o complexo recebeu investimentos do governo federal. Durante o governo Lula, a União investiu na própria infraestrutura do porto, atraindo diversas empresas, a Petrobras construiu a refinaria de Abreu e Lima e possibilitou a instalação de um estaleiro com a política de conteúdo nacional obrigatório pela petroleira brasileira.

A petroquímica construída no complexo, por exemplo, passou a produzir o material-base para a produção do plástico, que antes era 100% importado da China. Hoje, 51% do mercado nacional é suprido pela petroquímica, que tem a Petrobras como acionista majoritária.

Já na parte naval, navios que antes eram produzidos no exterior passaram a ser feitos em Suape, pelo estaleiro Atlântico Sul, com a capacitação de funcionários. Humberto Costa conta que muitos trabalhadores cortavam cana e foram formados para trabalhar nos estaleiros e na indústria petroquímica. “A indústria naval é estratégica em qualquer país do mundo”, diz ele. Lula e Dilma lançaram a política do conteúdo nacional, que obrigava a Petrobras a comprar seus navios de estaleiros no Brasil. Isso impulsionou a indústria naval não só em Pernambuco mas em várias pares do Brasil.

No auge, quase 30 mil trabalhadores atuavam no complexo. Segundo Henrique Gomes, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado, o estaleiro chegou a empregar 15 mil pessoas.

Rogério Almeida, Coordenador Geral do Sindipetro PE/PB, tornou-se trabalhador da refinaria Abreu e Lima no primeiro concurso realizado. Para ele, foi um marco para desenvolvimento de Pernambuco. “O estado começou a crescer mais que o Brasil”, afirma. Além do complexo em si, todo o entorno também se desenvolveu, sobretudo os setores hoteleiro e imobiliário, conta Almeida.

Desmonte e privatização

Para Humberto Costa, durante a visita de Lula será denunciado o desmonte de Suape. A baixa no ritmo de desenvolvimento já impacta no entorno e na desvalorização imobiliária. Segundo Rogério Almeida, mais de mil trabalhadores já deixaram a refinaria.

A refinaria Abreu e Lima está na mira do projeto de “desinvestimento” da Petrobras, que, na prática, significa que poderá ser vendida em breve. Além disso, as obras da segunda unidade de refino estão paradas, segundo Almeida. “O trem 1 está concluído, produzindo 100 mil barris por dia”, conta. As obras do trem 2, se fossem concluídas, poderiam dobrar essa produção. Segundo Almeida, falta apenas 15% para a conclusão. Almeida conta que o diesel produzido em Abreu e Lima possui uma quantidade menor de enxofre e é utilizado para melhorar o diesel de outros locais do país.

O desmonte também ocorre no estaleiro, que teve as encomendas paralisadas. “Tenho grande preocupação com o desmonte que vem sendo feito, a petroquímica que foi vendida por 10% do valor de mercado que essa empresa teria. Além disso, dois estaleiros estão ameaçados de fechamento porque a Transpetro não fez nenhuma compra a mais nos estaleiros”, afirma Humberto Costa.

Gomes afirma que toda semana são demitidos ao menos 80 funcionários do estaleiro, num processo de desmobilização. Dos 15 mil funcionários que já trabalharam, hoje, apenas 5 mil permanecem, segundo o sindicalista. “As pessoas que se especializaram no setor de navios estão retornando ao seus antigos empregos, vendendo cachorro quente, vendendo tapioca”, explica Gomes.

A suspensão dos contratos e o fim da política de conteúdo local está destruindo o setor, explica Gomes. E o governo golpista, explica, não tem feito nada para tentar reverter esse processo.

A venda da petroquímica foi, inclusive, questionada na Justiça. Isso porque ela está sendo vendida por apenas um terço do valor investido. A transação com a mexicana Alpek tem valor total de R$ 1,2 bilhão, enquanto foram investidos aproximadamente R$ 9 bi.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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