Temer encara votação nesta 4ª sob pressão do PT e movimentos
“É um escândalo que continue presidente”, afirma Gleisi Hoffmann. E Vagner Freitas, da CUT, complementa: “Ele compra deputados, e quem diz é a imprensa”
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Nesta quarta-feira (25) o plenário da Câmara votará a segunda denúncia do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Caso a denúncia seja aceita, ela segue para o Supremo Tribunal Federal, e Temer será afastado por até 180 dias.
A votação terá como base o parecer do deputado tucano Bonifácio Andrada (PSDB-MG), que tenta salvar o pescoço do golpista, pedindo a rejeição da denúncia. E seu relatório foi aprovado na última semana pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da casa. A maioria a favor de Temer (nunca com os votos do PT), tem prevalecido na Casa. Em agosto, a primeira denúncia de Janot contra o golpista foi rejeitada pelo plenário.
O resultado favorável a Temer na CCJ foi obtido com o forte apoio da bancada tucana que, conforme denunciado por deputados do PT, trocou o voto em favor de Temer pelo apoio do PMDB ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). O STF havia decidido pelo afastamento do senador mas o tucano, com o apoio do PMDB, conseguiu se livrar.
Segundo o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, o PT vota contra o relatório de Andrada e, portanto, pela aceitação da denúncia.”Além das denúncias, que são muito fortes, tem tudo que Temer vem fazendo em seu governo”, explica Zarattini. Segundo o líder, o presidente golpista chega desgastado nessa votação, e terá um apoio bem menor do que na primeira, em agosto, quando se safou com o placar de 263 a 227.
Segundo Zarattini, o resultado dependerá muito da postura do DEM. Caso Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, trabalhe para derrubar o golpista e seu partido retire o apoio, existe a probabilidade de que a denúncia seja aceita e Temer seja afastado. Pela Constituição, é preciso o voto de pelo menos 342 dos 513 deputados para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar o caso.
“A votação vai evidenciar o desgaste de Temer junto à sua base parlamentar”, afirmou o deputado. “Promessas não cumpridas, verbas não liberadas, cargos não resolvidos, tudo isso somado a uma gigantesca rejeição do povo brasileiro a esse governo”, diz. Assim como na primeira denúncia, Temer utiliza verbas e cargos públicos para conseguir o apoio dos parlamentares. Segundo ele, como na primeira denúncia o PSDB votou contra Temer, há uma gana da base pelos cargos e ministérios controlados pelos tucanos.
A denúncia apresentada por Rodrigo Janot aponta Temer como líder do grupo do PMDB responsável por desviar R$ 587 milhões em propinas. Eduardo Cunha, Rodrigo Rocha Loures, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e Moreira Franco seriam os outros membros do grupo. A denúncia contra Moreira Franco e Eliseu Padilha serão analisadas juntamente com a do presidente golpista, por serem ministros da Secretaria Geral e Casa Civil, respectivamente.
O grupo teria obtido propinas em negociações em órgãos como a Caixa Econômica Federal, Ministério da Integração Nacional, Petrobras, Ministério da Agricultura, Secretaria de Aviação Civil, Câmara dos Deputados, e Furnas. Além da denúncia de organização criminosa, Temer foi denunciado individualmente por obstrução de justiça.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, denuncia a compra de votos pelo governo golpista. “O que mais me indigna é a compra indiscriminada de votos”, diz ele.
“É uma troca de favores com dinheiro público”, diz. A CUT prepara uma mobilização pelo Fora Temer no dia da votação, na porta do Congresso Nacional.
“Ele compra deputados, e quem tá dizendo isso é a imprensa”, denuncia. Para Freitas, é um escárnio que, em tempos de congelamento de verbas e redução do orçamento, Temer utilize dinheiro público para se manter no mandato. “Esses deputados são claramente comprados com recursos públicos. O congresso não tá fazendo nenhuma avaliação, só está tendo suas verbas liberadas”, diz.
Além da compra de votos por meio de emendas e recursos, Temer também negocia com direitos da população, flexibilizando direitos indígenas e até mesmo relaxando o conceito de trabalho escravo, como foi o caso de portaria publicada na última semana, atendendo a uma demanda dos ruralistas.
A presidenta nacional do PT Gleisi Hoffmann também convoca a população para pressionar os deputados a aceitarem a denúncia. “Temos que pressionar os deputados para que aceitem a denúncia. é um escândalo que Temer continue presidente com tudo o que está acontecendo no Brasil”, diz ela.
“Para isso tanto a CUT, quanto o MST, a frente Povo Sem Medo vão organizar manifestações”, explica. Gleisi pede para que os companheiros de todo o Brasil se mobilizem, vão para a praça, coloquem telão, assistam a votação e acompanhem os resultados. “Nós precisamos firmar o fora temer, ele tem que sair”, diz ela.
Da Redação da Agência PT de Notícias