“Temos que fazer uma greve geral midiática”, diz Márcia Tiburi

Para filósofa, a luta hoje se dá pelos discursos e a esquerda tem que utilizar a comunicação para resistir ao fascismo crescente no Brasil

Kamilla Ferreira/Agência PT

Márcia Tiburi

Depois de sofrer dezenas de ataques verbais e ameaças, Márcia Tiburi desenvolveu estratégias para simplesmente não se chocar nem se importar mais com o ódio. A filósofa contou sua experiência na 8ª edição do Ciclo de Debates Que Brasil é Este?, “A Onda de ódio e preconceito em debate” no Centro de Estudos de Mídias Alternativas Barão de Itararé nesta segunda-feira (4.) Tiburi é autora do livro “Como Conversar com um Fascista”.

Para ela, o fascismo no Brasil – que agride não só minorias como mulheres, LGBT e negros, como também a esquerda – vide o ataque à sede do PT com uma bomba caseira, na semana passada – é fruto do esvaziamento de discursos na nossa sociedade.

“As próprias palavras usadas na forma de clichês passaram a valer como imagens. Frases prontas como clichês fáceis de repetir”, afirma ela. Esses discursos prontos são como “próteses de pensamento”, utilizadas pelos fascistas em suas agressões verbais.

“O fascismo se modificou. Não é o mesmo da época de Mussolini, nem da Alemanha dos anos 1940”, afirma ela. Para a filósofa, o fascismo no Brasil retorna como uma forma de negação do outro.

Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

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Greve midiática

Para a filósofa, a principal ação possível de enfrentamento hoje seria uma greve midiática. “Os meios mais importantes do capitalismo hoje são os meios de produção da comunicação”, afirma ela.

Tiburi acredita que não só a direita como setores da própria esquerda foram enganados pelo discurso de criminalização do PT. Para ela, a esquerda deve parar de tentar encontrar culpados nos parceiros, já que o enfrentamento é com algo muito maior. “O golpe é internacional e neoliberal”, aponta.

“O homem branco já é um capitalismo. Ele vem catequizar e roubar a Amazônia e o pré-sal. O protótipo disso é o José Serra (PSDB). Ele era programado para ferrar com o povo ao seu redor. São sacerdotes da velha política”, afirma ela.

“A minha preocupação nesse contexto todo é saber por que as pessoas aderem com tanta facilidade ao discurso fascista. A gente pode plantar outro discurso. A guerra é simbólica, é imaginária”, diz ela. “Tem uma operação política que se dá no âmbito da superfície. A direita é muito mais inteligente nessa tática”. A filósofa acredita que o poder do capitalismo está na sedução das palavras e que a esquerda tem que saber se utilizar dessa tática.

Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

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Bolsonaro

A filósofa afirmou que gostaria de conhecer a história do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), personagem que acaba por centralizar o discurso de ódio no Brasil hoje, para entender de onde vem seu pensamento. “Ele se empodera fazendo o mal”, diz ele. “O sujeito que discursa de maneira fascista faz isso para impor uma cena de poder, diante do fato de que ele se sente muito mal, muito inferiorizado”.

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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