Terroristas bolsonaristas atacam e invadem Congresso, STF e Planalto
Após atentado à democracia, Lula decreta intervenção na Segurança de Brasília. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e o senador Randolfe Rodrigues denunciam omissão do governo do DF
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Terroristas bolsonaristas que durante semanas acamparam em frente do Quartel General do Exército em Brasília invadiram e depredaram, neste domingo (8), as sedes dos Três Poderes da República: o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Centenas de pessoas que haviam chegado a Brasília de ônibus horas antes também participaram do ataque.
A ação criminosa, que constitui um inaceitável ataque à democracia brasileira e à vontade do povo, que se manifestou nas urnas pela mudança de governo, quase não contou com resistência, uma vez que a Polícia Militar do Distrito Federal não foi mobilizada de acordo com o que a grave situação exigia.
Por isso, o presidente Lula determinou intervenção federal na Segurança Pública do DF (clique aqui para acessar o decreto assinado por Lula) e garantiu que os criminosos, inclusive os financiadores, serão identificados e punidos.
“Eles vão perceber que a democracia garante a liberdade, o direito de livre comunicação, o direito de expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia”, disse o presidente (veja vídeo abaixo), que estava em Araraquara (SP).
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A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF medidas judiciais contra os atos criminosos. Em seguida, o Ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, determinou o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha, por 90 dias, e o incluiu, ao lado do secretário de Segurança Anderson Torres, na lista de pessoas que serão investigadas. Antes, Ibaneis havia exonerado Torres, que foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro.
A facilidade como os manifestantes agiram, chegando a ser acompanhados pela PM até a Praça dos Três Poderes levou a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a apontar, rapidamente, uma clara omissão do governo do Distrito Federal.
“O Governo do DF foi irresponsável. É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador (Ibaneis Rocha) e seu secretário de segurança (Anderson Torres), bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer”, afirmou Gleisi no Twitter, antes mesmo de qualquer medida judicial ser tomada.
Governo do DF foi irresponsável frente à invasão de Brasília e do Congresso Nacional. É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador e seu secretário de segurança, bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) January 8, 2023
“A manifestação terrorista em Brasília já era prevista e contou com a complacência e quase cumplicidade do governador do DF, Ibaneis Rocha. Qualquer coisa que vier a acontecer com a vida das pessoas e ao patrimônio do povo brasileiro, o Sr. Ibaneis Rocha será responsabilizado”, escreveu Randolfe.
A manifestação terrorista em Brasília já era prevista e contou com a complacência e quase cumplicidade do governador do DF @IbaneisOficial. Qualquer coisa que vier a acontecer com a vida das pessoas e ao patrimônio do povo brasileiro, o Sr @IbaneisOficial será responsabilizado.
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) January 8, 2023
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também criticou a omissão da polícia do Distrito Federal: “Esses atos criminosos ferem a democracia brasileira. As instituições não servem a um partido, deveriam ser preservadas. A polícia do DF é omissa! Não podemos pactuar com tamanha violência desses vândalos”.
Esses atos criminosos ferem a democracia brasileira. As instituições não servem a um partido, deveriam ser preservadas. A polícia do DF é omissa! Não podemos pactuar com tamanha violência desses vândalos.
— José Guimarães (@guimaraes13PT) January 8, 2023
De volta a Brasília, Lula foi ao Palácio do Planalto ver os estragos feitos pelos golpistas e se encontrou, em frente à sede do STF com a presidenta da Corte, Rosa Weber, e o ministro Luiz Roberto Barroso. O presidente também agendou uma reunião com os 27 governadores de Estado para a manhã desta segunda-feira (9).
Por volta das 22h30, as forças de segurança do DF, já sob intervenção federal, haviam prendido 300 pessoas que participaram do ataque. Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, as prisões devem prosseguir nesta segunda-feira e serão uma das prioridades do interventor Ricardo Garcia Cappelli, secretário-executivo de Dino.
Crime há tempos anunciado
Os atos terroristas deste domingo há muito vêm sendo planejados e estimulados pelo bolsonarismo. Desde o ano passado, Jair Bolsonaro e seus cúmplices seguem um roteiro muito parecido com o adotado pelo trumpismo nos Estados Unidos para atacar a democracia.
Como seu ídolo norte-americano, Bolsonaro atacou sistematicamente o processo eleitoral brasileiro, colocando dúvidas sobre a confiabilidade das urnas, com o claro intuito de, mais tarde, não reconhecer sua derrota.
Após perder nas urnas, Bolsonaro não reconheceu o resultado e, por meio do silêncio, acabou estimulando que golpistas bloqueassem estradas e acampassem em frente a quartéis do Exército em defesa de um golpe de Estado.
Essa mobilização levou a ações terroristas nas ruas de Brasília na noite de 12 de dezembro e um atentado a bomba chegou a ser evitado pela Polícia Civil do DF. O passo lógico seguinte seria o de promover em Brasília um episódio semelhante à invasão do Capitólio nos Estados Unidos. Esse passo foi dado neste domingo.
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O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), novo ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula, ressaltou, no entanto, que a maioria do povo brasileiro quer paz e democracia e não apoia o terrorismo, que vem de uma minoria que deverá se ver com a lei.
“Temos certeza q a maioria do povo brasileiro quer nesse momento união e paz para q/ o Brasil siga em frente. Essa manifestacao é de uma minoria golpista q/ ñ aceita o resultado da eleição e que prega a violencia. Uma minoria violenta, que vai ser tratada com o rigor da lei”
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) January 8, 2023
Representação da bancada do PT na câmara ao STF:
a) A Apreensão de todos os ônibus (mais de 100) e outros veículos que chegaram ao DF nos últimos dias, trazendo os terroristas que ora barbarizam as Instituições democráticas;
— Zeca Dirceu (@zeca_dirceu) January 8, 2023
Reação internacional em defesa do Brasil
A farsa bolsonarista e de seus apoiadores terroristas está mais do que evidente não só para as autoridades brasileiras comprometidas com a democracia como também para os líderes mundiais que se opõem ao autoritarismo da extrema-direita em todo o mundo.
Segundo o jornalista Jamil Chade, do portal UOL, entidades internacionais e governos estrangeiros, como os do Chile, do Equador e da Colômbia, rapidamente saíram em defesa da democracia brasileira.
O embaixador da União Europeia, Ignacio Ybánez, afirmou que o bloco mantém “todo o apoio às instituições brasileiras” e indicou que acompanhava com “grande preocupação os atos antidemocráticos” no Brasil.
Já Gustavo Petro, presidente da Colômbia, disse que “o fascismo decidiu dar um golpe” e pediu uma reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Da Redação