‘Violência reativa’ atinge mulheres na política, diz pesquisadora

Segundo Flávia Brioli, reação à maior presença feminina em espaços de poder se manifesta de forma física, sexual, psicológica, simbólica e econômica

Foto: Graça Paes

Manifestação pelo fim da violência contra as mulheres

A presença de mulheres na política é um indispensável instrumento para o fortalecimento da democracia e da igualdade de gênero, mas ocupar a esses espaços não significa estar imune a formas sistêmicas de violência. 

Segundo a pesquisadora Flávia Brioli, cientista política e professora da Universidade de Brasília (UnB), nas instâncias políticas as mulheres estão expostas a um tipo diferente de violência, “que se volta contra elas na medida em que estão mais presentes e ativas na cena pública.” A chamada violência reativa.

“Essa violência consiste em uma reação à ampliação da participação de mulheres na política, ao peso que adquirem na construção de políticas, do Estado e da democracia”, pontuou a pesquisadora durante debate na Câmara dos Deputados, na terça-feira (7).

Esse tipo de ataque se manifesta em cinco formas: física, sexual, psicológica, simbólica e econômica, conforme elencou a cientista política. O silenciamento de mulheres e a deslegitimação de seus discursos – tão comuns no Congresso Nacional – também estão inseridas nesse bojo de violações, como destaca a senadora Regina Sousa (PT-PI).

“Essa violência se manifesta no desrespeito às falas das mulheres, seja ignorando a mulher na tribuna, seja interrompendo a sua fala. E também, antes mesmo de ocupar um cargo eletivo, quando a mulher é considerada ‘cota’ e são colocadas na disputa pelos partidos ‘só pra constar’”, diz a senadora.

No último dia 11 de julho, durante discussão do projeto de lei denominado “Escola Sem Partido”, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) foi tratada de forma machista e misógino pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO). Durante a sessão na Câmara dos Deputados, a parlamentar foi interrompida em repetidas ocasiões e até mesmo impedida de falar.

A violência política têm consequências para as mulheres, uma delas é a culpa, assinalada por Kokay como um “instrumento de dominação e violência muitas vezes imperceptível.”

“As mulheres quando ocupam uma função culturalmente exercida por homem, é como se elas não pudessem errar. Se erram é porque estão no lugar errado, e se sentem culpadas por isso”, finaliza a parlamentar.

Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas

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