“Vocês me motivaram a criar”: II Festival Elas Por Elas renova as inspirações de mulheres
As tardes de quinta e sexta estão mais animadas com apresentações de música, dança e culinária feitas por mulheres de todo país, no perfil do Instagram @mulherespt
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Mulheres de dez estados brasileiros participaram da primeira parte do II Festival Elas Por Elas, realizado nos dias 16 e 17 de abril. Rio de Janeiro, Pará, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Tocantins, Acre, Piauí e Alagoas foram os estados representados nas transmissões do festival cultural online, organizado pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, no perfil do Instagram @mulherespt. A segunda parte do Festival será realizada nesta semana, nos dias 23 e 24 de abril, com mais mulheres do país inteiro.
Com participação de internautas do país todo, a primeira parte do II Festival Elas Por Elas foi recheada de atrações exclusiva com direito a receita de “Pão de Queijo com Linguiça”, direto do interior de Minas Gerais, e “Nhoque de arroz”, direto da Bahia. Pudemos entrar um pouquinho na casa de mulheres de luta de diversas regiões do país, que estão em quarentena, sem perder o espírito de solidariedade e militância feminista.
A abertura na quinta-feira, 16, foi marcada pela voz maravilhosa de Linda Boaba, do Rio de Janeiro, que levantou o astral da quinta-feira e não parou mais. Thaysa Cristina, do Pará, realizou uma apresentação de dança street e trouxe até o som e o gingado do Pará para dentro de nossas casas. Thaysa é mãe de três bebês e emocionou a equipe com seu depoimento:
“Vocês fazerem um evento neste período de isolamento foi muito bom, porque ficar em casa já estava me fazendo muito mal. Vocês me motivaram a criar e até a voltar a treinar, coisa que eu não estava tendo tempo de fazer, porque três bebêzinhos em casa. Eu estou muito feliz. Muito obrigada”, declarou Thaysa.
O objetivo do II Festival Elas Por Elas é justamente usar a cultura como ferramenta para minimizar os impactos da quarentena na saúde mental das pessoas, principalmente das mulheres. Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT, reforça que valorizar a cultura regional e incentivar esse espírito de solidariedade ajuda a enfrentar o período tão difícil da pandemia. “Mulheres que são mães com crianças dentro de casa, com famílias, cuidados, afazeres domésticos, estão mais suscetíveis aos impactos da pandemia na saúde mental”, reforça. E o primeiro dia do II Festival Elas Por Elas não parou por aí.
Em seguida da Thaysa, Rosângela Simões aqueceu corações e estômagos com uma receita deliciosa de pão de queijo com linguiça, em sua cozinha aconchegante no interior de Minas. Susi Monserrat, do Paraná, uma verdadeira poetisa e musicista feminista fortaleceu nossas esperanças na luta contra o patriarcado.
Na sexta-feira, começamos aprendendo habilidades de artesanato com Thaysa Brandão, de Alagoas, que usou cabaça e muita criatividade para ensinar a fazer brincos, colares e, quem sabe, até descolar uma renda extra nessa quarentena. Já Monique Pacheco, de Minas Gerais, nos brindou com a declamação de poesias que emocionaram as internautas e ainda divulgou seu livro “Meu cabelo não é pro seu governo”, voltado para crianças negras.
Do sudeste, o festival atravessou o mapa até Piauí, na região nordeste, para ouvir a voz de Christianne Melo, que trouxe música pop, pagode e, claro, o som piauiense para dentro de casa. Ali pertinho, descemos um pouco para o interior de Tocantins, onde a jovem Ana Júlia Araújo, de 18 anos, apresentou um poema inspirador para as mulheres.
E como já era hora de bater aquela fome, Isabella de Melo, da Bahia, surgiu na nossa timeline para trazer uma receita deliciosa, rápida, prática e econômica de nhoque de arroz. E ela não veio sozinha, ainda teve bebezinha vestida a caráter, uma amiga mãe amamentando e aquele aconchego gostoso que só uma live do cotidiano da família brasileira pode trazer.
Enquanto em São Paulo, a noite já tomava conta da cidade, a índia Iãkupa, do Acre, trazia toda a luminosidade da tarde quente e gostosa do Acre para nossos corações. Ela cantou músicas de luta das mulheres contra a violência, o patriarcado e a destruição das florestas.
O II Festival Elas Por Elas continua nesta semana, na quinta-feira (23) e sexta-feira (24) com atrações imperdíveis de mulheres guerreiras de todo país. Não perca a chance de se emocionar com essas mulheres e de poder entrar um pouquinho na casa de brasileiras de todo canto desse país.
Fiquem ligadas no perfil @mulherespt do Instagram e, enquanto isso, recomendamos essa leitura do poema da Monique Pacheco.
Vivam as republicanas.
Vivam as republicanas.
Marias Terezas e Anas
peladas, suadas, descabeladas.
Ministras de suas vidas.
Vereadoras de suas casas.
Vivam as republicanas.
Manoelas, Virginias e Suzanas.
Operárias, enfermeiras e prostitutas.
Senadoras de seu corpo
Presidentas de suas vontades.
Daianas e Polianas.
todas as Daianas, todas as Polianas.
Vivam as Republicanas.
Alines, Jéssicas e Fabianas.
Vivam as Marielles e todas as Marianas.
As anarquistas, as socialistas, as comunistas e as circenses.
Não nos esqueçamos das circenses.
E todas as floristas, todas as floristas.
Trotiskistas, morenistas, vanguardistas e românticas.
Salvem todas as românticas, todas as românticas.
Vivam as republicanas.
Reginas, Letícias e Elizângelas.
Salvem todas as Antônias, e todas as Sebastianas.
palhaças e pompoaristas.
Professoras, cozinheiras e artistas.
Vivam todas as motoristas,
todas as subversivas.
Vivam as Moaras e todas as Marílias
Deputadas de seus sonhos,
e prefeitas de suas verdades.
Vivam as republicanas.
as lésbicas, as trans e as vegetarianas.
faxineiras, forasteiras, mães e baderneiras.
Todas as bruxas, sim, sim, todas as bruxas.
Pretas, poetas e presidiárias.
por favor, salvem todas as presidiárias.
Salvem todas as mulheres
das tribos, dos mangues, da rua.
Vivam as Republicanas
as que tremem, as que gemem, as que gozam.
Elenices, Vanessas e Valquírias , Neimaras e Clarisses
Vivam as Junéias e todas as Berenices.
Vivam as carolinas, lindas Carolinas.
Feministas, devassas e libertinas.
Vivam as republicanas, Adaletes, Miniques e Adriana
Desde a Marselheza,
decapitamos princesas,
e em breve enterraremos a última rainha triste.
Nunca mais cinderelas.
Nunca mais belas adormecidas.
Nunca mais o silencio e a resignação.
Nunca mais a simples contenta.
Com os sonhos que sonharam para nós.
Nunca mais sonhar com príncipes.
Nunca mais calar a voz.