Lula: no dia 16 de março de 2016, Moro produziu uma farsa para dar um golpe
Reportagem da Folha mostra que o ex-juiz e os procuradores da Lava Jato no Paraná cometeram crime de vazamento seletivo e ilegal de conversas de Lula e Dilma
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O ex-presidente Lula se manifestou sobre as revelações deste domingo da Vaza Jato, que demonstram que a Lava Jato omitiu áudios que comprovam que sua intenção era dar governabilidade à ex-presidente Dilma Rousseff – e não obstruir a Justiça. Como a divulgação foi feita de forma parcial e seletiva, justamente para manipular a opinião pública, o Supremo Tribunal Federal impediu a posse de Lula como chefe da Casa Civil e abriu as portas para o golpe de 2016 contra Dilma. Confira as manifestações de Lula e Fernando Haddad sobre o caso:
No dia 16 de março de 2016, o juiz Sérgio Moro não só cometeu um crime. Produziu uma farsa, enganando todo o Brasil, para dar um golpe no país. #LulaLivre #EquipeLulahttps://t.co/LIC7tfMiO0
— Lula (@LulaOficial) September 8, 2019
Sou testemunha do quanto Lula relutou, por meses, em aceitar convite de Dilma para integrar seu governo, até que ele cedeu aos apelos. Hoje ficamos sabendo que Moro ou a PF conheciam os fatos, mas cometeram o crime de vazamento seletivo e ilegal para fortalecer o impeachment.
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) September 8, 2019
Os diálogos mantidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2016, quando ele poderia ter sido ministro da Casa Civil, demonstram que sua intenção jamais foi se blindar da Lava Jato – tese usada por Sergio Moro para vazar o grampo ilegal com a então presidente Dilma Rousseff para a Globo. Lula pretendia apenas garantir a governabilidade de Dilma – o que seria absolutamente lícito e normal. No entanto, tais diálogos foram omitidos, justamente porque contrariavam a tese usada por Moro para manipular a opinião pública. Com a divulgação apenas parcial dos áudios, a Lava Jato contribuiu para impedir a posse de Lula como ministro, derrubar a presidente Dilma por meio de um impeachment fraudulento e permitir a ascensão do neofascismo representado por Jair Bolsonaro. É este o novo capítulo da Vaza Jato.
“Conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gravadas pela Polícia Federal em 2016 e mantidas em sigilo desde então enfraquecem a tese usada pelo hoje ministro Sergio Moro para justificar a decisão mais controversa que ele tomou como juiz à frente da Lava Jato”, aponta a nova reportagem da Folha em parceria com o Intercept. “Outras ligações interceptadas pela polícia naquele dia, mantidas em sigilo pelos investigadores, punham em xeque a hipótese adotada na época por Moro, que deixou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL).”
“Os diálogos, que incluem conversas de Lula com políticos, sindicalistas e o então vice-presidente Michel Temer (MDB), revelam que o petista disse a diferentes interlocutores naquele dia que relutou em aceitar o convite de Dilma para ser ministro e só o aceitou após sofrer pressões de aliados. O ex-presidente só mencionou as investigações em curso uma vez, para orientar um dos seus advogados a dizer aos jornalistas que o procurassem que o único efeito da nomeação seria mudar seu caso de jurisdição, graças à garantia de foro especial para ministros no Supremo”, aponta ainda a reportagem.
O grampo ilegal de Moro foi divulgado pela Globo no dia 16 de março de 2016. Com base nas conversas divulgadas pelo ex-juiz, o ministro Gilmar Mendes, do STF, anulou a posse de Lula dois dias depois, em 18 de março. Com o aprofundamento da crise política, a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment em abril e afastou Dilma do cargo, lembra a reportagem.
Por Brasil 247