Bacelar, da Federação Única dos Petroleiros, defende transição energética justa, inclusiva e participativa

“A transição energética justa e inclusiva precisa ser feita a partir dessa gigantesca empresa brasileira que é a Petrobras”, disse o coordenador da FUP, em entrevista ao Café PT, da TvPT

Reprodução/TvPT

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, durante entrevista ao Café PT

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, defendeu a exploração das riquezas da Margem Equatorial e ressaltou, em entrevista nesta segunda-feira (9) ao programa Café PT, da TvPT, que o Brasil precisa fazer uma transição energética justa e inclusiva a partir de diálogo com os trabalhadores e com a sociedade. Ele também fez uma defesa veemente da Petrobras.

“Transição energética justa e inclusiva precisa de geração de empregos de qualidade, com remunerações dignas; precisa de precisa de diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras e também de políticas públicas para as comunidades que serão impactadas; precisa de projetos socioambientais que tragam compensações. A transição energética justa e inclusiva precisa ser feita a partir dessa gigantesca empresa brasileira que é a Petrobras. O Brasil pode sim dar a sua cota de contribuição para a preservação do planeta Terra”, destacou Bacelar, ao apontar que o Brasil, diferentemente de todos os países do G20, tem uma matriz energética muito mais renovável, em torno de 85%.

Petrobras tem muito a contribuir

A Petrobras tem muito a contribuir com a transição energética, segundo Bacelar. Para isso, a FUP tem feito o debate junto à sociedade, no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável, o Conselhão, e no Conselho de Participação Social. Presente ao lançamento da Política Nacional de Transição Energética em agosto, Bacelar observou que a proposta tem o objetivo de promover uma transição dos combustíveis fósseis para outras fontes de energia mais renováveis.

“Estamos falando então de uma maior diversificação da matriz energética brasileira que já é mais limpa, que já é mais renovável do que todos os países do G20 e do que maioria dos países do planeta Terra”, exaltou, ao falar dos investimentos, somente em 2024, de quase R$ 10 bilhões pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na fase de exploração dos contratos de petróleo e gás natural. Até 2027 o governo destinará um total de R$ 18,31 bilhões em investimentos.

“O que nós temos discutido junto ao governo federal nesses espaços é para que as características específicas do Brasil sejam levadas em consideração. Temos a necessidade de garantir a soberania energética brasileira, precisamos ampliar a nossa capacidade de produção de petróleo porque a partir de 2030 teremos uma queda na produção de petróleo do pré-sal brasileiro, e precisamos ampliar as nossas reservas, principalmente a partir da Margem Equatorial”, assinalou.

Reestatização de ativos estratégicos

Um dos grandes pleitos da FUP ao governo federal, segundo Bacelar, é a reestatização dos ativos estratégicos que foram privatizados “no governo do inominável e inelegível”, como a refinaria do polo de Mataripe já em processo de negociação entre o Brasil e os Emirados Árabes para a recompra pela Petrobras.

“O povo brasileiro quer sim a reestatização dessas refinarias, para que tenha acesso a esses derivados de petróleo a um preço mais justo assim como a Petrobras já pratica esses preços em todo o Brasil. Temos expectativa grande de que a reestatização ocorra o mais breve possível para o bem dos trabalhadores e trabalhadoras, para o bem da própria Petrobras e para o bem do povo brasileiro”, assinalou.

Refinarias na bacia das almas

Bacelar detalhou os efeitos nefastos das privatizações das quatro refinarias no governo anterior, em São Mateus do Sul (PR), no Rio Grande do Norte, a Refinaria Landulfo Alves (BA) e uma Manaus (AM).

“Infelizmente tudo aquilo que falamos, quando combatemos as privatizações dentro do sistema Petrobras, aconteceu. Houve um monopólio regional constituído em cada uma dessas áreas, tivemos desabastecimento de combustíveis em alguns locais inclusive na nossa querida Bahia, e tivemos o aumento dos preços dos combustíveis nesses locais. Hoje por exemplo no Amazonas no norte do país nós temos os combustíveis mais caros do Brasil e temos uma refinaria que não refina. Usam a área da refinaria para importar derivados de petróleo para depois venderem esses derivados a preços altíssimos. O gás de cozinha custa R$ 160 reais no norte do Brasil”, apontou.

“Esses investidores vieram comprar os nossos ativos na bacia das almas, como diz o nosso grande companheiro petista José Sérgio Gabrielli. Compraram as nossas refinarias a um preço muito baixo. O único interesse que eles têm é de garantir a minimização dos seus custos principalmente em cima dos trabalhadores e trabalhadoras, trazendo insegurança para os processos e para a segurança das pessoas, do meio ambiente, das instalações e maximizar os seus lucros”, testemunhou, ao apontar que essas empresas não estão preocupadas com o desenvolvimento econômico, social e sustentável do país.

“Querem ter um lucro para ter o retorno do investimento que foi feito, apesar de terem feito investimento baixo, devido aos preços terem sido minorados nesses processos de venda que tivemos no governo anterior”, detalhou Bacelar.

Ação coordenada pela extrema direita

Os combustíveis fósseis contribuem para a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, o que traz mudanças climáticas que atingem o meio ambiente como um todo. Mas Bacelar aponta que o grande responsável pelo efeito estufa é o uso irresponsável da terra, pois em torno de 50% da matriz energética brasileira é limpa ou renovável, como também 85% da matriz elétrica.

“O que gera mais gases de efeito estufa é um mau uso da terra, as queimadas e desmatamentos. Temos visto isso de forma coordenada pela extrema direita ocorrendo no país, e também por conta da atividade da agroindústria, da agropecuária. No Brasil 75% dos gases de efeito estufa são oriundos do mau uso da terra, das queimadas, desmatamentos e da atividade da agroindústria e da agropecuária”, apontou.

Política Nacional de Transição Energética

Bacelar destacou a importância da Política Nacional de Transição Energética que visa dar incentivos fiscais para quem desenvolve novas fontes de energia e faz capacitação profissional. “Ela é justa, traz um incentivo à pesquisa e inovação tecnológica para estas fontes de energia e uma regulamentação que dê segurança jurídica também para as empresas que queiram investir em energias renováveis”, observou, ao falar que a FUP e a CUT apresentaram propostas para o Plano Clima Participativo cuja votação termina nesta terça-feira (10) no Brasilparticipativo.presidência.gov.br

“O presidente Lula deu a possibilidade para os brasileiros contribuírem com o Plano Clima, as pessoas elas podem acessar a plataforma do Brasil Participativo e ajudar votando em várias propostas”, disse, ao detalhar que a primeira proposta que a FUP apresentou junto com a CUT é sobre a transição energética centrada no trabalho, observando as diferenças regionais, a necessidade de qualificação profissional, de geração de emprego e renda dignos.

Fundo soberano

“A segunda proposta é de um fundo soberano para a transição energética, financiado a partir da atividade industrial brasileira, principalmente a partir da atividade da indústria petrolífera”, informou, citando fundos subnacionais que já existem como, por exemplo, da cidade de Maricá (RJ), governada pelo PT.

“O Quaquá mais uma vez concorre à prefeitura dessa cidade que se transformou a partir de um fundo subnacional que utiliza os royalties do petróleo, então estamos propondo que haja um fundo soberano para transição energética de forma dialogada com os trabalhadores e trabalhadoras, com as comunidades quilombolas, com os povos originários, com as comunidades ribeirinhas do norte do país que precisam também receber essas riquezas, lá onde temos o pior índice de desenvolvimento humano do país”, sublinhou.

Volta das Fafens, segurança alimentar e soberania

Sobre a retomada das fábricas de fertilizantes nitrogenados (Fafens) pelo governo Lula, Bacelar disparou contra o ex-presidente.

“O presidente anterior inominável, o inelegível, ladrão de joias, ele veio para roubar, matar e destruir. Ele tentou destruir a nossa querida Petrobras, tentou privatizá-la, infelizmente conseguiu privatizar uma série de empresas, inclusive subsidiárias da Petrobras, a nossa querida Eletrobras e só não conseguiu privatizar a Petrobras porque realizamos uma greve histórica em 2020, a segunda maior greve da história da categoria petroleira”, lembrou, ao lamentar o fechamento da Fafen-PR em 2020 e retomada por Lula com a readmissão de seus 1.200 trabalhadores.

Leia mais: Lula reativa fábrica de fertilizantes no PR: “A Petrobras é do povo brasileiro”

Bacelar analisou o absurdo cometido por Bolsonaro diante de um país que tem a agroindústria como um dos principais pilares da economia e que acabou tendo que importar mais de 85% de fertilizantes para atender a nossa demanda interna, o que poderia trazer insegurança alimentar até falta de alimento para a população brasileira em caso de problemas na importação.

“Esse ex-presidente da República fez isso, fechou a Fafen Paraná, fechou a Fafen Bahia e Sergipe e depois arrendou essas duas fábricas que continuam fechadas até hoje, não terminou a obra de Mato Grosso do Sul mas felizmente o presidente Lula voltou e a Petrobras também voltou a investir no Brasil”, comemorou, ao falar da volta dos investimentos da Petrobras na Fafen Paraná que será reaberta até o final do primeiro semestre de 2025.

“A Fafen Paraná é importantíssima”, salientou Bacelar, ao falar dos projetos de reabertura das fábricas de fertilizantes da Bahia e Sergipe e a conclusão das obras que foram paralisadas pela operação Lava Jato em 2014 na grande obra da Fafen do Mato Grosso do Sul em Três Lagoas.

Da Redação

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