Aliado ao inimigo, Bolsonaro ataca uso de máscara contra o vírus

Segundo a Fiocruz, 17 capitais do país estão com as UTIs lotadas, enquanto a crise avançou para as médias e pequenas cidades do interior. Frente a isso, em live, Bolsonaro atacou o uso de máscara, um dos principais equipamentos de proteção contra a contaminação

André Salermo Barba

Bolsonaro

“Já estamos vendo o problema se agravar no país todo. No Rio Grande do Sul, na Bahia, no Ceará. Nunca tivemos uma situação igual”, afirmou o governador da Bahia, Rui Costa, nesta quinta-feira, apontando para a dimensão da crise sanitária no país.

Pior desempenho mundial no combate à pandemia, o Brasil registrou ontem 1582 mortes diárias, o maior número desde o primeiro dia da pandemia, exatamente um ano atrás.  Segundo a Fiocruz, 17 capitais do país estão com as UTIs lotadas, enquanto a crise avançou para as médias e pequenas cidades do interior.

As capitais com os piores indicadores são Porto Velho (RO), com lotação de 100%, Rio Branco (AC), com 88,7%, Manaus (AM) com 94,6%, Boa Vista (RR), com 82,2%, Palmas (TO), com 80,2%, São Luís (MA), com 88,1%, Teresina (PI), com 93%, Fortaleza (CE), com 94,4%, Natal (RN), com 89,0%, Recife (PE), com 80,0%, Salvador (BA), com 82,5%, Rio de Janeiro (RJ), com 85,0%, Curitiba (PR), com 90,0%, Florianópolis (SC), com 96,2%, Porto Alegre (RS), com 84,0%, Campo Grande (MS), com 85,5%, e Goiânia (GO), com 94,4%.

“Agora, tudo está explodindo ao mesmo tempo. Isso significa que não tem medicação, não tem como intubar, não vai dar para transferir de uma cidade para outra, não vai ter como transferir para lugar nenhum”, adverte o cientista Miguel Nicolelis, em entrevista ao jornal O Globo.

“Eu estou vendo a grande chance de um colapso nacional. Se eliminar o genocídio indígena e a escravidão, é a maior tragédia do Brasil. A ausência de comando do governo federal é danosa. Isso é uma guerra. Em outros países essa é a mensagem que foi dada, veja a China”, denuncia Nicolelis.

Para o cientista, “diferentemente da primeira onda, quando foi cada estado num tempo, surgiram efeitos sincronizadores como eleição, festas de fim de ano, carnaval”, o que explica a atual situação, além da ausência de um plano eficiente de vacinação e do surgimento de novas cepas do vírus.

Enquanto o Brasil contabilizava 250 mil mortos na guerra contra o coronavírus, Bolsonaro questionou, em sua live semanal, o uso de máscaras, uma das principais armas para evitar a contaminação pelo “inimigo”.

Por conta da irresponsabilidade do “chefe da Nação”, o governador do Ceará decidiu não comparecer a evento oficial do governo federal no estado, nesta sexta-feira. “Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco”, disse o governador. Nesta semana, o presidente da República também “aglomerou” no Acre e em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Em descontrole, a explosão prevista para os próximos dias precisa ser enfrentada, o que tem sido feito em Araraquara, que decretou lockdown na cidade. Outras cidades e estados também devem avançar para a adoção de medidas mais drásticas para evitar o caos generalizado no país.

“O lockdown é a medida mais viável para combatermos essa situação que vivemos’, defende o deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP). Segundo ele, “a Inglaterra diminuiu sua taxa de transmissão após um rigoroso lockdown. O Brasil precisa de medidas similares para proteção de sua população para não termos que enterrar mais pessoas mortas pela Covid-19”.

Da Redação.

 

 

 

 

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