Anne Moura: “Só nós na linha de frente poderemos defender aquilo que a gente acredita”

Em entrevista ao Jornal do PT, a secretária nacional de mulheres convida a militância para os atos do 8M, e revela novidades para o Elas por Elas deste ano

Reprodução / TvPT

"Neste 8 de março, vamos às ruas em uma grande mobilização em que se reúne os movimentos de mulheres e feministas do país", defendeu Anne Moura

Em entrevista ao Jornal PT Brasil nesta quarta-feira (6) a secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, falou sobre os atos nos estados para o dia 8 de março, que marca o Dia Internacional da Mulher.

“Esse ano o nosso tema é ‘Mulheres em defesa da democracia: sem golpe, sem anistia e sem misoginia’ tudo o que a gente está enfrentando. Nós vamos às ruas em uma grande mobilização em que se reúne os movimentos de mulheres e feministas do país. Estamos com mobilização em todos os estados, e temos um mapa organizado pelas secretárias estaduais, que começaram a se reunir desde dezembro para preparar o 8 de março”, afirmou a secretária. 

Assista a entrevista na íntegra:

“Quero convidar todas as companheiras para olhar nossas redes sociais e conferir onde será o ato no seu estado, pegar o seu cartaz e ir! Porque só nós na linha de frente é que poderemos defender aquilo que a gente acredita”, assegurou Moura. 

Para saber os locais dos atos em cada estado, clique aqui.

De olho nos preparativos para as eleições 

Ela também destacou os preparativos para o início do projeto do Elas por Elas – IV edição, que este ano estima atender em torno de 20 mil mulheres, que considera “o legado das mulheres do PT”.

A secretária destacou a importância da iniciativa como ferramenta decisiva na ampliação da presença das mulheres na política. “O projeto acontece desde 2018, e com ele ampliamos a nossa presença na política. A SNMPT, junto ao Coletivo Nacional, tomou a decisão de que a gente poderia preparar as mulheres para a disputa eleitoral um ano antes do processo, sabendo que a nossa realidade é diferenciada: maternidade, trabalho de cuidado, enfim, é uma outra lógica para as mulheres poderem se organizar para a disputa eleitoral”, destacou.

“E o Elas por Elas tem alguns princípios que são a formação, a comunicação, o preparo das candidatas com as advogadas com o que pode e o que não pode”, completou Moura. 

Ouça o Boletim da Rádio PT:

De acordo com a secretária, “pela primeira vez na história a gente está olhando o mapa do Brasil inteiro, e esse mapa está nos dizendo que a gente não terá dificuldade em montar as chapas. Porque, historicamente, e todo mundo sabe disso, ainda que a gente tenha 30% da obrigatoriedade do Fundo Eleitoral, existia uma dificuldade muito grande de compor esses 30%”.

“Nós conseguíamos eleger mulheres na capital, nos grandes centros, e depois tinha uma certa dificuldade. E graças ao fruto do trabalho do Elas por Elas a gente terá muitas mulheres para disputar as eleições agora em 2024”, garantiu. 

Questionada como está o preparo dessas candidaturas para o pleito de 2024, e quais os maiores desafios e oportunidades para aumentar as bancadas femininas nas câmaras municipais e nas prefeituras, a entrevista fez uma retrospectiva sobre a trajetória do projeto, revelou algumas novidades para a IV edição.

“O projeto Elas por Elas não é um projeto quadrado, ele vem amadurecendo. Em cada edição a gente adiciona alguma coisa nova para que possamos melhorar e ampliar a presença das mulheres na disputa eleitoral. Em 2018, a gente pensava de uma forma, em 2020 executamos de uma outra maneira, em 2022, com o aumento da bancada federal, deu muito certo nessa estratégia de potencializar as mulheres, e agora a gente vem com um novo formato”, explicou. 

Sobre a preparação para este ano, a secretária informou que as candidatas contarão com a tradicional formação, que envolve a parte da comunicação, e também o planejamento. Em 2024, com o objetivo de ampliar e aperfeiçoar as mulheres com novas técnicas, o projeto não será destinado somente para as candidatas, mas, também, para as mulheres que integram as equipes. 

“Outra novidade é que vamos trabalhar a questão da imagem, que é muito importante, porque a imagem também é política. Infelizmente, quando homens vão disputar conosco, sempre colocam as mulheres nesse lugar de dúvida: de como ela se apresenta, e para a política a gente precisa ter uma estratégia para isso. Outra novidade é a questão da saúde mental”, pontuou Anne Moura.

“Nós viemos do processo da pandemia, que não foi fácil para ninguém, mas fazer uma disputa eleitoral com tanta violência política de gênero, faz com que precisemos cuidar da saúde mental das nossas candidatas que vão para eleição”, revelou. Na avaliação de Moura, a prioridade máxima é reeleger quem já tem mandato: “Queremos eleger mais, mas também reeleger quem já tem mandato.”

Esta será a primeira eleição que vai ocorrer sob a vigência da lei 14.192, que criminaliza a violência política de gênero. Segundo ela, o apoio à mulher não pode se dar somente antes e durante a eleição, mas também deve ocorrer quando a candidata consegue o mandato. 

“Às vezes é uma mulher enfrentando sozinha toda uma câmara, sendo a única de oposição, e a forma que esses homens têm de disputar conosco é falando que nós não temos capacidade, ou experiência, que não sabemos nos comportar naquele parlamento, e tentam sempre tirar o mandato, e a gente precisa se ajudar porque temos realidades muito grandes. Nós não conseguimos ainda ter a igualdade que a gente gostaria de ter nessa representação política”, observou.

“Portanto, em uma ampla maioria de câmaras municipais, às vezes a gente tem uma única mulher, e essa única mulher está sozinha para lutar e convencer sobre a importância de pautas como a dignidade menstrual, a creche, a fila nas UBS’s”, alertou.

Ela destacou também que as mulheres detém amplo conhecimento sobre as problemáticas que envolvem as comunidades: “Estamos falando de disputa no território, então elas sabem o que acontece e não tem como a gente, que faz política, e eu me coloco nesse lugar, não olhar o lugar que vivemos a partir das lutas que enfrentamos”.

“São as mulheres que vão para a fila da saúde, fila da creche, que sabem da questão da violência. Vivemos um ciclo de sobrevivência constante, então  essas mulheres precisam convencer a maioria da câmara municipal de que essas pautas são importantes.”

Ao final, ela concluiu alertando que não basta eleger mulheres, mas que “é preciso eleger mulheres que tenham compromissos com as nossas pautas, com as nossas lutas, com a história de tantas outras que entregaram a sua vida para que a gente tivesse hoje a democracia com a presença de mais mulheres na política.”

Da Redação Elas por Elas 

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